As lágrimas do espetacular Zé Sérgio. Erros médicos sabotaram a carreira do melhor jogador do Brasil. Exclusiva
Em 1980, ele era unanimidade. Ganhou disparado a eleição de melhor jogador do Brasil. Na frente de Sócrates, Zico, Roberto Dinamite, Falcão. Telê Santana tinha garantido que seria titular na Copa de 1982. Mas vieram os erros médicos. E o mundo de Zé Sérgio virou de cabeça para baixo

Zico, Sócrates, Falcão?
Não, o melhor jogador deste país, em 1980, se tinha nome. Zé Sérgio, do São Paulo.
Escolhido por jornalistas de todo território nacional.
Quem viveu aquela época é privilegiado.
Acompanhou os dribles deste jogador ambidestro, que enlouquecia defesas adversárias.
E não era parado nem por pontapés.
Ágil, corajoso, talentoso, devolvia os chutes que levava, humilhando seus marcadores, com dribles que terminavam em gols. Dele ou de companheiros de time.
“Eu cansei de marcar gols por causa do Zé Sérgio. Era só tocar na esquerda e esperar. A bola chegava. Era só cabecear ou tocar para desviar do goleiro. Ele sabe o quanto foi importante para que eu me tornasse o maior artilheiro da história do São Paulo”, elogia Serginho.
”Eu tinha muito prazer em driblar e cruzar para meu time fazer os gols. Eu era ambidestro, ou seja, driblava com a direita ou com a esquerda. Além disso, minha velocidade era alta. Sempre fui objetivo, queria ganhar os jogos, não driblava para trás. Queria o gol do meu time, da Seleção Brasileira.“
Zé Sérgio surgiu como um cometa. Adaptou os dribles do futsal com os do futebol de campo. Seu parentesco distante com Rivellino foi útil no início da carreira. Aliás, não ficou no Corinthians porque era longe de sua casa.
Preferiu o São Paulo.
Foi a revelação de 1977. Estava na Copa do Mundo em 1978, na Argentina.
E melhor jogador do Brasil em 1980. Foi também o grande destaque do Mundialito do Uruguai. Fez uma partida inesquecível contra a Alemanha, na vitória por 4 a 1.
“Estava tudo certo. Era titular da Seleção. O Telê já havia dito que contava comigo para a Copa do Mundo de 1982. Eu quase fui para o Milan. Estava tudo ótimo.
“Mas vieram a fissura no meu braço por um soco de um zagueiro da Seleção do México. Era um amistoso em Los Angeles. O São Paulo me colocou em campo só 20 dias depois. Tomei um pontapé, cai sobre o braço, que quebrou.
"Fui operado, mas não ficou bom. Depois, enquanto treinava, com o braço imobilizado, torci o joelho. E rompi os ligamentos cruzados. A cirurgia não deu certo”, relembra com tristeza.
“Meu futebol caiu pelo menos 30%. Não consegui ser eu mesmo. Foi horrível.“Para piorar, teve uma gripe forte. O médico que o atendeu no São Paulo receitou Naldecon, remédio popular. Mas havia uma substância que era proibida. E Zé Sérgio foi acusado de doping.
“Foi terrível. Tomei o que o médico do São Paulo me passou. A imprensa da época fez um escândalo. Tanto que o presidente da Federação Paulista da época, Nabi Abi Chedid, resolveu arquivar o processo. Tanto era minha honestidade. Realmente não tomei nada além do que me foi receitado.

“Zé Sérgio perdeu a Copa do Mundo, deixou de ser convocado. Já não era o mesmo jogador. Foi trocado, junto com Humberto, por Pìtta, do Santos. Ficou deprimido.
“Não gostei da maneira com que o São Paulo me trocou.”
Chora ao lembrar do sofrimento que enfrentou.
“Fiquei a ponto de fazer uma besteira comigo.
“Deus me salvou.
“Minha mulher me mostrou o caminho.”
No Santos foi tricampeão paulista, já que tinha conquistado dois títulos com o São Paulo.
As deficiências físicas por erros médicos o atrapalharam. Passou pelo Vasco, de Romário.
Logo foi para o Japão, onde ficou oito anos.Depois trabalhou na base do São Paulo.
Aprimorou Casemiro, por exemplo.
Por disputa política saiu.
Magoado. Passou pela Ponte Preta e Ituano, onde foi mestre de Martinelli, também hoje da Seleção Brasileira.
Se cansou da falta de reconhecimento, da interferência de dirigentes e do fraco salário.
“Em 2019, eu parei. Chega de pagar para trabalhar. Os times do Interior pagam muito pouco.”
Muito jovial, nem parece os 68 anos que tem. É dono de um dos times da Kings League.
“Longe do futebol eu não iria ficar”, enfatiza.

Quem teve a sorte de ver Zé Sérgio jogar...
No São Paulo, na Seleção Brasileira, não esquece jamais...
A entrevista exclusiva e completa está no canal Cosme Rímoli.
É uma parceria com o R7.
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