Borussia 4, Schalke 0. O futebol voltou. Vitória da humanidade
Com segurança, a Alemanha celebra o retorno do futebol em plena pandemia. Com organização e com o coronavírus em baixa, o esporte é possível
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Alívio, superação, vitória da responsabilidade.
A goleada do Dortmund por 4 a 0, diante do Schalke 04, foi o que menos importou.
Neste sábado, dia 16 de maio de 2020, marca a volta do futebol.
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O mundo parou para ver o poder de adaptação da humanidade.
Em plena pandemia do coronavírus, sem a descoberta de uma vacina, de um medicamento que evite o contágio, a Alemanha demonstrou sua organização e pôde desfrutar o esporte, por ter levado a sério o isolamento social, as recomendações científicas para enffrentar a doença mortal.
Depois de 66 dias sem futebol, no oitavo país em contágio, com 170 mil pessoas atingidas pela doença e oito mil mortos, retornou.
Sem público, sem abraços, com máscaras e distanciamento de um metro e meio entre os reservas.
Mas com dignidade e racionalidade.
O triste auge da pandemia aconteceu em abril.
A contaminação baixou ao ponto de o governo autorizar não só a volta do futebol, mas do comércio. O afrouxamento de suas fronteiras. Bares e restaurantes dependem de cada estado.
"O pior na Alemanha já passou. Por isso concordamos com a volta do futebol e a alegria que ele traz", disse, empolgada, a chanceler Angela Merkel.
Ela sabe melhor do que ninguém, a função social do principal esporte do mundo. A de entreter, aliviar as tensões, desviar o foco do problemas endêmicos de um país.
No Brasil, por exemplo, as eleições presidenciais não acontecem durante anos de Copas do Mundo por acaso.
A Liga Alemã sempre esteve em terceiro plano no mundo.
Perde em audiência na tevê para a Espanhola, para a Inglesa.
Mas é disparada a líder nos estádios.
Quase sempre repletos, refletindo o forte sentimento nacionalista dos alemães, sobreviventes a duas terríveis derrotas em guerras mundiais.
O povo acostumado a se superar aceitou mais esse desafio.
E mostrou para o mundo como se pode voltar a jogar futebol.
Jogadores, funcionários, árbitros, jornalistas, cinegrafistas foram testados. E ficaram em confinamento. Se submeteram ainda hoje à medição de temperatura, principal característica do coronavírus, antes de entrarem nos estádios.
As autoridades proibiram torcedores de se juntar em volta das arenas. A ordem era para acompanhar aos jogos em casa, pela televisão. Mesmo as fanáticas torcidas organizadas cumpriram as determinações.
Os jogadores foram instruídos a não darem as mãos antes dos confrontos. E quando saíssem gols, fossem comemorados com toques de cotovelos. Nada de abraços. Mesmo no momento de maior euforia, lembrar da pandemia.
Foram cinco partidas que marcaram o reinício da elite do futebol.
O Red Bull Leipezig empatou com Freiburg por 1 a 1. O Hoffenheim perdeu em casa para o Hertha Berlim por 3 a 0. Fortuna Dusseldorf empartou Padeborn, 0 a 0. O Augusburg foi derrotado por 2 a 1 para o Wolfsburg.
Mas foi o clássico entre Borussia Dortmund e Schalke 04 que catalizou as maiores atenções. Pela tradição, pelos jogadores mais importantes. E o Borussia, mesmo desfalcado, não tomou conhecimento do rival.
4 a 0 foi até pouco.
Haaland, a jovem norueguês e grande estrela do time, marcou o primeiro gol. Guerreiro marcou o segundo, Haazard, o terceiro. E Guerrero fez mais um.
A pandemia esteve sempre como uma sombra na partida.
Foi um teste psicológico enorme para os jogadores.
Principalmente quando entraram em campo.
Nos gols.
fE ao término da partida, no momento mais emocionante.
Quando os atletas do Borussia, acostumados a celebrar cada vitória com sua fanática torcida, se voltaram aos funcionários que estavam trabalhando no jogo. Na limpeza, na organização, no policiamento da partida.
Os jogadores ficaram um ao lado do outro, com um metro e meio de distância e os aplaudiram. Sabiam que eles também aceitaram o risco do retorno do futebol, como eles.
O Borussia ficou a um ponto do líder Bayern, que jogará amnhã. São 55 pontos contra 54.
Começou hoje a 26ª rodada do Alemão.
Foi mais uma vitória não só do povo alemão.
Mas da humanidade...
Estádio vazio, festa tímida, mas bom futebol na volta do Alemão. Confira
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