Brasil termina 2024 em quinto nas Eliminatórias, após ser vaiado no 1 a 1 contra o Uruguai. Torcida e até Dorival seguem esperando por Neymar
Seleção outra vez sai de campo muito vaiada. Afobação, tensão e desorganização tática. Estas estão sendo as marcas registradas do time de Dorival. Empate decepcionante incomoda os torcedores que foram à Fonte Nova, em Salvador. Esperança volta a ser Neymar, em 2025
Vaias, muitas vaias.
A Seleção Brasileira terminou 2024 irritando o torcedor baiano.
Seguindo em descrédito, com boa parte da Fonte Nova vazia.
Empatando com o Uruguai em 1 a 1, com show de nervosismo, afobação e desorganização tática.
Gols de Valverde e Gerson.
Os uruguaios entraram desfalcados de De La Cruz, contundido, Arrascaeta, operado, e o lateral Nández, suspenso.
Ao final de mais uma partida das intermináveis Eliminatórias Sul-Americanas, as redes sociais ficaram infestadas.
Eram torcedores desejando, ardentemente, a única saída aparente.
A volta de Neymar, em 2025.
Quando o Brasil voltar a campo, no dia 23 de março, o atacante já terá completado 33 anos.
Ninguém tem a certeza de como ele voltará a atuar tecnicamente, depois da gravíssima reconstrução dos ligamentos cruzados do joelho esquerdo.
Nem como será sua rotina física, já que na segunda partida, depois de um ano, teve outra séria contusão na coxa direita, que levará seis semanas para retornar.
São 28 contusões, que custaram cerca de dois anos, no total, sem entrar em campo.
“Espero que isso volte a acontecer em março, ou na seguinte. É tudo que queremos ver ele em totais condições para que ele possa fazer o melhor dele. Não tenho dúvidas de que com o Neymar o desempenho da Seleção será ainda maior”, disse, esperançoso, Dorival Júnior.
Aliás, o treinador e seus jogadores decidiram optar por um caminho estranho.
O da negação.
Não assumir o fraco futebol da Seleção Brasileira.
Já foi assim depois do empate diante da péssima Venezuela, que ontem foi goleada pelo lanterna das Eliminatórias, o Chile, por 4 a 2.
“O trabalho vem melhorando a cada momento. Percebo isso em todas as colocações dos jogadores. Essas últimas duas partidas tivemos um bom volume, poderíamos ter uma sorte melhor, um gol a mais daria a chance de finalizarmos este ano na segunda posição. Acho que muitas coisas mudaram. Estamos num caminho, queremos o resultado, estamos próximos que isso aconteça, mas temos que ter paciência para encontrar a equipe ideal, uma que passe mais confiança ao torcedor”, o treinador falava e suas palavras provocavam surpresa na sala de imprensa da Fonte Nova.
Confrontado, diante das vaias, pelo confuso futebol do time que terminou o jogo com esquema tático digno dos anos 70, com três zagueiros, dois meio-campistas e cinco atacantes, o treinador não se rendeu as evidências.
“As vaias foram pelo resultado. Ao fim do primeiro tempo elas foram mínimas. O resultado não vindo é natural, mas a torcida não interferiu em momento nenhum. Nos passaram tranquilidade, estiveram presentes. Está de parabéns o público. Em Salvador, Belém, Curitiba, São Paulo, Brasília, todos estão. Em todos os lugares sentimos o carinho do torcedor, que está voltando a ter uma confiança na Seleção Brasileira.”
Vaias não são demonstração de confiança em lugar nenhum do mundo.
Raphinha foi o melhor da partida. Só que sua irritação em campo, com o fraco futebol coletivo, era evidente. Os erros de passe, a dificuldade dos companheiros em criarem chances de gol, a precipitação nos arremates, mais a forte marcação uruguaia quase o tiraram de campo. Tomou amarelo e arriscou ser expulso.
O jogador do Barcelona apelou até para palavrão, tentando convencer quem acompanhava sua entrevista após a partida.
‘’Acho que a vaia é mais pelo resultado, porque na minha opinião jogamos para ca...
“Estou orgulhoso de quem jogou e até quem está no banco. Fizemos de tudo para buscar o resultado
‘’Jogamos muita bola, tem que sair de cabeça erguida.
“O que fizemos aqui vai ser difícil ganhar da gente.
“O futebol pune.
“A gente consegue um ponto importante para a gente.
“A gente é forte e está preparado para qualquer um que vier.”
Se Raphinha assistir o replay do jogo se arrependerá do que disse.
Embora esteja empenhado em negar a realidade, Dorival Júnior não teve como escapar da pergunta óbvia.
Se ele se sente seguro no cargo.
Ficou sem graça, ao perceber que seu discurso vazio não estava convencendo quem assistiu à partida.
“Nós brasileiros olhamos para o lado negativo das coisas. Falo isso de um modo geral e principalmente no futebol. Eu vejo por um outro lado e também não estaria satisfeito se a gente estivesse em segundo lugar, porque acho que nós estamos em um processo. Estamos buscando uma melhora, ela vem acontecendo, isso é muito claro, precisa ainda de um equilíbrio maior. Nós praticamente terminamos o jogo com cinco, seis atacantes.”
O treinador brasileiro segue tentando disfarçar que, uma equipe com ‘cinco, seis atacantes’, como ele mesmo assumiu, não significa jogar bem ou estar bem taticamente. Está muito mais para puro desespero na tentativa de vencer, de qualquer maneira.
Vinicius Júnior, apático, foi a grande decepção da partida.
Aceitou passivamente a marcação uruguaia.
Foi mal quando revezava com Raphinha pelo meio.
Fez questão de não dar entrevista após mais esse jogo, como fez diante da Venezuela, quando perdeu um pênalti.
O presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, estava incomodado após a atuação do Brasil.
E com as vaias dos torcedores baianos, como ele.
Mas garantiu que não pensa em demitir Dorival Júnior, sem querer gravar entrevistas.
A Seleção termina as Eliminatórias em 2024 na quinta colocação.
Atrás da líder Argentina, Uruguai, Equador e Colômbia.
Nesta data-Fifa empatou com a Venezuela e Uruguai.
Pior do que a colocação só o futebol confuso, com o time tenso.
E Dorival tentando convencer que o Brasil não para de evoluir...
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