Ceni fez história no Fortaleza. Chega de consciência limpa no Cruzeiro
O Fortaleza deixou sair jogadores fundamentais ao clube. O que deixou Rogério de coração leve para aceitar ir para o Cruzeiro.
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Meu Querido Tricolor de Aço,
"Conheço você há muitos anos, desde que descobri o futebol. Mas em dezembro de 2017, fomos apresentados de fato. Eu achava que lhe conhecia, mas ao longo desses 640 dias que convivemos juntos, descobri que você é muito maior do que eu imaginava.
"Você se tornou minha paixão, fez bater forte o meu coração.
"Você me fez viver dentro do Castelão a atmosfera que só Gigantes podem proporcionar a alguém que ama o futebol como eu. 20 meses se passaram.
"Os títulos, as vitórias, os poucos dissabores que vivenciamos juntos foram fundamentais para me fazerem sentir mais vivo que nunca.
Aos torcedores do Fortaleza, vocês são o melhor que um clube pode esperar da sua torcida, vocês são a verdadeira essência dele."
Esses foram os principais trechos da despedida de Rogério Ceni do Fortaleza.
Escreveu no seu perfil no facebook, no final da noite deste domingo.
O treinador acertou sua ida para o Cruzeiro.
Ficará até dezembro de 2020.
Seu salário passou de R$ 250 mil para R$ 450 mil mensais.
Mais do que isso, Rogério Ceni volta a um dos maiores clubes do futebol brasileiro. Ele revolucionou o Fortaleza. Levou estrutura, mudou a mentalidade do clube nordestino.
Foi fiel enquanto foi correspondido.
Recusou conversas com o Santos.
Virou as costas ao Atlético Mineiro.
Mas não se conformou com o clube, que já tinha um elenco limitado, e estava programado a brigar pela sobrevivência na Série A, vender jogadores fundamentais durante o período da Copa América.
Ceni se sentiu livre para, se surgisse uma proposta interessante, ele sairia do Fortaleza.
E a proposta veio.
Com o Cruzeiro disposto a entregar um elenco de ótimo nível.
Fora pagar a multa rescisória de R$ 1 milhão para que ele deixasse imediatamente o clube cearense.
E assim foi feito.
A diretoria cruzeirense queria um nome forte, de impacto e, principalmente, de filosofia ofensiva para substituir Mano Menezes, demitido depois de três anos e um mês comandando o clube.
O nome dos sonhos, mas inviável, era Jorge Sampaoli, no Santos.
E, como foi citado no blog, logo após a demissão de Mano Menezes, na madrugada de quinta-feira, Rogério Ceni era outro treinador muito desejado.
O nome de Dorival Júnior foi vazado como cortina de fumaça.
O interesse era por Ceni.
Ainda mais depois que a diretoria cruzeirense soube que ele estava disposto a deixar o Fortaleza, depois da venda de atletas importantes. Sabia que a briga pela sobrevivência na Série A se tornou muito mais difícil.
E sai com a consciência tranquila.
Muito mais confiante do que quando iniciou a carreira de técnico no São Paulo.
Ele amadureceu.
Fez 20 meses de estágio em um clube menor.
Aprendeu com todas as dificuldades.
Tem mais convicção no que deseja em campo.
Melhorou seu trato com os jogadores.
Foi campeão brasileiro da Segunda Divisão.
Campeão cearense.
Campeão da Copa do Nordeste.
Aos 46 anos, tem o desafio de tirar o Cruzeiro da zona do rebaixamento.
Mas deseja muito mais.
Lutar para classificar o ótimo elenco para a Libertadores de 2020.
Esse será seu objetivo, que já repartiu com o executivo de futebol cruzeirense, Marcelo Djian, ex-rival em campo, atuando pelo Corinthians.
O clube nordestino tem adiantadas negociações com Zé Ricardo, ex-técnico do Flamengo e Botafogo. A diretoria quer seguir com o pefil jovem, ousado, de Ceni.
Já Ceni deverá começar seu trabalho no Cruzeiro o mais rápido possível. Tentará reverter a desvantagem na semifinal da Copa do Brasil para o Internacional, o time perdeu por 1 a 0, em Belo Horizonte.
A partida de volta está marcada para o dia 4 de setembro, em Porto Alegre.
Erra quem pensa que Ceni fez com o Fortaleza o mesmo que o São Paulo fez com ele, em 2017.
Ele não abandonou o Fortaleza.
Apenas se sentiu à vontade para sair, depois que o clube perdeu Marcinho, Júnior Santos e Dodô.
E chega empolgado.
De consciência limpa ao Cruzeiro...
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.