'Asiáticos, não!' Tite não queria amistosos contra Japão e Coreia antes da Copa. CBF nem imaginava novo jogo com a Argentina
O trabalho de preparação da CBF antes do Mundial do Catar é amador. Tite precisava de amistosos contra escolas africanas e europeias. O Brasil jogará contra Camarões, Suíça e Sérvia. CBF arrumou Japão e Coreia
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Em uma singela entrevista feita em Doha, no Catar, Tite deixou escapar quanto está caótica a preparação da seleção para a Copa do Mundo de 2022.
O blog teve acesso ao diálogo entre o treinador da seleção brasileira, pentacampeã do mundo, com o repórter Leonardo Baran, da PUC TV Goiás.
"Em relação a amistosos, vale a pena enfrentar seleções asiáticas, se vamos jogar contra seleções europeias e uma africana (Suíça, Sérvia e Camarões, na fase de grupos da Copa)?
Tite cruza os braços, tenso. Ele tem o coordenador de Seleções e encarregado de marcar os amistosos antes do Mundial, Juninho Paulista, ao seu lado.
"Buscar dentro das possibilidades (adversários) identificados com a mesma escola. Escola africana, escola africana."
"Asiáticos, não. Independentemente que futuramente (na Copa) possa haver esse enfrentamento. O Juninho vai ter essa sensibilidade."
Tite deu essa entrevista no dia 2 de abril.
Pois no dia 19 de abril, 17 dias depois, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, confirmou a realização de dois amistosos em junho.
Os adversários?
De forma inacreditável, Japão e Coreia do Sul. Dois times asiáticos, escola que o Brasil não enfrentará na fase de grupos.
E que Tite foi bem claro.
"Asiáticos, não!"
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A incrível falta de trabalho diplomático e de relacionamento com a Fifa faz a seleção passar por outra situação absurda.
Tite ficou emocionado até após a partida contra o Chile, no dia 24 de março.
Seria a última antes da Copa do Catar. Após o Mundial, ele deixará de ser treinador da seleção, ganhando ou perdendo a competição.
"Tem muitos significados, muitas situações... São muitos e são muito particulares. Muito obrigado aos torcedores que compareceram hoje ao Maracanã, muito obrigado", falou com os olhos marejados.
Ele nunca imaginaria que no dia 22 de setembro a seleção vai enfrentar a Argentina, em território nacional. A confirmação veio ontem, por parte da Fifa. O jogo ainda faz parte das Eliminatórias da Copa. Embora os dois times estejam classificados, terão de cumprir a tabela.
O jogo foi interrompido no dia 5 de setembro do ano passado, quando agentes da Anvisa invadiram o gramado do estádio do Corinthians para impedir o prosseguimento da partida pelo fato de os argentinos terem desrespeitado o protocolo contra a disseminação de Covid no país.
O mais absurdo é que a organização da Pitch, empresa que detém o direito dos amistosos de Brasil e Argentina, confirmou a partida entre essas duas seleções. Na Austrália! No dia 11 de junho, no estádio Melbourne Cricket Ground, em Melbourne.
Brasil e Argentina farão duas partidas entre si antes da Copa do Mundo?
Nem a cúpula da CBF pode confirmar.
O diário Olé já avisa que a Associação de Futebol da Argentina não quer esse jogo na Austrália. E está pressionando a Pitch a cancelá-lo.
A CBF não se posicionou ainda.
Não tinha a menor ideia que essa partida pelas Eliminatórias seria confirmada.
E pode atrapalhar, porque, apesar dos dois times já classificados, são os maiores rivais da América do Sul.
Ambos estão invictos nas Eliminatórias.
A partida acontecerá exatamente dois meses e dois dias antes da estreia do Brasil no Catar.
Ou seja, faltam cinco meses para a Copa do Mundo.
E ainda não há o caminho dos amistosos.
Só a confirmação de dois jogos que Tite não queria.
Contra Japão e Coreia do Sul, times asiáticos, que exploram a velocidade, atuam de forma leve, espaçada. Deixam muito espaço para contragolpes. E seguem com problemas crônicos nas bolas aéreas.
Ao contrário de Sérvia e Suíça, que impõe o "jogo de força", com excessivo contato físico e alto poder de marcação e muita intensidade.
E Camarões, com vários jogadores atuando na Europa, explora o toque de bola, a criatividade, as triangulações ofensivas. Com marcação forte, que beira a violência.
Ou seja, nada a ver com japoneses e coreanos.
Chega a ser assustador o improviso da CBF com a seleção.
Mas há motivo de celebração para a entidade.
O balanço de 2021 foi sensacional.
Faturou mais de R$ 1 bilhão.
Dinheiro, sim.
Organização, planejamento, não...
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