Zenit já havia comprado o jogador. 15 milhões de euros, R$ 92 milhões. Para a Rússia
Lucas FigueiredoSão Paulo, Brasil
Claudinho já sofreu muito.
Jogador talentoso, tático, inteligente, não é artilheiro.
Esse é o seu pecado.
Dribla, tabela, lança, infiltra.
Mas prefere o passe final, a assistência.
É desvalorizado desde o início da carreira, no Santos, de onde saiu, ainda garoto.
Foi 'de graça' para o Corinthians, com 18 anos.
No ano seguinte foi emprestado ao Bragantino. Depois para o Santo André.
Acabou negociado em definitivo para a Ponte Preta. De uma maneira inacreditável, hoje em dia. Ele foi como contrapeso, na ida de Clayson para o Parque São Jorge.
"A mágoa ficou. Acabei não tendo muitas oportunidades no Corinthians. Joguei cinco minutos contra o Linense e, a partir daí, não tive mais oportunidade, e acabou tendo empréstimo", lembrou ao Sportv.
"Quem nasce com talento, o talento não some em nenhuma hora. Eu acho que o jogador precisa da confiança de todo mundo, da comissão, da diretoria, para apostar em você quando está subindo da base. Acho que faltou um pouco mais disso, de acabar acreditando um pouco mais..."
Foi emprestado para o Red Bull Brasil. Depois para o Oeste. Retornou ao Red Bull Bragantino em 2019. Ele se sentiu solto, preparado para mostrar seu talento.
Zenit anuncia a contratação de Claudinho. Logo após a conquista da medalha de ouro
ZenitE, principalmente, começou a fazer muito mais gols, finalmente cumprindo o que era cobrado desde menino.
E desde então se firmou como um dos meias de criação mais modernos, importantes do futebol brasileiro.
Grêmio, São Paulo e Fluminense sondaram o jogador. Mas o Red Bull Bragantino fazia questão de dizer que desejava 15 milhões de euros, R$ 92 milhões. E os clubes, com grande problemas finaceiros, desistiram.
Claudinho no Santos
SantosRed Bull Salzburg e RB Leipzig, clubes da Red Bull, se interessaram por ele. Assim como o Al-Ittihad, da Arábia Saudita.
Mas o Zenit, da Rússia, chegou aos 15 milhões de euros. E o contratou por R$ 92 milhões. O anúncio foi feito logo após a conquista da medalha de ouro, hoje, em Yokohama.
O jogador, no entanto, tem outra recompensa. E que vai além.
Ele finalmente ganhou espaço que merecia.
André Jardine tratou de corrigir enorme injustiça de Tite, que, apesar de muito cobrado pela imprensa, insistia em desprezar o meia.
"O Claudinho não é tão novo, já tinha vindo em outras convocações (para a seleção olímpica), mas acho legal falar dele. O acompanhei muito na Série B, mas ficava uma ponta de dúvida se o nível do campeonato era mais baixo ou se ele teria nível que a gente imaginava."
"E o Bragantino sobe para a Série A e ele se confirma como grande protagonista. O Brasileiro do ano passado que ele fez o coloca como realidade nossa, um jogador titular da equipe em todos jogos, pelo nível que apresentou, e também acredito que no radar da seleção principal, porque tem nível para isso. Tem que deixar de ser sonho."
"Primeiro trabalhar para ser campeão olímpico e depois para ir à Copa."
Sim, Claudinho tem potencial para estar no grupo que vai ao Qatar.
Mas Tite precisa ter coragem, arriscar.
Tentar escapar da dependência de Philippe Coutinho ou do improviso de Roberto Firmino.
Claudinho também não foi aproveitado pelo Corinthians. Grande desperdício
CorinthiansE escalá-lo na sua posição, não improvisá-lo na ponta direita, como costuma fazer com atletas que não são suas primeiras opções. Como fez com Bruno Henrique e Gabigol, por exemplo.
"Há dois anos e meio, eu não estava com essa ascensão, estava meio esquecido e minha mãe me pegou chorando, meio desanimado. Aí ela disse que acreditava demais no Deus que ela segue, que eu poderia chegar na Seleção e que era um sonho dela me ver aqui. Fico muito feliz e honrado de realizar não só o meu sonho, mas o da minha família também", disse, empolgado Claudinho.
Sua história já mudou com a convocação e a chegada à decisão do ouro olímpico.
Que Tite tenha coragem de ousar...
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