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Cosme Rímoli - Blogs

Botafogo sente pressão do Palmeiras. Desesperado com o 0 a 0 com o Cuiabá, Artur Jorge grita com seu jogador por fair play. ‘Vim para ganhar. Não para fazer amigos’

Pelo planejamento do time carioca, a vitória era ‘obrigatória’ ontem, contra o Cuiabá. O líder teria de vencer o penúltimo colocado do Brasileiro, jogando no Rio de Janeiro. O time mostrou nervosismo. Deu 27 arremates a gol, seu recorde, mas não marcou

Cosme Rímoli|Do R7

Artur Jorge grita com Bastos. Por zagueiro devolver a bola ao Cuiabá. Por ter jogador contundido Botafogo/Vitor Silva

0 a 0 contra o fraquíssimo Cuiabá.

O resultado foi caótico para o Botafogo.

Frustrou os torcedores que lotaram o Nilton Santos, ontem à tarde.

Eles foram para o estádio no Rio de Janeiro para festejar.


Anteviam a goleada.

Ver seu clube, líder do Brasileiro, fazer a lógica e vencer o penúltimo.


E manter a vantagem de seis pontos diante do Palmeiras.

Ficar a cinco rodadas do fim do campeonato com a ‘mão na taça’.


Ainda levar esse alto astral para a decisão da Libertadores.

Ter tranquilidade em mais uma interminável e aborrecida data-Fifa.

A vitória era obrigatória, depois de o Palmeiras ter derrotado o Grêmio, na sexta-feira.

Só que a previsível retranca do jovem técnico Bernardo Franco deu certo.

O treinador de 38 anos tratou de montar seu time no 4-5-1.

Foi esperto, não fez o Cuiabá se encolher, mas travar o Botafogo na intermediária, na raiz das articulações ofensivas.

E travou as laterais.

Mandou seus jogadores fazerem, sim, muita cera.

Fazer o tempo passar.

Tudo isso tirou a concentração, mudou completamente o enredo que os botafoguenses haviam sonhado.

Eles foram perdendo a coordenação, a sincronia de movimentos, apelando para cruzamentos em excessos.

O que só facilitou o sistema defensivo do Cuiabá.

O Botafogo montado em um clássico 4-3-3, não tinha como penetrar na área adversária.

Suas iniciativas morriam na intermediária.

O que deixavam os jogadores e torcidas afobados.

O recorde de arremates a gol do Botafogo, no Brasileiro, 27, foram a grande maioria, precipitados.

O time queria ganhar de qualquer maneira, sem coordenação.

Artur Jorge errou feio ao não perceber que a tensão dominava seu time.

A partida que deveria ser fácil, trouxe pura agonia.

O português que tinha a obrigação de passar firmeza, mostrar os caminhos, se deixou levar pela irritação, prejudicando ainda mais o estado emocional do time.

Como quando, ainda no primeiro tempo, gritou com o angolano Bastos, que percebeu um jogador do Cuiabá caído.

“Eu não gosto (de cera), eu estou aqui para ganhar jogos, não estou para ter uma equipe simpática. Não estou para ter uma equipe que quer fazer amigos do outro lado, estou aqui para ganhar jogos e é dessa forma que eu me avalio.

“Não fiquei satisfeito, vocês perceberam que não fiquei satisfeito de devolver a bola, quando claramente aquilo foi uma paragem técnica. O jogador estava no chão para que toda a gente fosse ao banco e pudesse receber instruções.

" Não gostei e fiquei chateado com o Bastos. Disse no intervalo exatamente isso porque já ando nisto há muito tempo e sei perfeitamente que tudo serve para poder arranjar maneira de quebrar o ritmo de jogo. E sabendo que somos uma equipe rápida, uma equipe que tem dinâmicas intensas, do outro lado vamos apanhar e já apanhamos algumas equipes desta forma. Que percebendo ou não, ou compreendendo ou não, estratégias que o adversário possa ter”, reclamou o técnico que fez, exatamente, a mesma coisa, por exemplo, quando o Botafogo ganhou a vaga para as quartas da Libertadores, do Palmeiras, no Allianz, neste ano.

Os jogadores botafoguenses sentiram o estado de espírito do português.

E buscavam entre eles calma e a melhor estratégia para tentar vencer o jogo.

Mas ficaram contaminados pela tensão que vinha do banco e das arquibancadas.

Igor Jesus e Luiz Henrique tiveram atuações muito abaixo, por conta do nervosismo de se verem encurralados, travados pelas barreiras humanas montadas pelo Cuiabá.

No final, o 0 a 0, que deixou o clube com a vantagem de apenas quatro pontos diante do Palmeiras.

E vai enfrentar o rival no Allianz Parque, daqui três rodadas.

Artur Jorge, de 52 anos, deixou as coisas ainda piores.

Alertou que a situação pode ainda ficar pior já depois da data-Fifa, quando o time enfrentará o Atlético Mineiro, no dia 20, em Belo Horizonte. Será o mesmo adversário da final da Libertadores e que terá o maior prazer em tumultuar a vida do rival no Campeonato Nacional, para ter reflexo na decisão, em Buenos Aires.

O Botafogo tem convocados Luiz Henrique, Igor Jesus, Almada, Savarino, Bastos e Gatito Fernández.

“Me parece um absurdo ter jogo um dia após as seleções jogarem. A Seleção Brasileira vai jogar aqui no Brasil, a Argentina vai jogar em Buenos Aires, a Venezuela no Chile, o Paraguai (na Bolívia)…

“Teremos jogadores espalhados por esse continente com 24 horas ou menos para tentar chegar ao jogo seguinte. Obviamente isso vai ter impacto e influência nas minhas opções para o jogo contra o Atlético.

“Se todos jogarem e derem sua contribuição para as seleções, fica o Botafogo privado de ter esses jogadores, ou pelo menos de tê-los em sua plenitude, para um jogo de extrema importância. Estou falando disso nos últimos cinco jogos do campeonato. Conseguimos ter uma equipe que luta pelo título condicionada e privada dos jogadores porque tem jogos das seleções no dia anterior ao jogo. Isso para mim é um absurdo.”

Os jogadores estão liberados de suas seleções no 19 e no dia 20 haverá a partida contra o Atlético Mineiro.

Artur Jorge não quer mais comparações do Botafogo, que deixou o título escapar, em 2023, com 14 pontos de vantagem, com o time que dirige, um ano depois.

Só que ele mesmo está deixando o clima muito mais tenso nesta reta final de Brasileiro.

Os dois pontos desperdiçados de ontem são irrecuperáveis.

O elenco do Cuiabá é fraquíssimo e ocupa a penúltima colocação, virtualmente rebaixado.

O que aconteceu ontem no Nilton Santos foi sim, um vexame...



Veja também: Abel destaca resiliência do Palmeiras em vitória e elogia rival na briga pelo título

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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