CBF pronta para enfrentar Neymar. Jorge Jesus é o preferido de Ednaldo Rodrigues. Dorival se sentiu traído com demissão sumária
Reunião com Dorival Júnior foi pesada. Ele acreditou que seguiria na Seleção, mesmo depois do 4 a 1 para a Argentina. Ednaldo já tem um alvo: Jorge Jesus, que estava muito interessado em assumir o Brasil, antes de ir para Arábia. Se Neymar não quiser? CBF não vai recuar
Cosme Rímoli|Do R7

Dorival Júnior acreditou que a imprensa estivesse errada.
Até o último instante sonhava que o presidente Ednaldo Rodrigues o seguraria.
E encararia o vexame, a derrota por 4 a 1 para a Argentina como um ‘acidente de percurso’.
Mas o dirigente ficou assustado com o que assistiu.
A cada gol no Monumental de Núñez, Ednaldo foi criando a convicção.
Os vários presidentes de Federações, que não queriam mais Dorival Júnior, como técnico da Seleção, estavam certos.
O dirigente não quis criar um tumulto, demitindo o técnico lá mesmo na Argentina.
Preferiu agir como é conhecido nos bastidores do futebol: com discrição.
E o demitiu oficialmente hoje.
O treinador se sentiu traído, porque acreditava que chegaria à Copa do Mundo.
Foi essa a promessa do presidente da CBF, ao tirá-lo do São Paulo, no dia 7 de janeiro de 2024.
Dorival tinha o controle absoluto do futebol no Morumbi.
As queixas foram muitas, a começar pelo fracasso na Copa América, quando o Brasil não chegou sequer à semifinal.
A falta de estrutura tática.
Incoerências nas convocações.
Dar espaço gigante e sem explicação para seu filho e auxiliar, Lucas Silvestre, que jamais comandou um time, e mesmo assim dava instruções aos jogadores da Seleção.
Erro que já incomodava quando Tite fazia o mesmo com seu filho, Matheus.

Dorival errou também quando, a todo instante, repetia que tinha o ‘seu’ 9.
Pedro, que se recupera da reconstrução dos ligamentos cruzados do joelho esquerdo.
Anunciar que a convocação para os confrontos contra a Colômbia e Argentina teve Neymar como ponto central.
E depois enfrentar a realidade, a contusão do jogador de 33 anos e 30 lesões.
Veio a derrota por 4 a 1 para a Argentina como pá de cal.
Ednaldo cansou de dar a prioridade para Neymar.
Não ganhou nada com isso.
Sabe do prejuízo que foi dar todos os privilégios para o jogador.
O acompanhou ter regalias táticas com Tite.
Com Fernando Diniz.
Assumindo o comando do ambiente da Seleção.
O resultado prático foi uma sequência de fracassos.
Daí, não ter receio de colocar em prática sua decisão de tentar o português Jorge Jesus.
Como ele confirmou hoje à tarde, na sede da CBF, não houve contato com nenhum treinador para substituir Dorival.
Nem Jesus.
Mas em conversas com dirigentes de Federações, o nome do experiente técnico sempre esteve presente.
Ednaldo é bem informado.
Ele sabe que Jorge Jesus dispensou Neymar do Al-Hilal.
Por falta de condições físicas para render como seu time precisava.
Não pelo alto custo para o clube.
Jesus sabia que, com o salário de Neymar, era possível buscar Salah, do Liverpool.
E foi o que quis fazer.
Ter argumentos para uma outra grande contratação.
Mesmo sendo o clube riquíssimo.
Evidente que Neymar não queria ser dispensado.
Ele e seu pai, e empresário, não deixaram a Arábia com boa relação com Jorge Jesus.
Longe disso.
E ambos nem sonhavam que ele seria prioridade na CBF.
Homem que Ednaldo quer comandando o Brasil na Copa do Mundo dos Estados Unidos.
Neymar não tem poder de veto para o desejo de Ednaldo.
Jorge Jesus só não será o treinador do Brasil se não quiser.

O coordenador da Seleção, Rodrigo Caetano, que esteve para ser demitido com Dorival, sabe desse desejo do presidente da CBF.
Ele terá a missão de entrar em contato com Jorge Jesus.
E saber se deseja renovar com o Al-Hilal.
Seu contrato termina logo após o Super Mundial de Clubes, em julho.
A próxima data-Fifa trará jogos para a Seleção em junho.
Equador, em Quito, no dia 5.
E, Paraguai, dia 10, no Brasil.
Para quem esperou Carlo Ancelotti por quase um ano, mais três meses e dois jogos, não é ‘quase nada’.
Só que estará faltando menos de um ano para a Copa, se Jesus realmente decidir aceitar.
Ramon Menezes, Fernando Diniz e Dorival Júnior se mostraram três erros no período pós-Tite.
Acabou a xenofobia.
E Ednaldo quer um português comandando a Seleção.
Jorge Jesus.
Mesmo que para isso tenha de enfrentar um jogador de nome Neymar...
Veja também: A passagem de Dorival Jr. pela Seleção Brasileira
O técnico ficou no comando por 14 meses e 16 partidas, deixando a Seleção após uma derrota para a Argentina.