Cássio espetacular. Graças a ele, o Corinthians chega vivo à final no Maracanã. Flamengo se impôs em Itaquera
O Flamengo não se intimidou com o clima de guerra. Impôs a técnica, o toque de bola, o talento de seus jogadores. Criou grandes chances, acertou a trave. O Corinthians lutou muito. Cássio salvou. 0 a 0 sofrido em Itaquera
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
O Flamengo não se deixou intimidar.
Não seriam atitudes estúpidas de vândalos, como soltar rojões em frente do hotel do clube carioca nesta madrugada, às 3 da manhã. Nem apedrejar o ônibus que levou o time carioca para a arena de Itaquera.
O time de Dorival Junior foi para a decisão da Copa do Brasil contra o Corinthians com a maturidade, a atitude e a técnica que levaram o time não só a esta final. Mas à da própria Libertadores, principal competição da América.
Vítor Pereira sabia que a grande chance de ser campeão seria vencer nesta quarta (12) diante dos torcedores corintianos. Jogando em casa, vibrante. Teria a obrigação de vencer a partida.
Mas o Flamengo mostrou sua força, o talento muito maior de seus jogadores, trocando passes, objetivo, e buscando incessantemente o gol.
Sem se intimidar.
Arrascaeta fez outra partida excelente e não tomou conhecimento de Du Queiroz, articulando com toda inteligência a maioria dos ataques flamenguistas. Fausto Vera também sofreu com Everton Ribeiro.
Pedro, e principalmente, Gabigol mostravam fome de gols.
Foi quando surgiu Cássio. O maior goleiro da história do Corinthians fez três excelentes defesas, evitou a derrota. E também contou com a sorte ao ver o chute da David Luiz beijar a trave.
Nem parecia que Cássio jogava com dores no pé direito, devido ao forte trauma que sofreu contra o Juventude. Fez mais uma atuação para marcar sua histórica passagem pelo Parque São Jorge.
O empate foi melhor hoje para o Corinthians.
Mas acabou sendo excelente para o Flamengo, bastando uma vitória simples, diante dos seus torcedores na sua casa, no Maracanã, na próxima quarta-feira.
O Corinthians, que já sofreu em casa, terá de fazer uma partida épica para sair com o título no Rio de Janeiro.
O favoritismo rubro-negro só aumentou.
A única reclamação corintiana foi uma bola que resvalou na mão de Léo Pereira. Ele estava com o braço esquerdo para baixo. O VAR nem chamou o árbitro Braulio da Silva Machado. Não foi pênalti.
"É jogo grande, decisão é jogo de detalhe, jogo de poucas chances, mas muita entrega e dedicação, isso não faltou. Vejo que o jogo está aberto, vamos para o Maracanã focar bem para fazer um grande jogo e buscar o título. Fico satisfeito com o empenho."
"Foi um jogo bem disputado, aguerrido, não sei se foi pênalti ou não, ficou duvidoso, não quero julgar porque não vi o lance. São duas grandes equipes, vamos para o Maracanã e trabalhar para ir em busca do título lá", avisa Cássio.
O capitão corintiano está muito otimista. Porque hoje ficou claro no duelo dos dois clubes mais populares do Brasil que o Flamengo tem muito mais repertório.
Vítor Pereira sabia disso e montou o Corinthians, mesmo com o apoio recorde, de 47 mil torcedores, para atuar nos contragolpes. Ele prendeu Fagner e Fábio Santos. Tinha certeza de que o time carioca tentaria explorar as costas dos laterais.
Du Queiroz e Fausto Vera contaram com toda a colaboração de Adson, Róger Guedes e Renato Augusto, vingativo. Ele não se esquecia do desprezo do Flamengo. Quando decidiu voltar ao Brasil, a Gávea foi o primeiro lugar que avisou. E foi solenemente desprezado.
O Corinthians entrou em campo para não perder o título. Uma derrota seria o fim das esperanças. O treinador português foi inteligente. Deixou apenas Yuri Alberto à frente, esperando uma bola longa ou uma falha da zaga rubro-negra.
Dorival Júnior tratou de pôr seu time à vontade, jogando como gosta. Adiantado trocando bola na intermediária adversária. Rodinei tinha mais liberdade que Filipe Luís. João Gomes era o grande marcador. E baixa importante, por conta de um cartão amarelo injusto, por uma falta em Fagner.
No primeiro tempo, o Corinthians conseguiu marcar o Flamengo por 35 minutos. A partir daí, Itaquera quase vira o Maracanã. Com o domínio rubro-negro. E seus 3.000 torcedores ensandecidos, muitas vezes vibrando e fazendo mais barulho que os donos de Itaquera.
O Flamengo foi envolvendo, se impondo. E obrigando Cássio a se desdobrar, mostrar que, aos 35 anos, segue ágil, corajoso e com reflexos de um garoto. Gabigol jogou muito bem e conseguiu espaço diante da marcação corintiana. E obrigou o goleiro a ótimas defesas.
A mais impressionante delas foi aos 12 minutos do segundo tempo, quando Léo Pereira lançou, Everton Ribeiro só ajeitou para o chute fortíssimo de Gabigol e Cássio mostrou seu incrível reflexo, espalmando a bola.
O Flamengo chegou a ter 60% de posse de bola em Itaquera. Tocava a bola como queria, porque o Corinthians não teve fôlego para seguir marcando forte.
David Luiz bateu na trave de Cássio com um chute violento e certeiro, aos 20 minutos. A pressão seguia. Vítor Pereira tirou Renato Augusto e Róger Guedes para fechar a equipe. E garantir o 0 a 0, que já era lucro.
Aos 36 minutos, em um lance esporádico do ataque corintiano, Léo Pereira desvia cruzamento com a mão. Nada foi marcado porque o toque foi involuntário e seu braço, para baixo, fazia movimento natural.
O Flamengo seguiu melhor, com mais talento e atitude.
Foi muito melhor que o Corinthians, mas no final, o 0 a 0.
Melhor para o time de Vítor Pereira, que segue com o direito de sonhar.
E excelente ao Flamengo decidir a Copa do Brasil na sua casa.
O Maracanã....
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