Bolsonaro saboreia a histórica derrota da inimiga Globo
O presidente conseguiu implodir o monopólio da transmissão do futebol no país. Sua MP fez com que a final do Carioca derrubasse o Jornal Nacional
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Desde 2015, o Jornal Nacional liderava todos os dias seu horário.
No Brasil todo.
No Rio de Janeiro, sede da Globo, foi derrotado.
Justamente pela transmissão do Campeonato Carioca.
"Conseguimos democratizar os jogos pela tevê no Brasil. Não pertencem mais apenas a uma emissora. Não estava certo", comemorou o presidente Rodolfo Landim, após a partida.
Ele sabia que o que ocorreu ontem foi graças à Medida Provisória 948, criada pelo inimigo número um da emissora, Jair Bolsonaro.
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Ela permite ao clube, que não tem contrato de transmissão, negociar as imagens de suas partidas como mandante. Independentemente do adversário ter.
Foi o que o Flamengo fez.
Encaminhou para o SBT.
Silvio Santos era contra o futebol, depois que a CBF foi cúmplice da Globo. Viabilizou que a emissora tomasse a Copa do Brasil, em 1998. Torneio que era desprezado e o canal paulista transformou em um sucesso.
Na implosão do Clube dos 13, em 2011, mesma coisa. Quando a cúpula da Globo percebeu que poderia perder o leilão coletivo pelo Brasileiro, implodiu o Clube dos 13, com a orientação da CBF e protagonismo de Corinthians e Flamengo, que romperam, passaram a negociar de forma isolada seus contratos. E logo foram seguidos por todas as equipes.
O Flamengo soube usar a guerra entre Globo e Bolsonaro. Rodolfo Landim foi chamado pelo presidente para liderar o retorno do futebol no Brasil, em plena pandemia. Landim explicou que o Flamengo não tinha contrato com a Globo e o retorno do Carioca seria ótimo para os outros clubes, não para o seu.
Mostrou como a emissora dominava o futebol brasileiro. E lembrou a Bolsonaro que em outros países, como na Alemanha, Inglaterra e Portugal, os mandantes decidem com que emissora negociar.
O presidente entendeu o que a Globo faz no futebol brasileiro.
E decretou a MP 948.
Que deve virar lei nos próximos meses.
Coube ao ministro das Comunicações, Fabio Faria, aproximar Silvio Santos e convencê-lo a investir de novo no futebol.
A meta era chegar a 10 pontos de audiência em São Paulo. E tentar encostar na Globo, no Rio de Janeiro.
O SBT chegou a 12 pontos, 20% a mais do esperado. E quebrou a hegemonia do Jornal Nacional no Rio de Janeiro.
Esteve, pela primeira vez na sua existência, como o assunto mais comentado do twitter no mundo.
Algo que, no futebol, era privilégio da Globo.
Silvio sempre quis buscar a força da internet para sua emissora.
Além disso, sem tanta esperança, colocou seis cotas para tentarem serem vendidas na transmissão da final de ontem.
Vendeu sete.
Havan, PicPay, Hypera Pharma (Miorrelax), Ambev (cerveja Brahma Duplo Malte), Unilever (shampoo Clear) e Estácio.
Cada uma delas foi negociada a R$ 7,9 milhões.
Arrecadou R$ 55,3 milhões.
Dividiu o dinheiro com o Flamengo.
O sucesso foi muito maior do que Silvio Santos esperava.
E a aproximação do Flamengo tem tudo para se consolidar.
Assim como da Ferj, que promete insistir no processo contra a Globo, por não ter transmitido as finais do Carioca.
O contrato que a Globo tinha para mostrar o Estadual do Rio de Janeiro até 2024 foi rescindido.
O SBT está interessado em assumir a competição.
O fim do monopólio ressuscitou a Bandeirantes. A cúpula da emissora quer se livrar dos cerca de R$ 12 milhões que deve à Globo e voltar a investir na transmissão do futebol, investindo em clubes mandantes. A Rede TV! também avalia essa possibilidade.
Enquanto isso, se recuperando da covid-19, Jair Bolsonaro saboreava a derrota da Globo.
Com a camisa do Flamengo, ele posava feliz, em frente à imagem da final do Carioca, mostrada pelo SBT.
Mandou que a imagem fosse postada nas redes sociais.
Sabia que hoje estaria nos principais portais.
Foi uma derrota histórica da Globo.
E o presidente desfrutou com prazer...
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