CBF contrata grupo de influenciadores como escudo da seleção no Catar. Plano maquiavélico. Canarinho Pistola fracassou
Para tentar melhorar a imagem da seleção, a CBF contratou um grupo de influenciadores digitais na Copa do Catar. Para divulgar boas notícias. E tirar a atenção das cobranças dos órgãos de comunicação tradicionais
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
Um escudo digital para a seleção no Catar.
A cúpula da CBF articulou um plano maquiavélico para tentar amenizar a rejeição e as críticas ao time de Tite no Catar.
Não quer depender da cobertura da imprensa, dos portais, das tevês, das rádios.
Aconselhado pelo departamento de marketing da entidade, o presidente Ednaldo Rodrigues contratou e levará para o Catar um grupo de influenciadores digitais.
Podpah (podcast apresentado por Igão e Mítico), Robin Hood Gamer, Julio Cocielo, Tatá Estaniecki e canal Reversão (Leticia Esteves e Dembele BR) farão postagens diárias diretamente do Catar.
Eles deverão ter acesso exclusivo aos jogadores, para entrevistas engraçadas, fugindo das oficiais, que eram feitas pela assessoria de imprensa da CBF.
Óbvio que, como também funcionários da entidade, as postagens e entrevistas deverão ter sempre o caráter positivo.
O departamento de marketing da entidade acredita que, com os mais de 100 milhões de seguidores, principalmente adolescentes, que esses influenciadores acumulam, as possíveis críticas e cobranças da imprensa oficial não terão o mesmo peso que em outras Copas.
Além disso há as redes sociais dos próprios jogadores que, como em 2018, deverão só publicar posts favoráveis à seleção brasileira.
Os influenciadores terão a mesma missão do boneco Canarinho Pistola: deixar a imagem da seleção brasileira muito mais palatável, simpática, para o público em geral, durante a Copa do Mundo do Catar.
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A CBF já percebeu a falta de mobilização geral com o Mundial. O desinteresse, a falta de identidade do time, cuja maioria absoluta atua na Europa, com a população em geral.
Não é por acaso que o número de publicidades de jogadores da seleção na televisão e outros veículos de comunicação é muito menor do que em 2018.
Assim como as aparições de Tite.
O treinador da seleção faturou mais de R$ 10 milhões às vésperas da Copa do Mundo de 2018. Apareceu mais do que Neymar, o principal jogador da seleção.
Fez campanhas para Itaú, Samsung, Cimed e Uninassau.
O fracasso do Brasil, eliminado pela Bélgica, ainda nas quartas na Rússia, fez as marcas tirarem imediatamente as peças publicitárias com Tite.
O treinador foi muito menos procurado para este Mundial.
E quando surgiu uma campanha, a principal publicidade não o usa como protagonista.
Tite é coadjuvante de um influenciador.
Mais precisamente de Iran de Santana Alves, garoto baiano de 20 anos cuja grande estratégia é se assumir um meme. Com a ajuda de um amigo que se presta a ser "goleiro", marcar gols e comemorar gritando "receba". Seu "grande diferencial" é que usa luvas de pedreiro, de onde tirou seu apelido na internet.
Ele tem 18,9 milhões de seguidores no Instagram. Mais de 2,6 milhões de seguidores no Facebook. Mais de 1,1 milhão de seguidores no Twitter.
O McDonald's decidiu utilizar a popularidade de Luva de Pedreiro e juntar com o treinador da seleção brasileira.
O técnico não se fez de rogado e se submeteu a um script mais do que duvidoso.
Nele, Tite aponta para sanduíches, batatas fritas e tortas como se fossem parte de um esquema tático.

E ainda termina a propaganda falando o bordão de Luva de Pedreiro.
"Receba."
Além dessa publicidade, Tite ainda descreve, em outra, os sanduíches da multinacional norte-americana de fast-food.
Nas redes sociais, até agora, a estratégia de aproximar a seleção brasileira da população não vem funcionando. Pelo contrário.
Ainda segue um desinteresse histórico, compreensível pelos 20 anos de fracasso do time brasileiro.
O plano batizado de #nossaseleça é bolado para espalhar "boas notícias" em relação à seleção. Os influenciadores são funcionários, vão receber cachês pelo trabalho de "cobrir" o Brasil no Mundial.
Mas mesmo com dezenas de milhões de seguidores, não conseguirão disfarçar se o time de Tite novamente fracassar em outra Copa do Mundo.
Podem escrever os posts que desejarem.
Milhões de likes não servirão para apagar derrotas ou mau futebol.
A estratégia do departamento de marketing da CBF foi estudada.
A entidade percebeu que seu canal oficial, cbf.com.br, não atingia a população.
Daí o uso de "influenciadores" profissionais.
Há simpatia, graça, mas a proposta é tentar neutralizar a cobertura dos órgãos tradicionais de imprensa.
Que costumam ser rígidos com a seleção pentacampeã do mundo.
Não defendem o time como o Canarinho Pistola.
E muito menos como farão os influenciadores da #nossaseleça.
O plano é maquiavélico...
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