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Cosme Rímoli - Blogs

Carrillo não marcou só contra o Fortaleza. O gol foi também contra o Palmeiras. Corinthians pronto para a guerra no Allianz

O empate diante do Fortaleza, arrancado a fórceps nos acréscimos, deu a dose de adrenalina a mais para o time de Dorival lutar na decisão da vaga da Copa do Brasil. No estádio palmeirense

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A vibração do Corinthians não foi contra o Fortaleza apenas. Foi contra o Palmeiras Rodrigo Coca/Corinthians

48 minutos e 30 segundos do segundo tempo, em Itaquera.

Yuri Alberto cabeceia, a bola desvia em Kuscevic.

O goleiro Vinicius Silvestre é traído pelo desvio de rota.

E espalma a bola para a frente.


Andando de forma irresponsável, do outro lado da jogada, está Diogo Barbosa.

O experiente lateral deu condições legais para Carrillo pegar o rebote.


O peruano empurra a bola para as redes.

Corinthians 1, Fortaleza, que havia marcado com Breno Lopes, aos cinco minutos de jogo, 1.


A comemoração dos mais de 34 mil corintianos no estádio não foi apenas pelo time que amam ter evitado a derrota.

Mas foi o clímax, a vibração, que desejavam passar para os jogadores para outra partida.

Tanto que a frase que dominou a arena foi muito clara.

“É quarta-feira... É quarta-feira... É quarta-feira...”

Os torcedores queriam e conseguiram instigar ainda mais os corintianos para o duelo contra o grande rival, o Palmeiras.

Foi como se todos entrassem em transe, com a plena consciência que a única possibilidade de título neste segundo semestre está na Copa do Brasil, não no Brasileiro, por falta de elenco.

E nada melhor do que ganhar impulso eliminando o arqui-inimigo, que já perdeu o primeiro jogo por 1 a 0.

Tanto o Corinthians jogou também contra o Palmeiras, hoje, que Dorival Júnior começou a partida diante do time cearense com apenas Hugo e André Ramalho da equipe titular.

Absolutamente desentrosada, a equipe foi presa fácil para o desesperado Fortaleza, tentando escapar do rebaixamento.

No primeiro tempo, se tivesse mais capricho, o ataque, formado pelos vividos Marinho, Deyverson e Breno Lopes, teria ‘matado o jogo’. Tamanha a facilidade que o trio tinha para chegar na área de Hugo.

Foi assim que Breno Lopes marcou 1 a 0, aos cinco minutos. Depois de estupendo passe de Matheus Pereira, nas ‘costas’ de Cacá. O ex-atacante, por ironia, do Palmeiras, marcou, chutando cruzado.

O injustiçado lateral esquerdo Angileri mostrou pela décima vez para Dorival que merece ser titular. Obrigou Vinicius Silvestre a uma defesa de cinema e acertou a trave.

O improvisado Corinthians era empurrado ao ataque por sua torcida. Mas aberto aos contragolpes. Que os veteranos desperdiçaram.

No intervalo, Dorival Júnior percebeu o óbvio.

Tinha de colocar titulares. E ele apostou logo nos quatro jogadores decisivos. Memphis, Yuri Alberto, Garro e Matheuzinho. Sairam, os ineficientes Romero, Talles Magno, Ryan e Félix Torres. Acabou com o esquema 3-5-2. Foi pelo tradicional 4-4-2, marcando a saída de bola do pouco competitivo Fortaleza.

Carrillo marcou aos 48 minutos e meio do segundo tempo. Ponto importante e time preservado para o Palmeiras Rodrigo Coca/Corinthians

Renato Paiva colaborou com a pressão que o Corinthians que imprensava seu time, pensando em não sair derrotado, pela colocação na tabela do Brasileiro, e principalmente, deixar Itaquera com a cabeça baixa para decidir a sobrevivência com o Palmeiras.

O treinador português foi, aos poucos, tirando os três veteranos atacantes. Principalmente a saída de Marinho e de Breno Lopes acabou com os contragolpes em velocidade, diante do aberto Corinthians.

Tudo ficou ainda pior quando Dorival tirou o promissor Rodriguinho, que sentiu emocionalmente a sua estreia. E colocou Carrillo, aos 18 minutos.

Aí foi um sufoco enorme.

Sim, o Corinthians sofre por não ter grandes dribladores no time. Mas em compensação, a personalidade de encurralar o adversário com troca de passes e, principalmente, cruzamentos da linha de fundo.

Tem um dos melhores definidores do futebol brasileiro, Yuri Alberto. Além do talento, da visão antecipada das jogadas de Memphis e Garro.

O Fortaleza abriu mão da partida, só se defendeu.

E teve o castigo merecido, com o gol de Carrillo.

Renato Paiva precisa ser muito menos cauteloso.

E tem de explicar a regra de impedimento para Diogo Barbosa.

Inaceitável, no futebol profissional, com o clube lutando para não ser rebaixado, o lateral andar em uma jogada de gol no meio da área, dando condição legal para o gol de Carillo.

Dorival Júnior foi confrontado na coletiva se agiu certo poupando seus titulares contra o Palmeiras. Caso atuassem na maior parte do tempo, o Corinthians tinha tudo para vencer o fraco Fortaleza.

Mas ele deixou claro que, se soubesse que a partida terminaria empatada, faria tudo de novo.

“Eu manteria as decisões que tivemos, foram as corretas. Isso vocês podem ter certeza. É uma diferença grande o atleta se desgastar em 70, 80 minutos, é muito diferente acontecendo em apenas 45 deles.”

É óbvio que ele sabe que a partida fundamental neste segundo semestre, a mais importante, até agora, será quarta-feira.

Dorival foi confrontado com a dificuldade de o Corinthians marcar gols. Ela é real. Mas foi apenas a segunda vez, desde que teve como escalar Memphis, Garro e Yuri Alberto.

“Nós não temos dificuldade de propor o jogo, temos três homens fundamentais para a equipe e ficaram na minha gestão 16 ou 17 rodadas sem participar. Dão dinâmica à equipe e são fundamentais. O primeiro problema foi solucionado, passamos rodadas sem sofrer gols. Estamos pagando o preço de erros pontuais, que demandam tempo e trabalho.

“A equipe teve a bola nos pés, troca de passes, jogadas individuais, temos que ter jogadores com esse perfil. Foi em uma dessas jogadas que criamos boas possibilidades. Chances de gols apareceram. Não fomos felizes nas conclusões.

“Amargamos o empate.”

E ele assumiu o óbvio ululante.

A prioridade corintiana é a Copa do Brasil, repetindo o que fez com o São Paulo, em 2023. Caminho que o levou ao título e à Seleção.

“A preparação é nesse sentido (para o jogo contra o Palmeiras, pela Copa do Brasil). Por isso, poupamos. Para ter uma equipe descansada e recuperada para um jogo de tamanha importância. Não pode errar, preço é alto.

“Tivemos um jogo muito igual na ida. Imagino que a segunda seja da mesma forma, pequenos detalhes podem fazer a diferença. Espero que estejamos preparados para toda e qualquer situação.”

Enquanto Dorival falava, ainda ecoava nos corredores do estádio em Itaquera, o coro, que era um grito de guerra.

“É quarta-feira... É quarta-feira... É quarta-feira...”

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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