'Torcedor' no exato momento em que se preparava para chutar Cássio. Tinha passagem por tráfico de drogas
GUILHERME DIONÍZIO/CÓDIGO19/ESTADÃO CONTEÚDO - 13.07.2022São Paulo, Brasil
Artigo 65 do Regulamento Geral de Competições da CBF:
"Se ao final de uma competição restar pendente penalidade de perda de mando de campo aplicada pelo STJD, seu cumprimento dar-se-á, necessariamente, na primeira competição subsequente da mesma natureza a ser iniciada."
A expressão "a ser iniciada" é considerada pela diretoria do Santos o grande escudo. Com poder capaz de fazer com que as cenas repugnantes de ontem, com oito "torcedores" invadindo o gramado da Vila Belmiro e um deles agredindo, chutando o goleiro Cássio do Corinthians, sejam punidas apenas em 2023.
Ou seja, a cúpula santista sabe que não escapará de uma grave punição do STJD. Muito possivelmente a perda de campo, com a interdição da Vila Belmiro, entre seis e dez partidas.
Mas a expectativa generalizada era que o clube tivesse de cumprir essa pena no Brasileiro, já que foi eliminado da Copa do Brasil, ontem, pelo Corinthians.
Só que a expressão "a ser iniciada", no artigo 65, entusiasmou o departamento jurídico santista. E há a certeza de que uma eventual pena ficará só para a Copa do Brasil ou o Brasileiro de 2023. Ou seja, o prejuízo não será tão grande. Haverá tempo para montar uma equipe muito melhor do que essa que, apesar de estar na oitava colocação no Campeonato Nacional, não desperta a menor confiança. Se ela ficasse dez partidas sem atuar no "alçapão" da Vila Belmiro, poderia ser desastroso para o Santos.
Em compensação, foi esquecida a sugestão de alguns conselheiros de tentar jogar a culpa da invasão para cima de Cássio. O goleiro corintiano aplaudiu ironicamente parte da torcida santista, que estava atrás da sua meta no segundo tempo. Por xingá-lo e por atirar rojões e sinalizadores na área corintiana.
A direção e o departamento jurídico do clube acharam a tese irrelevante.
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Culpar Cássio pela invasão à Vila Belmiro. Tese absurda é analisada no Conselho do Santos. Estádio pode ser interditado por dez jogos
Estão cientes da punição e decidiram responsabilizar individualmente os invasores. Inclusive de maneira financeira. A ameaça é fazer com que paguem o quanto o clube deixará de arrecadar e gastará com viagens, se for punido, por não poder atuar na Vila Belmiro.
O clube divulgou apenas o nome de cinco invasores. Leonardo Valeriano de Souza, Lucas da Silva Ramos, Cristopher Barbosa Barcelos, Matheus da Silva Pereira e Gabriel Andrade dos Santos.
"Tem que tomar providências, o Santos tem que tomar providência. Falta pouco para acontecer uma tragédia. A gente está duvidando que isso possa acontecer", disse Cássio à TV Bandeirantes.
Para tentar acabar com a questão, o goleiro corintiano decidiu não prestar queixa pela agressão. Mesmo tendo imagens do chute que levou, ele optou por dizer às autoridades policiais que não foi agredido.
A situação só beneficia o agressor.
De acordo com notícias extraoficiais, ele já teria passagem pela polícia, em 2017. Por tráfico de drogas. Por enquanto, a decisão da polícia é não divulgar o nome do homem que chutou Cássio. Para evitar vingança de torcedores corintianos.
Vale lembrar que não é a primeira vez em 2022 que um "torcedor" invade a Vila Belmiro e agride um jogador adversário do Santos. Aconteceu na noite de 19 de maio, quando o clube eliminou, pela Copa Sul-Americana, o Unión La Calera. O agredido foi o lateral Matías Fernández.
Ou seja, a situação não é nova.
E o clube não tomou providências reais para que ela não voltasse a se repetir.
Os invasores de ontem foram identificados.
E liberados cerca de duas horas depois da partida...
Confira as imagens da agressão sofrida por Cássio na Vila Belmiro
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