Antes de sonhar com Nikão, Cavani, Philippe Coutinho, Leila vive tensão. Não sabe se Abel seguirá no Palmeiras
Mal foi eleita presidente do Palmeiras, Leila avisou: não quer um time 'apenas' protagonista. Quer vencedor. Para isso, novas contratações serão feitas. Ela precisa saber se Abel ficará. Depende do resultado da Libertadores
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Uma das grandes dificuldades de Leila Mejdalani Pereira na sua ascensão meteórica até a presidência do Palmeiras estava no sorriso. Nas participações diárias nas redes sociais, obrigatórias para quem cuida de sua imagem, Leila tinha de sorrir.
Ela é muito séria e rígida, com ela e com suas empresas.
Advogada, participa efetivamente do controle de 11 empresas que possui. Ela nunca quis o papel apenas de esposa de José Roberto Lamacchia. Sua fama, principalmente na Crefisa e na Faculdade das Américas, é de muita rigidez, cobrança por resultados.
Leila conseguiu pulverizar os adversários, a oposição no Palmeiras não teve coragem nem de lançar um candidato à eleição. Sabia que passaria vexame. Ela foi eleita, candidata única. Assumirá no dia 15 do próximo mês.
Mas sabia que seria presidente desde 2017, quando explodiu o escândalo que envolvia ingressos e o ex-presidente Mustafá Contursi, principal articulador político palmeirense. Com ele no exílio, não havia ninguém com força para juntar a oposição.
Leila deu sua primeira entrevista ontem como presidente eleita. Justo em mais um sábado terrível para o Palmeiras, com o time, com seus titulares, derrotado para o competitivo, mas limitado Fortaleza. Com a equipe jogando mal, Weverton e Gustavo Gómez discutindo rispidamente. A apenas uma semana da decisão da Libertadores. Enquanto o Flamengo vencia o Internacional, em Porto Alegre, por 2 a 1, se impondo.
A bilionária Leila teve tempo de sobra e orientações para pensar no futuro do Palmeiras nos próximos três anos, sob seu comando. E sabe que também o nome de sua principal empresa, Crefisa, estará amarrado ao sucesso ou ao fracasso do time nos gramados.
Ainda mais com a concorrência direta do Flamengo, do Atlético Mineiro. E da prometida ascensão do Corinthians, com reforços e dinheiro, vindo da mudança na forma de pagamento do seu estádio.
A Crefisa já investiu R$ 800 milhões no Palmeiras, em seis anos de patrocínio. E Leila fez questão de antecipar a renovação, como Mauricio Galiotte, por mais três anos, por não ter eticamente como negociar o patrocínio da sua empresa com o clube que preside.
"Chega de protagonismo. Protagonistas já somos, queremos ser vitoriosos."
Ou seja, sabe que não adianta, pela expectativa que ela mesma criou, e envolvendo a Crefisa. Não serve para Leila o Palmeiras ser terceiro no Brasileiro, cair em semifinais, perder decisões.
Como o blog já antecipou há mais de seis meses, Leila quer Abel Ferreira como treinador. Felipe Melo com contrato renovado. E contratações importantes. Todas escolhidas por Abel, não impostas por executivo de futebol ou por presidente, como já aconteceu no Palmeiras.
Nomes já circulam entre conselheiros entusiasmados: Philippe Coutinho, Nikão, Soteldo, Ricardo Goulart. E até o uruguaio midiático Cavani.
O imaginário do torcedor está estimulado.
Mas há um enorme problema.
Se o Palmeiras perder a Libertadores, não há certeza de que Abel Ferreira continuará, apesar de ter contrato até dezembro de 2023. O português está irritadíssimo com a pressão, as cobranças da imprensa pelo desempenho do time nestes últimos três meses. Não será surpresa caso não queira continuar. Até mesmo vencendo a competição.
Os planos no Palmeiras passarão a ser efetivados depois da final da Libertadores. Porque se Abel não for ficar, o processo imporá a busca por novo treinador. O impasse é real.
Até no nome do executivo de futebol. Há quem defenda a volta de Alexandre Mattos, marcado por grandes contratações.
Por isso, a confirmação da bilionária Leila Pereira à presidência não trouxe o alívio, a confiança que a diretoria e o Conselho Deliberativo palmeirenses esperavam.
Leia também
Ela vai construir, sim, um hotel para os garotos das categorias de base, que costumam ficar alojados em prédios decadentes, ao redor do Allianz Parque.
E também reformará as piscinas dos anos 80, velha reivindicação dos sócios, mas o foco é no futebol e no elenco caríssimo que o clube possui e que representa também as suas empresas, pelo patrocínio que consumirá entre R$ 80 milhões e R$ 120 milhões a cada um dos três anos deste seu primeiro mandato. Sim, há planos de um segundo.
Se Leila já tem dificuldade para sorrir para as câmeras, ontem estava orgulhosa, mas tensa. Sabe que o momento do Palmeiras é delicado.
Ela será a primeira mulher a comandar o clube conhecido como a torcida mais exigente, mais à flor da pele, capaz de transformar o incentivo em ódio em 90 minutos.
Ser finalista da Libertadores não basta no Palestra Itália.
Se perder, Abel Ferreira sabe que mergulhará na crise.
Não importará se venceu a Libertadores e a Copa do Brasil no início do ano. Virão à tona as perdas da Supercopa do Brasil, da Recopa Sul-Americana, do Paulista, da Copa do Brasil, do Brasileiro de 2021.
O primeiro passo de Leila Pereira como presidente dependerá do que acontecer no sábado, no estádio Centenário, em Montevidéu, contra o Flamengo.
Realmente, a seis dias do jogo, não dá para Leila sorrir...
Veja as seleções já classificadas para a Copa do Mundo de 2022
Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.