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Cosme Rímoli - Blogs

Cavadinha perdida de Memphis foi improvisada. Ele sempre bateu ‘sério’ os pênaltis, nos treinos do Corinthians. Dorival vai cobrar

Na derrota para o Mirassol, por 2 a 1, Dorival ficou abalado. Ele não imaginava que Memphis fosse tentar humilhar o goleiro Walter. O holandês não treinou cavadinhas. O treinador preferiu não falar nada ontem, após o jogo. O clima era de perplexidade e tristeza

Cosme Rímoli|Do R7

Memphis ficou abalado ao perder o pênalti ontem. E não esperava a reação raivosa dos jogadores do Mirassol e de parte da própria torcida corintiana, nas redes sociais Rodrigo Coca/Corinthians

Dorival Júnior é um treinador sério.

E sempre se colocou contra atletas que comanda e tentam humilhar os adversários.

O principal caso foi de Neymar.

Um dos motivos que criou a polêmica revolta do jogador, diante da negativa da autorização de Dorival, que cobrasse o pênalti contra o Atlético Goianiense, foi a maneira que, o então garoto, batia.


Caminhando para a bola de forma provocadoras, com paradinha, com a transparente humilhação do goleiro que tinha pela frente.

Ele insistia para que o atleta de 18 anos cobrasse firme, mais ‘séria’.


Daí ter mandado Marcel bater o pênalti na famosa noite de 15 de setembro de 2010.

O Santos ganhava por 4 a 2, Neymar queria bater e criou enorme confusão.


Xingou companheiros, discutiu com o treinador, publicamente.

Mas não cobrou, Marcel bateu e fez 5 a 2.

Renê Simões, treinador do Atlético, disse a sua frase mais famosa na longa carreira, em relação a Neymar.

“Estamos criando um monstro.”

E Dorival acabou demitido como consequências deste jogo.

Quis afastar Neymar do clássico contra o Corinthians, como punição.

Acabou sem emprego.

Nestes 15 anos seguintes, o trauma ficou.

O treinador seguiu sua filosofia.

Jogadores nos times que ele comanda batem pênalti com seriedade.

Ele treina assim.

Basta analisar as várias disputas por penalidade que ele participou como técnico.

Perdeu algumas, mas não por tentativa de humilhação ao goleiro adversário.

O que aconteceu ontem, na derrota do Corinthians para o Mirassol, foi algo que abalou o treinador.

E o jogador que se assume como do Corinthians.

O time precisava da vitória, para melhorar a situação na tabela do Brasileiro.

E também aliviar a pressão, da péssima posição do clube na Sul-Americana.

Aos 29 minutos, Igor Coronado bateu forte para o gol, Neto Moura desviou com a mão.

Pênalti.

Memphis assumiu a cobrança.

O veterano Walter, ex-goleiro do Corinthians, o provocou, com palavras.

O holandês não respondeu.

Na hora da cobrança, decidiu se vingar.

E, fugindo do que treinou com Dorival Júnior, decidiu dar uma cavadinha.

A intenção era clara: humilhar o arqueiro que o desafiou.

Só que Walter conseguiu perceber e defender a cobrança.

Os jogadores do Mirassol notaram a intenção do corintiano, ficaram revoltados, principalmente João Victor.

Ele o empurrou, enquanto outros o xingavam.

Memphis ainda cobrou o escanteio, aos 44 minutos, que acabou na cabeça de Cacá, que marcou 1 a 0.

O holandês se voltou, olhou com satisfação para a torcida interiorana que o provocava pelo pênalti perdido.

O Mirassol empatou logo aos quatro minutos do segundo tempo, com Edson Carioca.

O holandês se mostrava abatido, cansado, anulado.

Os irritados atletas rivais não deixavam que pegasse na bola.

E deixou o campo aos 18 minutos, trocado por Yuri Alberto.

O Mirassol, que atuava com ‘raiva’ desde o pênalti de Memphis, virou com Gabriel, aos 19 minutos.

A derrota travou o Corinthians em décimo lugar, podendo ser ultrapassado nesta rodada.

Por Internacional, Atlético Mineiro, São Paulo e Botafogo.

Memphis saiu calado.

Nem se manifestou nas redes sociais, até hoje, domingo.

Hugo, que também pleiteia um lugar como líder corintiano, deu uma estocada sutil.

“Acho que a gente precisa repensar algumas coisas, repensar algumas atitudes dentro de campo, o que a gente tem que fazer de melhor, repensar como atleta, com respeito ao clube que a gente defende, a gente precisa mudar o chip muito rápido.

“A gente tem um elenco que não precisa sofrer, a gente tem um elenco que não precisa passar por situações difíceis.”

Muito mais direto foi o atacante do Mirassol, Rafa Silva.

Eu era seu fã, gostava do seu estilo de vida e futebol, mas a partir de hoje você perdeu todo meu respeito. Você que tanto fala de humildade, favelas e etc., isso não passa de um personagem e falsidade para chamar a atenção do povo! Aqui no Brasil você precisa respeitar para ser respeitado, você não sabe o verdadeiro significado de FAVELA!”

Nas redes sociais, Memphis foi atacado por muitos torcedores corintianos, revoltados com sua atitude.

A situação é o primeiro desafio ao comando de Dorival Júnior.

Ninguém mais do que ele sabe todas as consequências da atitude do holandês.

E que não foi desta maneira que ele treinou no Corinthians.

Dorival não permitiria.

Ele foi cuidadoso ao expor sua próxima atitude à imprensa, após o jogo.

“Jamais converso depois de uma partida. Vamos ouvi-lo para tentar entender, mas é uma situação que prefiro sempre trabalhar internamente. A culpa é nossa de modo geral, não apenas de um atleta. Será conversado, tentaremos entender o que se passou para que futuramente não volte a acontecer.”

Memphis tem 31 anos.

É experiente, tem noção do quanto arriscou ontem, na tentativa de humilhar Walter.

Ele tem futebol para se recuperar.

Personalidade para admitir o erro.

Só que ele está conhecendo o outro lado de jogar no Corinthians.

Muito além das festanças, da idolatria, do reconhecimento.

Há as cobranças pela responsabilidade.

E ele está descobrindo o quanto elas são fortes...







Veja também: Dorival Jr. analisa cobrança de pênalti de Depay

O técnico do Corinthians concedeu entrevista coletiva na noite deste sábado (10) após a partida contra o Mirassol.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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