Bate-boca entre Rivaldo e Neymar ‘ganha o mundo’. Situação desnecessária, infantil, sem sentido. E que só promove Romário

Romário decidiu seguir os passos de Jorge Kajuru, entre outros políticos.

E o senador da República criou seu podcast.

Fez a escolha certeira do seu primeiro entrevistado.

Neymar.

Sabia que haveria polêmica, o que significa repercussão para o seu canal.

Se sentindo muito mais à vontade, porque falava com um ex-jogador, o principal jogador brasileiro desta geração se soltou.

A entrevista foi interessante.

Mas Neymar caiu em uma armadilha boba.

Típica de conversa descontraída na praia, com os dois tomando água de coca.

Imaginando coisas absurdas, bizarras, infantis.

Com a mesma relevância de que, se alguém perguntasse, se ele dançaria melhor do Jacaré, no grupo É o Tchan!

O atleta do Al-Hilal fez questão de dizer publicamente que teria lugar como titular do Brasil, na Copa de 70.

No de Tostão.

Na de 1994, tomaria o lugar de Dunga.

E na de 2002, faria Rivaldo ficar no banco de reservas.

“Auge com auge, eu jogaria no lugar de Rivaldo.”

Absurdo.

Uma enorme bobagem.

Típico de quem não gosta de assistir futebol, como Neymar assume fazer.

Em 1999, Rivaldo recebeu da Fifa o prêmio de melhor do mundo.

E foi o principal articulador ofensivo do time.

Indiscutível.

Foi vice artilheiro da Copa.

“O Rivaldo foi para mim, disparado, o mais importante para a Seleção.

“O responsável pelo Brasil ganhar o pentacampeonato mundial.”

As palavras são de Luiz Felipe Scolari, o treinador daquele time.

“Sem o Rivaldo seria impossível ganhar a Copa”, resumiu Ronaldo Fenômeno.

“O Rivaldo foi fundamental para a nossa seleção”, diz Ronaldinho Gaúcho.

O ex-jogador do Barcelona se espantou com o ataque gratuito.

As palavras de Neymar ganharam o mundo.

O troco veio.

“Com todo o respeito e admiração que tenho por ele, posso afirmar com 100% de certeza que isso não aconteceria. Naquela época, eu estava tão focado, determinado e faminto por conquistar o título mundial que ninguém, por melhor que fosse no auge da carreira, conseguiria tirar minha posição.

“Digo isso com muito amor e respeito, mas também com a confiança de quem viveu aquele momento e sabe o quanto lutou para ser campeão do mundo.”

Neymar, sem saber, atingiu o ponto fraco de Rivaldo.

Ele se sente desvalorizado por tudo que fez no mundial.

Já disse que por não ser polêmico, não teve a atenção de Ronaldo e de Ronaldinho Gaúcho.

Só que Rivaldo também atingiu o calcanhar de Aquiles de Neymar.

A acusação comum, por parte de vários jornalistas, que ele não manteve o foco na carreira.

Disputou três Copas.

Perdeu todas com o Brasil.

O melhor resultado foi o terceiro lugar, em 2014.

A raiva de Neymar veio na tréplica.

“Calma, meu amigo. Todos os jogadores brasileiros que disputaram uma Copa se dedicaram e focaram 100%. Uns conseguiram o objetivo final, outros, infelizmente, não. E faz parte do futebol. Sempre te respeitei e jamais vou tirar o mérito de quem você é para o futebol brasileiro. Foi apenas uma escolha entre os três e você não quer que eu tire Ronaldo e Ronaldinho, né!?”

Ironizou...

Tive a sorte de acompanhar, in loco, as últimas oito Copas do Mundo.

Ronaldinho e, muito menos Ronaldo, deveriam sair do time para entrar Neymar.

Nem Rivaldo.

Nesse tolo exercício de imaginação, Neymar seria reserva.

Mesmo no seu auge, no Barcelona, jamais foi protagonista.

Esteve na sombra de Messi.

Outra vez, ele desgasta sua imagem não só com Rivaldo, que foi sempre o defendeu.

Não há como desprezar o que Tostão fez na Copa de 1970.

Mesmo se o ex-jogador mineiro tenha falado ‘para agradar’ Neymar.

Não há comparação com a eficácia, a visão de jogo privilegiada, o talento de Tostão.

Ele jogou de maneira espetacular contra a Inglaterra e Itália.

Algo que jamais Neymar fez nos Mundiais que disputou.

No máximo enfrentou países ‘médios’ como Bélgica e Croácia.

Fracassou.

Quanto a Dunga, só quem não conhece futebol para entender a sua importância para o grupo de 1994.

O poder de marcação, vibração.

A cobertura dos laterais ofensivos da Seleção.

A sua liderança em campo.

Algo que Neymar jamais chegou perto com a tarja de capitão da Seleção.

Tanto que não suportou a pressão, pelas cobranças, e pediu para Tite.

Não queria mais ser capitão do Brasil.

Mais um pedido que Tite atendeu de Neymar.

Rindo muito com tudo isso está o senador Romário.

Ganhou divulgação espontânea.

Quanto mais os dois ídolos do futebol brasileiro baterem boca, melhor para ele.

Neymar está sendo muito criticado nas redes sociais.

Outra polêmica vazia na sua carreira.

No futuro, com certeza, haverá um post nas redes sociais, com Neymar e Rivaldo se abraçando.

E o jogador do Al-Hilal tentando ironizar quem instigou a ‘briga’.

Mas foi ele mesmo, mais uma vez, criou problema para ele mesmo.

Triste para um homem que completará 33 anos daqui a 19 dias...