Alienada, irresponsável. Conmebol espera uma desgraça no Chile
Em meio a violentíssimos protestos, que já mataram 22 pessoas, a Conmebol obriga que jogos da Libertadores aconteçam em Santiago. Absurdo
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Além de uma entidade marcada pela corrupção, a Conmebol é de irresponsabilidade absurda.
O presidente Alejandro Domínguez expôs vidas ontem, de maneira gratuita.
Alienação misturada com irresponsabilidade.
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O Chile enfrenta uma profunda crise.
O país que foi exemplo de progresso para a América Latina, tinha uma casca. Só conhecida pelos chilenos.
A economia era mantida artificialmente em ordem. Mas os subsídios governamentais em setores fundamentais acabaram.
Veio a fortíssima recessão.
Com script que o Brasil conhecece bem.
Políticos corruptos, desigualdade social, alta taxa de desemprego, facções criminosas incitando a violência, fechamento de empresas, direitos civis desrespeitados.
Como em 2013, neste país, o aumento de tarifa no transporte público, foi mera desculpa para a explosão da insatisfação.
Tendo à frente no início estudantes. Depois houve a adesão de desempregados, filiados à oposição. Até a participação de torcidas organizadas.
Desde que explodiu o movimento, no dia 14 de outubro de 2019, 22 pessoas morreram nos protestos. Centenas de feridos. Número não revelado de prisões.
São milhares nas ruas com inúmeras exigências.
Entre elas, uma nova Constituição.
No Chile, o movimento não durou apenas dois meses, como no Brasil, em 2013.
A situação perdura e com mais violência.
E o futebol é usado como holofote.
A final da Libertadores já teve de sair de Santiago, na última hora.
Por insistência da Conmebol.
Não houve imbecilidade, apenas apego aos contratos fechados antecipadamente. A entidade que gosta tanto de dinheiro quase obriga Flamengo e River Plate, e seus torcedores, a irem para o inferno, em Santiago.
A partida não aconteceu porque os manifestantes revelaram o plano de invadir o gramado durante o jogo. Para que o mundo prestasse atenção à situação no Chile.
Tudo piorou desde outubro.
Mas mesmo assim, a Conmebol manteve o confronto entre Universidad de Chile e Internacional, em Santiago, pela pré-Libertadores.
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Decisão irresponsável, leviana, que expôs torcedores, jogadores, árbitros, dirigentes, jornalistas à violência pura.
A lógica, o bom senso, indicava os dois jogos eliminatórios em território neutro. As próximas duas partidas, também pela pré-Libertadores, caso os chilenos se classifiquem, outra vez em campo neutro, contra o vencedor de Macará e Tolima.
A estreia do classificado entre esses quatro times, na fase de grupos, será apenas no dia 3 de março. Até lá, muita coisa pode mudar. Caso continue a mesma situação, os chilenos teriam de atuar em outro país, por uma questão de segurança. A vida está acima de tudo.
Mas competência e bom senso não prevalece na Conmebol.
Daí as cenas dantescas e previsíveis, ontem, no estádio Nacional.
Fogo nas arquibancadas, torcedores enfrentando a polícia do presidente Sebastián Piñera, um dos homens mais ricos do mundo, de acordo com a revista Forbes. E acusado, pelos manifestantes, de ser desligado da realidade.
Cadeiras arrancadas e arremessadas nas arquibancadas.
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Enquanto isso, o jogo acontecia.
Só em uma competição organizada pela Conmebol, tamanha irresponsabilidade.
As cenas selvagens estão no mundo todo.
É inaceitável também a covardia, a omissão dos dirigentes de clubes.
Como podem se submeter à tamanha loucura?
Por que não se unem e exigem jogos fora do Chile, por enquanto?
Por isso, a cada dia, o futebol sul-americano é levado menos em consideração.
E jogadores talentosos fazem de tudo para estarem o mais longe possível dessa terra de insanos, irresponsáveis, corruptos.
Universidad Católica, Colo Colo, Palestino e Universidad do Chile, seguirão atuando no país de Sebastián Piñera na Libertadores.
Independente dos protestos.
É absurdo.
Mas este é o reino da Conmebol.
Cujos três antecessores de Alejandro Domínguez estão presos por corrupção.
Assim começa a Libertadores de 2020.
Esperando uma desgraça acontecer no Chile...
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