CBF achou desculpa para furar a fila da vacinação. Ordem da Conmebol
A CBF deverá alegar: clubes e seleções que quiserem disputar torneios da Conmebol precisarão ter atletas vacinados. Furarão a fila da vacinação contra a Covid
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
O presidente da CBF, Rogério Caboclo, já havia decidido.
Se a legislação brasileira permitisse, ele 'furaria a fila', sem dor na consciência.
Compraria e aplicaria vacinas nos jogadores convocados para as várias seleções. Masculinas e femininas.
Para que pudessem participar de torneios e fazer amistosos, sem restrição.
Não haveria problemas nos gastos.
Ele comanda uma entidade bilionária, em março de 2020, ele deixou claro que a CBF movimentou R$ 1,3 bilhão, em 2019.
O dinheiro vem, principalmente de patrocínios, direitos de transmissão e amistosos da Seleção Brasileira.
O potencial financeiro é tanto que a entidade até abriu mão de cobrar taxa na transferência de atletas.
Lógico que a reação da opinião pública foi péssima.
Desrespeitar as faixas de idade, determinadas pelo Ministério da Saúde, atingiu em cheio a figura do presidente.
E o assunto, assumido pelo dirigente, no início do mês, parecia ter sido esquecido.
Ingenuidade de quem pensou assim.
O presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, segue exigindo que as competições aconteçam, mesmo com o auge da pandemia na América do Sul.
Por isso, os jogos da Libertadores, exigindo viagens dos clubes entre países, estão acontecendo. Assim como os da Sul-Americana.
As Eliminatórias Sul-Americanas da Copa do Mundo foram interrompidas por obra dos clubes europeus que, com o apoio da UEFA, se recusaram a ceder atletas para viajarem até este continente.
Além disso, há a Copa América, marcada para o meio do ano, na Argentina e Colômbia.
O que decidiu Domínguez?
Com o auxílio do presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, Domíngues conseguiu a doação de 50 mil doses da vacina chinesa Sinovac.
Pou, que distribuirá, em maio, a vacina para os principais clubes uruguaios, intermediu as doses para a Conmebol.
Domíngues decidiu que todas as confederações serão 'obrigadas' a imunizar os jogadores de suas seleções principais, dos clubes, árbitros e Comissões Técnicas envolvidos nos principais torneios sul-americanos.
A vacinação será obrigatória para que as Seleções e clubes joguem.
Domíngues sabe muito bem que os dirigentes responsáveis pelo futebol no seu país sul-americano, tem a pressão da imprensa e da opinião pública para respeitarem a fila da vacinação contra a Covid, que é por faixa etária no mundo todo.
O que ele faz é tornar obrigatório o ato de 'furar a fila'.
Situação perfeita para a CBF, já que a tramitação de liberação da compra de vacinas por empresas particulares segue indefinida. Sem prazo.
Apesar de ter passado na Câmara dos Deputados, terá de ser aprovado no Senado.
E encontrará resistência de senadores que não admitem que o desprezo à fila de vacinação.
A CBF, no entanto, tem a desculpa perfeita.
Divulgar que foi uma ordem da Conmebol.
Entidade que hierarquicamente está abaixo.
Sendo assim, teria de cumprir.
E os clubes que quisessem disputar torneio sul-americanos seriam obrigados a vacinarem seus jogadores.
E os atletas que desejassem atuar nas Seleções Brasileiras Femininas e Masculinas também teriam de aceitar a proteção contra a pandemia.
Simples e oportuno...
(Para deixar claro o desespero da CBF.
Três jogadoras, que estavam concentradas, na Granja Comary foram diagnosticadas com Covid. Além de dois membros da Comissão Técnica.
Elas estão proibidas de voltar para seus clubes.
Mas a entidade manteve o início do Brasileiro.
Que as equipes vão atuar sem suas estrelas contaminadas...)