Cosme Rímoli Brasil de mal a pior em 2023. Vexames, contra Marrocos, Senegal, Venezuela e Uruguai. Dinizismo coloca a seleção sem rumo

Brasil de mal a pior em 2023. Vexames, contra Marrocos, Senegal, Venezuela e Uruguai. Dinizismo coloca a seleção sem rumo

O Brasil só conseguiu dar dois arremates ao gol do Uruguai. Perdeu por 2 a 0, em Montevidéu, com direito a Neymar sofrer forte torção no joelho. Seleção se mostra cada vez pior

  • Cosme Rímoli | Do R7

Darwin Núnez se aproveitou da insegurança da seleção brasileira, sem rumo. 2 a 0 para o Uruguai

Darwin Núnez se aproveitou da insegurança da seleção brasileira, sem rumo. 2 a 0 para o Uruguai

EITAN ABRAMOVICH / AFP - 17.10./2023

São Paulo, Brasil

Dois arremates a gol, durante todo o jogo.

Derrota por 2 a 0 para o Uruguai, com jogadores inseguros, confusos, sem rumo, nervosos, afobados.

Time sem estrutura tática definida.

Como já havia sido contra o Peru, piorou diante da Venezuela.

E, em Montevidéu, foi vergonhoso, o fraco futebol do time de Fernando Diniz, treinador interino da seleção, com 14 anos de profissão, que só ganhou o Campeonato Carioca na carreira, mas adorado pela mídia do Rio de Janeiro.

A torcida uruguaia gritava olé, com seu time trocando passes, sem os brasileiros conseguirem reagir. Os gols foram de Darwin Núñez e De La Cruz.

A equipe que acabou a partida foi: Ederson, David Neres, Marquinhos, Gabriel Magalhães e Arana; Casemiro, Rodrygo e Veiga; Gabriel Jesus, Richarlison e Matheus Cunha.

Fazia 40 anos que o Brasil não perdia por dois gols de diferença para os uruguaios. Aliás, a última derrota para os rivais históricos foi há 22 anos. 

O resultado desta terça pôs fim à invencibilidade nas Eliminatórias Sul-Americanas de oito anos: eram 37 partidas sem derrotas.

Neste ano, o Brasil já perdeu para o Marrocos por 2 a 1 e foi goleado pelo Senegal por 4 a 2. 

A decadência do futebol deste país, com uma geração limitada, é evidente. 

Vinicius Júnior nem parecia ser o grande jogador do Real Madrid. Esquema de Diniz o prejudicou

Vinicius Júnior nem parecia ser o grande jogador do Real Madrid. Esquema de Diniz o prejudicou

PABLO PORCIUNCULA / AFP - 17.10.2023

Para piorar o cenário, Neymar teve uma fortíssima torção no joelho esquerdo, que pode ter consequências muito sérias.

Ele deixou o campo chorando.

A CBF informa que foi uma "lesão grave", o que já desperta tristes desconfianças. 

O tão aclamado "dinizismo" se mostrou patético diante da postura incrivelmente conservadora do Uruguai, do argentino Marcelo Bielsa. Ele não justificou o apelido de Loco (Louco, em português).

Ele manteve sua equipe compactada, com forte marcação a partir do meio-campo. Tirou o oxigênio de Neymar e Vinicius Júnior, suas maiores preocupações, nas intermediárias.

Gabriel Jesus, tenso, conseguiu ser pior do que Richarlison, de quem tomou a posição. Apenas Rodrygo conseguia mostrar alguma coisa, graças à sua incansável movimentação e velocidade.

O Brasil era um arremedo de time quando tinha de sair do seu campo tocando bola. Os tímidos laterais Yan Couto e Carlos Augusto não mostravam coragem para atacar.

Casemiro e Bruno Guimarães não tinham a menor objetividade ao tentarem sair com a bola dominada. Além de marcarem muito mal. 

O Brasil levou uma hora e um minuto, todo o primeiro tempo e 16 minutos do segundo, para dar um arremate ao gol, cabeçada do beque Gabriel Magalhães, depois de cobrança de escanteio de Rodrygo.

Neymar jogava, outra vez, muito mal, quando torceu o joelho. Outro que estava perdido em campo

Neymar jogava, outra vez, muito mal, quando torceu o joelho. Outro que estava perdido em campo

PABLO PORCIUNCULA / AFP - 17.10.2023

Mas, àquela altura, já perdia por 1 a 0, gol de Darwin Núñez, completando de cabeça, excelente jogada de Maxi Araújo, aos 41 minutos do primeiro tempo.

Aos 44 minutos, Neymar deixou o gramado do Centenário de maca, chorando, após torcer seu joelho esquerdo, ao tentar dar uma arrancada. Ele se chocou com De La Cruz.

O que tirou a confiança de vez da seleção.

O segundo, e último, arremate ao gol no jogo veio, outra vez, em uma bola parada. Rodrygo cobrou falta no travessão, aos 23 minutos.

Só que, aos 31 minutos, Darwin Núnez recebeu lateral dentro da área, girou em cima de Casemiro e Gabriel Magalhães e ajeitou para De la Cruz estufar a rede de Ederson, 2 a 0 Uruguai. O destino da partida estava selado. 

A seleção, que ganhou cinco títulos mundiais, se mostrou assustadoramente fraca.

Diniz teve, ao menos, coragem de assumir a responsabilidade pelo péssimo futebol do Brasil.

"O jogo foi amarrado, costurado, e faltou articulação. Não por conta de um jogador ou outro. Faltou porque o time não soube construir. Neste sentido, o principal responsável sou eu mesmo. O Neymar saiu faltavam quatro, cinco minutos para o fim do primeiro tempo e em momento algum tivemos articulação.

"Tomamos dois gols de falhas que não podemos cometer. Dois gols de arremesso lateral. Não foi um bom jogo e o responsável maior sou eu mesmo."

O técnico que sonha chegar à Copa do Mundo à frente da Seleção, com uma possível desistência de Carlo Ancelotti, não quis desvalorizar a geração de atletas que possui.

"Temos a melhor matéria-prima à disposição. Não é que as ideias não aconteceram, mas faltou agressividade no primeiro tempo. O Uruguai tentou marcar em um bloco médio alto e tirar a nossa posse. Tivemos a posse, o controle do jogo, que era importante, mas sem profundidade. Faltou arriscar mais, ser mais incisivo, mais agressivo, principalmente com os zagueiros, para empurrar o Uruguai."

O empate com a Venezuela e a derrota de ontem demonstram a grande dificuldade que Fernando Diniz tem para implementar a sua maneira de jogar. Com movimentação efetiva do seu time do meio-campo para a frente. Com muitos atletas atuando perto, trocando passes, com variadas infiltrações, laterais abertos, atuando como pontas. 

Mas o que se viu foram atletas perdidos, sem coordenação. Vinicius Júnior estava completamente perdido, afogado por Neymar, que adora o lado esquerdo. Mesmo sem o camisa 10 da seleção, a estrela do Real Madrid não conseguiu render. Prendia a bola, caía na armadilha montada por Bielsa, que colocava sempre um jogador na cobertura do lateral. 

O Brasil era muito lento, por isso não conseguia o direito de chutar a gol.

A vitória uruguaia por 2 a 0 foi mais do que justa.

E fácil.

Fernando Diniz pediu o que não deve ter, pelo menos no cronograma da CBF: tempo.

A previsão é que o italiano Carlo Ancelotti assuma no fim de junho de 2024.

"Faltou contundência, e essa sensibilidade vamos adquirir com o tempo e o trabalho. O adversário hoje exigia mais do que produzimos. Os trabalhos acontecem com o tempo. Nenhum trabalho da minha vida aconteceu de forma linear. São coisas que acontecem para aprendermos e melhorar para os próximos jogos", dizia Fernando Diniz, como se a derrota da seleção se justificasse pela irregularidade dos times que monta.

A seleção brasileira vai de mal a pior...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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