Ancelotti não confiou na recuperação de Neymar e não o convocou. O mesmo critério valerá para a Copa. Se não estiver 100% não será chamado. Fez a melhor aposta em Kaio Jorge. Injustiça? Matheus Pereira
Carlo Ancelotti manteve base de 15 jogadores que passou a confiar, desde a sua primeira convocação. Nesta segunda para enfrentar Chile e Bolívia, várias experiências. O melhor foi dar um basta à eterna espera por Neymar. Se recuperar na Seleção? Não

- Goleiros: Alisson (Liverpool), Bento (Al Nassr) e Hugo Souza (Corinthians);
- Laterais: Alex Sandro (Flamengo), Caio Henrique (Monaco), Douglas Santos (Zenit), Vanderson (Monaco) e Wesley (Roma);
- Zagueiros: Alexsandro (Lille), Fabrício Bruno (Cruzeiro), Gabriel Magalhães (Arsenal) e Marquinhos (PSG);
- Meio-campistas: Andrey Santos (Chelsea), Bruno Guimarães (Newcastle), Casemiro (Manchester United), Joelinton (Newcastle) e Paquetá (West Ham);
- Atacantes: Estêvão (Chelsea), Gabriel Martinelli (Arsenal), João Pedro (Chelsea), Kaio Jorge (Cruzeiro), Luiz Henrique (Zenit), Matheus Cunha (Manchester United), Raphinha (Barcelona) e Richarlison (Tottenham).
A lista dos jogadores convocados por Carlo Ancelotti, para as duas últimas partidas das Eliminatórias Sul-Americanas, contra o Chile, dia 4 de setembro, e contra a Bolívia, dia 9, em La Paz.
E cada vez menos causa impacto a ausência de Neymar.
Ancelotti soube que ele teve um edema na coxa esquerda. Ou seja, um inchaço, que pode ser o sinal de estiramento.
O Santos avisou setoristas que era uma lesão menor e que ele poderia, sim, estar entre os convocados para os últimos jogos das Eliminatórias.
Foi o mesmo recado que chegou à CBF.
O técnico italiano mandou agradecer, mas decidiu não convocá-lo. Para Ancelotti ou o jogador chamado está 100% fisicamente ou não fará parte da Seleção Brasileira. Mesmo se tiver o nome de Neymar.

“Neymar não está (na lista), ele teve um pequeno problema na última semana. Mas Neymar não precisamos testá-lo, todo mundo conhece Neymar, a comissão, a Seleção, os torcedores do Brasil conhecem Neymar.
“Como todos os outros, Neymar tem que estar numa boa condição física para ajudar a Seleção nacional a fazer as coisas bem na Copa do Mundo.”
Pela primeira vez, desde que Neymar surgiu, a Seleção Brasileira tem um treinador ‘maior’ do que ele. E que não precisa usá-lo de escudo.

No Santos, era esperada a chamada, já que há a séria esperança de ter o camisa dez, domingo, dia 31, contra o Fluminense, na Vila Belmiro. Mas não há a certeza.
Ancelotti não quis passar por isso. Quer Neymar no auge físico, o que é difícil para o jogador de 33 anos e meio.
A carência em relação a Neymar está passando até por parte da imprensa. Só houve três perguntas na coletiva de 40 minutos sobre o camisa 10 do Santos.
Ele vai perdendo sua relevância, como acontece com qualquer veterano.
Até por sua pobre produtividade. Este ano, só marcou seis gols e deu três assistências. Três gols no e três assistências no Campeonato Paulista.
Ancelotti não está impressionado pelo futebol de Neymar. Não mesmo. Sua fraca participação nos jogos do Santos está sendo observada. Não é nem sombra do espetacular atleta do Barcelona.
O treinador não quer conflitos desnecessários. Sabe o quanto o atleta ainda é midiático. E ídolo no país. Mas ele está preocupado em montar uma seleção competitiva.
Ancelotti repetiu base de atletas fortes fisicamente. Pronto para a intensidade, luta nas intermediárias. Com laterais velozes e ofensivos.
“Um critério muito importante que a comissão técnica considera é o aspecto físico. Jogador que joga pela seleção tem que estar 100% na sua condição física, esse é um critério muito importante para nós.
“Em qualquer posição há muita concorrência. Laterais, meio-campistas, extremos... Se o jogador não está 100%, posso sem problemas chamar a outro”, detalhou o treinador, acostumado a lidar com estrelas. Principalmente no Real Madrid. Se tiver de deixar de fora, em benefício do time, é o que fará.
Ancelotti não quis chamar Vinicius Júnior, que está suspenso e não poderia enfrentar o Chile. Viajar da Espanha para enfrentar a Bolívia em La Paz, julgou ser desnecessário.
Quanto a Neymar e Rodrygo, o treinador garantiu que não ligou para os dois, avisando que não os convocaria.
“Eu não preciso falar com eles para explicar, se eles (Neymar e Rodrygo) quiserem saber algo, tem meu telefone, podem me ligar. Rodrygo tem meu telefone, Neymar não sei, mas creio que sim.”
O jogador do Real Madrid não foi chamado por estar na reserva.
Ele foi muito claro que a convocação desta vez tem o aspecto teste. E fez questão de lembrar os atletas que não foram chamados em relação à sua primeira convocação.
“É uma lista que mudou um pouco em relação à primeira convocação, contra Equador e Paraguai. Tem nove jogadores que não estão agora, como Carlos Augusto, Beraldo, Léo Ortiz, Danilo, Andreas Pereira, Gérson, Antony e Vini.
“Não estão porque a ideia que tenho é conhecer novos jogadores que eu não conheço bem em relação à perfil pessoal.
“Tecnicamente eu conheço todos os jogadores, todos. Quero conhecer outros que podem ajudar a Seleção a fazer as coisas bem. Esses jogadores que não estão trabalharam muito bem na primeira convocação e quero agradecer a cada um deles por isso.”
A grande novidade foi a aposta em Kaio Jorge, que está jogando muito bem. Ele e João Pedro são os melhores atacantes nascidos neste país. E terão chance de atuar contra dois selecionados fracos.
“A característica de um atacante é fazer gol primeiro. E ele está fazendo muitos gols. É o goleador do Campeonato Brasileiro, um atacante muito jovem, que já tem experiência, jogou também na Itália. Então, creio que ele, pelo que está fazendo, merece estar com a equipe nacional”, decretou o técnico.

Triste foi a ausência de Matheus Pereira, melhor meia criativo no país. E que há tempos merece uma chance. E foi esquecido, de novo.
Lucas Paquetá voltou a ser chamado, depois de seu complicado livramento da acusação de manipulação de resultados em apostas.
Douglas Santos foi a surpresa. Ele não era chamado desde 2016. O futebol russo não disputa torneios europeus, por conta da guerra contra a Ucrânia. Foi uma demonstração de quanto a Seleção é carente de laterais.
Ancelotti revelou uma emoção a mais nestas duas partidas.
Comandar o Brasil no Maracanã, na despedida oficial, antes da Copa do Mundo dos Estados Unidos.
“Estou muito emocionado por treinar a Seleção no Maracanã. Não tivemos problemas nesse período, porque o ambiente na Seleção é muito familiar, muito bom, com muita competência, organização, gostei muito do jogo contra o Paraguai, o time jogou um bom futebol.
“Obviamente, o time pode melhorar a qualidade do jogo e a intensidade, mas teremos tempo para fazer tudo isso.”
Ancelotti pensa na Copa do Mundo.
Com ou sem Neymar.
Para ele, tanto faz.
Tem envergadura para levar o melhor time.
Independente até da vontade da direção da CBF, que segue encantada com Neymar...