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Alta direção do Corinthians não aceita que o futebol do clube vire SAF. Projeto foi apresentado no Pacaembu. Não há apoio político para vingar. Mesmo com dívida de R$ 2,7 bilhões

Foi feita uma enorme mobilização para tentar convencer a opinião pública da importância do projeto SAFiel. Só que, quem decide, não aceita mudar o estatuto. E que o clube vire S/A. Nem se for só o futebol, como está sendo proposto

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Mentores do projeto para o Corinthians virar SAF buscam o apoio da imprensa, da opinião pública. Para pressionar a direção corintiana, para que mude o estatuto e o clube poder virar SAF. Não há a menor disposição da alta cúpula Divulgação/SAFiel

“O Corinthians não precisa de SAF.

“Impossível que com tanta gente capacitada, a gente não resolva aqui os problemas do Corinthians.


“Há mais de cem anos, os associados sempre comandaram o clube. E eles transformaram a potência que é hoje.”

Presidente Osmar Stabile, ao ser eleito, dia 25 de agosto.


Em qualquer hipótese, é vedada a aquisição do controle majoritário da SAF por investidores externos, de modo a assegurar que a gestão e o controle institucional permaneçam sob responsabilidade dos associados, preservando-se a identidade, a tradição e a história do Sport Club Corinthians Paulista.”

Esta é a resposta decorada e usada pelo presidente do Conselho Deliberativo, Romeu Tuma Júnior, ao ser indagado sobre a chance de o clube virar SAF.


A posição da esmagadora maioria de conselheiros vai na mesma direção. O clube precisa descobrir uma maneira de solucionar a dívida de R$ 2,7 bilhões. Sem ceder o controle à uma SAF.

As organizadas sempre se posicionaram de forma contrária.


O presidente da Gaviões, Alexandre Oz, que tem influência junto à direção, já repeliu várias vezes a ideia.

“O Corinthians é do povo. E sempre será. SAF no Parque São Jorge jamais”, disse quando pessoas ligadas ao ex-presidente Augusto Melo citaram a possibilidade de o clube imitar o Botafogo.

Osmar Stabile e Romeu Tuma Júnior não foram hoje ao Pacaembu. Não quiseram nem ouvir a proposta de um grupo de empresários, que apresentaram a SAFiel.

A ideia é muito simples.

A SAF teria o controle do futebol. Sócios-torcedores poderiam comprar ações de participação. Eles teriam o poder de votar nos executivos que comandariam tudo relacionado ao time. Com auditorias de dados e cobranças de resultados.

Esses executivos profissionais que teriam a responsabilidade de buscarem dinheiro ao futebol.

Os recursos poderiam ser externos, de pessoas que não têm ligação com o Corinthians.

A parte social seguiria com os sócios, com a tradicional diretoria do clube.

Ou seja, o poder seria repartido.

Executivos comandariam o futebol masculino, feminino, a base, os direitos econômicos dos atletas e os patrocínios do futebol.

E a diretoria, o clube social.

Os torcedores poderiam apenas votar nos executivos que dominariam o futebol.

Os preços das ações da SAFiel estão definidos.

O modelo “investidor profissional” é de 15 mil ações estimadas em R$ 3 milhões (30% do total).

O “varejo amplo” varia de R$ 2.200 a R$ 3 milhões por 11 ações (cerca de 45% do total). Por fim, a “reserva popular” varia de 1 a 10 ações com valores de R$ 200 a R$ 2.000 (25% das ações). É válida apenas uma reserva por CPF com limite máximo de 1,8% das ações.

A expectativa dos idealizadores é arrecadar até R$ 2,5 bilhões com as vendas dessas ações.

O modelo é inspirado no Atlético de Madrid e Bayer de Munique.

No planejamento há mudanças radicais no clube.

A modernização do CT Joaquim Grava, construção de um CT para a base e fazer uma profunda reforma para que a Neo Química Arena passe a poder receber 70 mil torcedores e não 49 mil como é atualmente.

Os idealizadores são os mesmos ligados ao movimento Doe Arena, que busca pagar a dívida do estádio do Corinthians.

Os empresários Carlos Teixeira, Mauricio Chamati, o advogado Eduardo Salusse e o publicitário Lucas Brasil.

A dívida do Corinthians com o empréstimo da Caixa Econômica Federal, para a construção do estádio, é de R$ 710 milhões.

A campanha Doe Arena chegou a R$ 41 milhões.

Sem Stabile e Tuma na apresentação do projeto, hoje, no Pacaembu, a presença mais importante foi do presidente da Gaviões da Fiel, Alexandre Oz.

Ele mesmo que havia garantido que os torcedores não permitiriam que o clube virasse SAF.

“Eu vim ao menos ouvir as propostas. Vou levá-las à Gaviões para que tomemos uma decisão conjunta, com os outros membros da torcida.”

Stabile e a grande maioria dos conselheiros seguem irredutíveis.

Não aceitam que o controle do clube e do futebol fuja dos associados do Corinthians.

Mesmo com a dívida ultrapassando R$ 2,7 bilhões...

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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