As lágrimas de Fábio secaram. Mas a mágoa pela cruel injustiça de Ronaldo Fenômeno, não. Oferta de volta ao Cruzeiro é tardia
Ronaldo, quase um ano e meio depois, viu a injustiça que cometeu com Fábio. E abre as portas do Cruzeiro ao goleiro. Mas o jogador sabe. Só voltaria se renegociasse a dívida. Vai continuar no Fluminense, que o respeitou
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
"Foi duro, difícil, mas sabíamos que tomaríamos decisões impopulares para tirar o Cruzeiro do buraco. Tenho certeza que o Fábio, quando achar que será o momento de voltar a conversar, de talvez terminar a carreira no Cruzeiro, a gente vai ter prazer de ouvi-lo e de realizar esse sonho dele e da torcida."
"Tivemos centenas de decisões como essas. É muito (espinhoso), decisão impopular, para o torcedor entender isso; não vai ser com comunicado que vai entender, com processo, enfim. E outras coisas que a gente não comunicou, não expôs, mas foi difícil, e o torcedor reagiu com uma agressividade extremista. Foi assustador. Aumentamos a segurança dos diretores, foi muito complicado. Mas passou, deu certo.
"Reafirmo o compromisso de conversar com ele, encontrar uma solução para encerrar a carreira dele no Cruzeiro. As portas estão abertas para ele."
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De maneira direta, Ronaldo expôs seu maior erro e a pior injustiça desde que comprou o futebol do Cruzeiro, em dezembro de 2021.
No gigante bicampeão da Libertadores, atormentado por dois anos na Série B, o grande jogador, o que mais punha a alma nos jogos era o goleiro Fábio.
Mesmo atrás de times fraquíssimos, pela dívida que beirava R$ 1 bilhão, ele salvou o time de inúmeras humilhações.
Além de entregar a alma em campo, o jogador aceitou inúmeros atrasos de salário, premiações, luvas. E o clube mineiro acumulou uma dívida com ele da ordem de R$ 20 milhões.
Era um exemplo de atleta e de homem.
Mas Ronaldo, ao saber da dívida cruzeirense e da idade do jogador, 41 anos, decidiu que ele faria parte da lista de atletas dispensáveis do clube.
Não levou em conta o grande desempenho, os 16 anos de carreira na Toca da Raposa, a idolatria da torcida.
Não aceitou nem conversar em baixar o salário.
Fábio tinha um grande sonho.
Chegar a mil partidas como goleiro titular do Cruzeiro.
Ele tinha 976 jogos.
Chegou a anunciar a renovação antecipada do seu contrato, com o presidente Sérgio Rodrigues, no dia 12 de novembro de 2021, até o fim de 2022.
O contrato foi anunciado. Mas não fechado.
Mas, no fim de dezembro, Rodrigues comemorou a venda de 90% dos direitos do clube a Ronaldo Fenômeno.
E os acordos não assinados por Sérgio foram desprezados. Vanderlei Luxemburgo foi dispensado sem a menor consideração.
Quanto a Fábio, o mesmo modus operandi.
Diante da violenta reação da torcida com a dispensa, Ronaldo ainda ofereceu um contrato de três meses com drástica redução de salário. Apenas para disputar o Mineiro.
Fábio já havia se sentido humilhado.
E percebeu que a oferta do contrato era uma maneira, na verdade, de acalmar os torcedores. E conseguir que os R$ 20 milhões de dívida se tornassem menos do que a metade.
Fábio chegou a chorar ao se despedir do Cruzeiro.
Foi para o Fluminense. E continua sendo um dos maiores goleiros do Brasil. Titular absoluto aos 42 anos. Jogando muito melhor que Rafael Cabral, que ficou no seu lugar em Belo Horizonte. E tem 32 anos, dez a menos.
Rogério Ceni alertou a direção do São Paulo sobre o ótimo desempenho de Fábio. Mas o jogador preferiu renovar seu contrato com o Fluminense, em novembro de 2021. Ele tinha uma cláusula que previa a renovação se conseguisse atuar em pelo menos 60% das partidas. Foi titular em 85% dos jogos. E escolheu seguir nas Laranjeiras.
Mas a dor da dispensa abjeta por parte do Cruzeiro ainda atormenta o jogador.
A declaração de Ronaldo, de portas abertas, feita ontem no SporTV, abriria a chance para o goleiro completar mil jogos pelo time mineiro.
Mas no "convite" está embutida uma negociação para a renegociação da dívida de R$ 20 milhões, situação que Fábio nem cogita.
Depois da humilhação por que passou, quer o dinheiro que é seu por direito.
A retratação pública de Ronaldo é valiosa.
Ele sabe que virou as costas a um jogador que não merecia desprezo.
Fábio encontrou no Fluminense a acolhida que merecia.
A torcida cruzeirense não o esqueceu e o reverencia até hoje.
Mas, se Ronaldo preferir o dinheiro, o goleiro não completará mil partidas no Cruzeiro.
Terminará a carreira onde foi valorizado.
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