Até Ceni sabe. Pedro é o maior injustiçado do futebol neste país
O atacante de 23 anos tem qualidades de sobra. Maior média de gols no Flamengo. Mas é mero reserva. Não há como jogar com Gabigol. E nem ganhar sua posição
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
27 gols em 60 partidas.
Um gol a cada 111 minutos.
A maior média de gols na Gávea.
Fora cinco assistências.
Em muitos dos jogos, como ontem, saindo do banco de reservas.
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Seu valor atual de mercado é de 12 milhões de euros, cerca de R$ 78 milhões, de acordo com o site especializado em transferências, Transfermarkt.
Mas essa é a vida de Pedro no Flamengo.
O atacante de 23 anos tem mostrado além de ótimo futebol, enorme paciência, companherismo e humildade.
Ele sabe que, pelo esquema tático utilizado por Rogério Ceni, a escolha é simples. Ou ele ou Gabigol.
O maior ídolo do Flamengo está no auge e não há como Pedro sonhar em ganhar sua posição.

Rogério Ceni vê os dois ocupando o mesmo espaço e que o melhor será saber que tem dois artilheiros prontos, em forma. Um como titular e outro esperando no banco de reservas.
"Fico feliz por estar contribuindo com mais um gol, mesmo com pouco tempo em campo.
"Você tem que estar mentalmente forte, aproveitando cada segundo em campo. Flamengo pede isso, concentração total, não só pros 11 que começam jogando. Quem está no banco também tem que estar atento pra entrar 100%. É o que venho fazendo", disse Pedro, ontem, após marcar o quarto e mais belo gol do Flamengo, contra o time chileno do Unión La Calera, na goleada por 4 a 1, na segunda partida da fase de grupos pela Libertadores.
É um enorme desperdício.
Rogério Ceni sabe.
A diretoria do Flamengo pagou 14 milhões de euros, cerca de R$ 91 milhões, pelo atacante. Seu preço já caiu no mercado. Por ser reserva.
Mas os dirigentes não questionam o técnico.
Até Gabigol sabe da importância, do ótimo futebol de Pedro.
"Sombra para mim? Não. O Pedro é sombra para os adversários. Ele está comigo! Quem tem de correr atrás são os outros (os adversários). Eu sempre admirei o futebol do Pedro, desde os tempos que eu jogava no Santos. O problema (de ter Pedro na sua reserva) não é meu. É dos adversários."
Ceni sabe muito bem da pressão da imprensa e de torcedores para que a dupla atue junta.
Nesta temporada de 2021, ele colocou os dois nos oito minutos finais, contra o Vélez, quando o placar já estava 3 a 2 para o Flamengo.

Ceni escalou Gabigol e Pedro contra o Volta Redonda, do início ao final da partida. O time venceu por 2 a 1, conquistou a Taça Guanabara. Mas a dupla foi mal, com os atletas instintivamente ocupando o mesmo lugar na área.
E ontem, mais 11 minutos dos dois juntos.
Para Ceni, a questão é insolúvel.
Ele precisa da explosão, da velocidade de Bruno Henrique, da liberdade de Gabigol, nos limites e dentro da grande área. Do espaço para as infiltrações dos meias Everton Ribeiro e Arrascaeta. Assim como as triangulações pelos lados, como Filipe Luís e Isla.
Um centroavante moderno, exímio cabeceador, talentoso com a bola nos pés, sangue frio diante dos goleiros adversários, obediente taticamente, serviria como titular em qualquer clube brasileiro.
Menos no Flamengo, de Gabigol.
Pedro voltou da desventura que passou na Fiorentina, que o contratou como um velocista, que nunca foi, para jogar nos contragolpes.
Estava empolgado pela chance de defender o Flamengo.
Sonhando em se firmar na Seleção Brasileira.
Mas como Tite pode apostar em um reserva?
Aos 23 anos, Pedro é disciplinado, dedicado, respeitoso.
Entende a situação.
Recebe R$ 600 mil mensais.

Mas até Rogério Ceni sabe, ao dar a camisa 21 ao jogador.
É o maior injustiçado do futebol brasilero.
Não há o que fazer na Gávea.
Gabigol é intocável.
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