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Cosme Rímoli - Blogs

'Chorei pelo fim do bullying das crianças são-paulinas'. Muricy

Campeão da Libertadores, pentacampeão brasileiro, Muricy chorou como nunca, pela conquista do Paulista de 2021

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Muricy Ramalho chorou muito com fim do jejum. "Meus filhos estavam desistindo do São Paulo"
Muricy Ramalho chorou muito com fim do jejum. "Meus filhos estavam desistindo do São Paulo"

São Paulo, Brasil

A cena foi comovente.

Bastou o árbitro Raphaeu Claus apitar o final do jogo, no Morumbi.

O campeão da Libertadores, o Palmeiras, derrotado, batido.


Depois de nove anos, o São Paulo voltava a ser campeão.

Sentado sozinho, na tribuna, Muricy Ramalho chorava muito.


Justo ele, conhecido pelo mau humor, rispidez, falta de paciência, não conseguiu controlar a emoção.

Era um misto de alegria, alívio, felicidade.


As lágrimas que escorriam no seu rosto eram o desabafo de quem sentia que o clube que ama reconquistava a autoestima. Esta geração de garotos de Cotia não se perderia, como outras, marcadas pela própria torcida como passiva, omissa, sem personalidade ou caráter.

Aos 65 anos, o homem que se acostumou com o São Paulo campeão do mundo, da Libertadores, que conquistou três vezes o Brasileiro para o Tricolor, não se conformava com os fracassos seguidos.

E com seus próprios filhos perdendo a paixão pelo São Paulo. 

Ele sabia o que faltava: conquistas.

Por isso ele chorou, emocionado com a volta do orgulho pelo tricolor.

"Toda hora encontrava são-paulino zangado e criança não querendo torcer mais, meus filhos desistindo do São Paulo. Não sou de fazer média, sou apegado à camisa. Eu me entrego. Esse começo foi duro demais, parte financeira é ruim."

"O que me pegou foi a torcida, pois andava por aí e era loucura. No fim, parecia que a gente estava disputando a Copa do Mundo, então me emocionei mesmo", confessou hoje ao Sportv.

Justo ele, que ganhou a Libertadores, cinco Brasileiros (um como jogador e quatro como técnico), Recopa Sul-Americana, Conmebol, se 'desmanchou' justo em um torneio estadual.

"Nunca chorei em nenhum título meu, até com o Pelé do meu lado, mas foi principalmente pensando nas crianças que torcem para o São Paulo, porque o time não ganhava de ninguém e elas sofriam até bullying na escola. Agora tiramos um peso, mas é só um começo e temos que trabalhar muito mais."

Imagem de Muricy é a representação do amor ao São Paulo
Imagem de Muricy é a representação do amor ao São Paulo

Muricy só não é treinador do São Paulo porque os médicos não deixam. Em maio de 2016, ele teve o mesmo problema preocupante de setembro de 2014. Fibrilação auricular. Ou seja, arritimia fortíssima no coração. Que poderia chegar a infarto do miocardio.

Os motivos, detectado pelos médicos, foram a tensão, o stress, a preocupação constante, a falta de sono, alimentação desregrada, viagens constantes que o acompanharam nos 23 anos que foi treinador.

Ele havia prometido à sua esposa Rosely que não teria a mesma vida que Telê Santana, seu mestre. Telê, segundo Muricy, se dedicou demais ao futebol, até perder a saúde. E não aproveitou a vida como poderia, principalmente, a família.

Daí ter aceitado a sugestão dos médicos e não mais trabalhou como treinador, deixando o Flamengo em 2016.

Foi trabalhar como comentarista e tratou de repetir inúmeras vezes o refrão: "Vou estar em inúmeros jogos e não perco mais nenhum".

Voltou a trabalhar com futebol, por insistência de Julio Casares, que prometia montar o 'dream team' do São Paulo. Rogério Ceni como treinador, Muricy Ramalho como coordenador, Milton Cruz como auxiliar. Zetti cuidando da formação dos goleiros.

Só não conseguiu contratar Ceni.

Mas Muricy foi fundamental na escolha de Hernán Crespo.

Muricy. Campeão brasileiro como jogador. Tricampeão como técnico. Paixão pelo São Paulo
Muricy. Campeão brasileiro como jogador. Tricampeão como técnico. Paixão pelo São Paulo

Depois convenceu os jogadores, como Daniel Alves, para terem paciência com pagamentos atrasados. E deu sua palavra que o São Paulo pagará a todos.

Trabalhou junto para a união do elenco. Jogadores veteranos como Miranda e Daniel Alves se integrando com jovens atletas da base. Conversando constantemente com Crespo sobre o time, estrutura tática.

Até que veio o desejado, sonhado título.

Acompanhado com muitas lágrimas represadas.

E o renascimento do orgulho em ser são-paulino...

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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