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Cosme Rímoli - Blogs

Capitalismo selvagem. Faturamentos bilionários. Por que Flamengo e Palmeiras viraram os 'donos da América'

Com gestões que visam o lucro, Palmeiras e Flamengo deixam claro. Nunca o dinheiro pesou tanto no futebol. Corinthians, Athletico, Atlético Mineiro e Bragantino Red Bull reagem. Os demais ficaram para trás

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Palmeiras e Flamengo. Capitalistas selvagens Conquistas e faturamentos bilionários
Palmeiras e Flamengo. Capitalistas selvagens Conquistas e faturamentos bilionários

São Paulo, Brasil

Faturamento do Flamengo em 2021, mais de R$ 1 bilhão.

Do Palmeiras, ao menos, R$ 950 milhões.

Em um ano ainda marcado pela pandemia.


Os dois clubes não estarão disputando a final da Libertadores da América, no estádio Centenário, no Uruguai, às 17 horas, por acaso.

A palavra que define os dois não é mais 'espanholização'.


E sim monetização.

Os dois clubes não refletem, como o Real Madrid e o Barcelona, apenas os clubes mais tradicionais e vencedores da Espanha.


Palmeiras e Flamengo descobriram a melhor maneira de explorar o potencial financeiro que possuem. Cada um à sua maneira. Os dois clubes se distanciaram dos demais pelos recursos que conseguem gerar, para manter elencos milionários, com folhas de pagamento que chegam a de clubes médios europeus, cerca de R$ 16 milhões a cada 30 dias.

"Nós decidimos buscar todas as formas de arrecadação do clube mais popular do Brasil. Tratar o clube com a competência de uma grande empresa, que sempre foi. E não se assumia." As palavras são do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim. 

Em abril, ele conseguiu quitar mais de R$ 1 bilhão de dívidas que o clube tinha. E conseguiu, com direitos de transmissão, patrocínios, vendas de jogadores, planos de sócio-torcedores, arrecadação, premiação de conquistas de campeonatos, licenciamentos, chegar a mais de R$ 1 bilhão de faturamento.

Landim, que foi braço direito do executivo Eike Batista, é frio em relação aos números, ao dinheiro. Ele assumiu ser o dirigente que mais brigou pela volta do futebol e da torcida, em plena pandemia. Sempre visando o lucro. 

A administração do Flamengo é a mais agressiva e mais moderna do país. 

"O nosso clube depende do nosso clube não de contribuições pessoais ou patrocinadores", resumiu, orgulhoso, o ex-executivo da Petrobras e da MMX de Eike Batista.

Landim deixa claro que se refere ao Palmeiras.

O clube, que terá a partir do dia 15 de dezembro, a dona da Crefisa, Leila Pereira, como presidente, está há anos, atrelado a bilionários.

Foi assim quando a empresa italiana Parmalat resolveu fechar parceria com o Palmeiras. O clube estava há 16 anos sem títulos. A união durou entre 1992 e 2000. Rendeu 11 conquistas. Depois, o Palmeiras passou por sérias dificuldades, sendo rebaixado duas vezes. Até que o bilionário Paulo Nobre assumiu a presidência em 2013. Ao mesmo tendo que era finalizada a arena palmeirense, a mais bem localizada e mais lucrativa do país.

Depois, em 2015, o clube fechou patrocínio com a Crefisa, com patrimônio de mais de R$ 4,5 bilhões. Nestes seis anos, a empresa seguiu sendo a que mais paga para um clube na América do Sul. A influência é tão grande que Leila Pereira se tornou a primeira mulher presidente do clube.

Ou seja, no cenário arrasado do futebol brasileiro, do próprio país, com enormes dificuldades, Flamengo e Palmeiras são os clubes que estão muito além financeiramente dos outros. 

Como cada vez mais o esporte é dependente do dinheiro, não é por acaso que o Flamengo venceu a Libertadores de 2019 e o Palmeiras, em 2020. E hoje decidem o título.

O Atlético Mineiro, graças somente ao mecenato de Rubens Menin, bilionário dono da construtora MRV, e do dono do Banco de Minas Gerais, Ricardo Guimarães, se reergueu. E, embora, deva mais de R$ 1,2 bilhão, o time é excelente, caríssimo. E ganhará o Brasileiro de 2021. E brigará por todas as conquistas, bancado por Menin e com a ajuda de Guimarães.

Faz parte de uma estratégia para reestruturação do clube, com a construção de sua nova arena. O plano é simples: com os títulos, conquistar de vez a fidelidade financeira dos sócios-torcedores, para que, a arena de 45 mil lugares esteja antecipadamente lotada, com o pagamento de carnês.

Diante desse quadro, o Corinthians decidiu usar sua força popular. Mudou a forma de pagamento de sua arena, construída com todos os benefícios fiscais, para a Copa de 2014. E tratou de investir pesado em jogadores importantes. Apostando no dinheiro de arrecadação, da venda de transmissão de suas partidas, nos patrocinadores.

O Athletico Paranaense vem conquistando títulos importantes por conta de sua força financeira. Também ainda não pagou sua arena da Copa do Mundo de 2014. E é gerido de maneira espartana por Mario Celso Petraglia, com exploração de todo potencial econômico do Paraná, seguindo o modelo europeu. O plano é de internacionalização da marca. Não mudou o próprio nome por acaso. 

O Bragantino foi revolucionado com o dinheiro da bilionária empresa Red Bull. O plano direto: comprar os melhores jovens jogadores da América do Sul. E depois colocá-los no mercado europeu, com lucro. Os investimentos previstos são assustadores. O clube interiorano já gastou mais de R$ 100 milhões em atletas. A previsão é, de pelo menos, mais R$ 40 milhões por ano.

Ou seja, Palmeiras e Flamengo são dois clubes tradicionais, importantes para o mundo. Mas só estão no patamar mais alto da América do Sul por conta do dinheiro injetado no Palestra Itália e na Gávea.

Os dois revolucionaram o futebol brasileiro.

Está claro que a incompetência administrativa, algumas vezes até criminosa, deixam gigantes estagnados, atrasados.

Como Cruzeiro, dívida de mais de R$ 1,4 bilhão; Vasco, dívida de R$ 900 milhões; Grêmio, dívida de R$ 350 milhões; Santos, dívida de mais de R$ 600 milhões; Botafogo, dívida de mais de R$ 1 bilhão; São Paulo, dívida de mais de R$ 650 milhões.

Se fossem empresas, muitos clubes brasileiros decretariam falência.

O caminho do capitalismo selvagem não tem mais volta.

Monetização, fazer o máximo de dinheiro.

Aproveitar todo o potencial finaceiro.

Para montar equipes cada vez mais poderosas.

Atrair mais lucros, com títulos, conquistas.

Ou se apequenar.

Não há mais meio termo para o futebol brasileiro...

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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