Cada vez mais rejeitado, o Paulista traz boa novidade. A quarentena
O estadual institui algo que treinadores e clubes grandes não queriam: a quarentena. Ou seja. O técnico só pode trabalhar em um time durante o torneio
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
O presidente da Federação Paulista de Futebol, Reinaldo Carneiro Bastos, é homem de confiança do banido Marco Polo del Nero.
Parceiro de Rogério Caboclo.
Ele sabe muito bem da falta de interesse da Globo e dos clubes grandes na manutenção dos Campeonatos Estaduais.
Seguem obrigados a disputar a competição esvaziada, sem razão de existir, ultrapassada, por conta da CBF.
O presidente da entidade precisa dos votos das federações para se manter no poder ou eleger. Cada voto de uma federação vale três em relação aos votos dos clubes.
Só disputa o Brasileiro e a Copa do Brasil o clube que disputar o principal campeonato do seu estado. Se desistir, a CBF não homologa a participação nas competições que levam até a Libertadores e Copa Sul-Americana.
Simples assim.
No caso de São Paulo, os principais dirigentes de Palmeiras, Corinthians, Santos e São Paulo não ousam questionar o estadual. Só o presidente palmeirense Mauricio Galiotte o fez, em 2018, quando chamou o campeonato de "Paulistinha".
O tempo passou e Galiotte entendeu precisar se reaproximar de Reinaldo por conta da força da FPF nos bastidores do futebol no país.
O Paulista jogado entre janeiro e abril atrapalha as férias, a pré-temporada dos grandes times.
Como um gesto de boa vontade, Reinaldo resolveu que a semifinal será disputada em partida única, diminuindo de 17 para 16 datas do Paulista.
Mas a principal sugestão veio de Mauro Silva, tetracampeão mundial, em 1994.
Ele convenceu Bastos a adotar algo que os clubes e os treinadores brasileiros não suportam nem ouvir falar: a 'quarentena'.
Ou seja, treinadores serão autorizados a trabalhar em apenas uma equipe enquanto durar o torneio.
Algo que acontece na Europa.
Esse foi o grande avanço, que passou discretamente hoje, no lançamento do torneio de 2020.
A premiação segue ridícula em relação a outros torneios no ano.
Apenas R$ 5 milhões para o campeão.
E R$ 1,5 milhão ao vice.
Absurdo para uma entidade que faturou R$ 80,6 milhões em 2018.
Ao final de 2019, o dinheiro com certeza será maior.
Mas o seu poder está no contexto atrasado do futebol brasileiro.
Apesar de ultrapassado, o Campeonato Paulista é o seu maior evento.
Só que dentro deste atraso, uma novidade importante.
A quarentena.
Se os dirigentes da CBF tiverem autoridade para impô-la no Brasileiro e na Copa do Brasil seria um grande salto na administração dos clubes.
Haveria mais responsabilidade na escolha do treinador.
Assim como também do técnico ao aceitar a proposta do clube.
Até que enfim uma boa notícia saiu do milionário prédio da FPF.
Até que enfim...
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