Aguirre faz renascer o orgulho no São Paulo. Com trio desacreditado
O treinador uruguaio fez Nenê, Diego Souza e Everton revolucionarem o time. A liderança no Brasileiro, depois de três anos, não é por acaso
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Desde junho de 2015, não havia essa sensação.
O orgulho de liderar o Campeonato Brasileiro.
E ainda acumular 11 partidas sem derrotas.
Raí, Lugano e Ricardo Rocha trocam mensagens, eufóricos.
O inseguro Leco encara os conselheiro com um sorriso no lábios.
Juan Figer é reverenciado pelo Conselho de Administração.
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A indicação do empresário de Diego Aguirre tem se mostrado certeira. O treinador uruguaio conseguiu acabar com a apatia que parecia uma moléstia crônica de quem vestia a camisa tricolor.
De maneira direta enfrentou o jogador de salário mais alto e o que estava mais displicente, magoado por ter sido esquecido pela Seleção Brasileira. E não poderia ser claro. Avisou. Pediria para a diretoria negociá-lo porque não tinha mais a menor intenção de colocá-lo para jogar.
Aguirre sabia que a falta de dedicação nos treinos poderia se espalhar como uma moléstia e contaminar o grupo. Acostumado com os dirigentes o mimando desde o início da carreira, desta vez Diego Souza estava quase sozinho. Só Raí, o responsável pelo investimento de R$ 10 milhões na sua contratação, intercedeu por Aguirre. Não sem antes ter uma conversa sincera com o jogador. Perguntou se ele queria seguir no Morumbi. Se quisesse, que treinasse a sério e esquecesse a Seleção.
Aos 32 anos, Diego Souza viu a sua perspectiva na carreira. E concluiu que estava virando as costas ao melhor clube que poderia jogar e sabotando a própria imagem. Tomou tenência. Criou juízo. Não seria a 'laranja podre' do Morumbi.
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Depois, Aguirre foi tratar com outro veterano. Assim como Diego Souza, foi contratado sem ser pedido pelo ex-técnico Dorival Júnior. Chegou ao Morumbi como reserva do fraquíssimo elenco do Vasco da Gama. A incompatibilidade de gênios entre Dorival e Nenê não era segredo para ninguém no São Paulo.
O meia atacante sabia que não contava com a confiança do técnico. E quem o acompanha desde o início de sua longa jornada, desde 1999, no Paulista de Jundiaí, sabe. Ele precisa do apoio daquele que o comanda para render.
Aguirre encontrou Nenê completamente sem confiança, desacreditado. Também tratou de ter uma reunião só com ele. Disse que o acompanhava há anos e que sempre desejou ser seu técnico, por sua versatilidade, habilidade e visão de jogo.
Com ele, teria toda a liberdade do meio para a frente. Não ficaria amarrado na ponta esquerda, como quis Dorival. Nada disso. O liberava para flutuar em toda intermediária adversária. Só que para conseguir fazer o que o treinador antevia, Nenê precisaria ter uma condição física excepcional. Principalmente para um jogador desgatado, que chegará aos 37 anos em julho.
Com todo esse apoio, Nenê passou a treinar até mais do que Diego Souza. E seu rendimento em campo foi o que havia previsto Aguirre.
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Mas havia Everton. A indicação foi de Dorival Júnior. Ele trabalhou com o meia atacante e sabia que não tinha a valorização que merecia na Gávea. A timidez e pouco marketing atrapalhava no ambiente particular da Gávea, que valoriza inúmeras vezes a embalagem e não o conteúdo.
Everton estava descontente com o salário, a pouca badalação, a insistente lembrança que fez parte do 'bonde da Stella', foto que postou em 2015, com companheiros, bebendo a tal cerveja com Alan Patrick, Pará, Marcelo Cirino e Paulinho, em 2015, enquanto a equipe fracassava. Uma bobagem que nunca foi esquecida.
Virar as costas para o Flamengo e assinar com o São Paulo, que resolveu pagar a baixa multa de R$ 15 milhões, se aproveitou da falta de valorização rubro negra ao ao jogador. Quando a diretoria carioca acordou já era tarde.
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Com Everton, Aguirre ganhou a explosão que precisava no ataque. Sua velocidade serviria para impulsionar os companheiros. Diego Souza e Nenê teriam de correr muito para acompanhar suas jogadas. Não só eles, como os jogadores do meio de campo, o lateral esquerdo que seria obrigado a buscar as triangulações.
Era a garantia do fim da apatia.
Esse trio está por trás da emocionante reviravolta são paulina.
A tristeza da queda na Copa do Brasil também foi uma ajuda involuntária. Neste calendário absurdo do futebol brasileiro, chega a ser uma dádiva se livrar de um torneio. Só assim há a possibilidade de priorizar o que interessa.
Na reunião entre o triunvirato que comanda o futebol e o inseguro presidente Leco ficou acertado. O título que o clube teria mais chance e tentou de todas as maneiras foi o Campeonato Paulista. A partir da eliminação para o Corinthians, o foco mudou.
Lógico que havia o desejo de ganhar a Copa do Brasil. E segue vivo o sonho da Copa Sul-Americana.
Assim como seria maravilhoso ganhar o Brasileiro.
Mas o foco, de maneira realista, é outro.
Conseguir uma vaga para a Libertadores da América.
Esse é o plano em 2018.
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Fugir do vexames, das seguidas ameaças de rebaixamento.
E focar na volta à lucrativa competição que o São Paulo revolucionou.
A alegria pela liderança, reconquistada depois de três anos, é imensa.
Mas a realidade não ilude. O time precisa melhorar seu sistema defensivo, principalmente nas bolas aéreas. A saída de bola segue muitas vezes lenta, quando atuam juntos Jucilei e Petros. Os dois também sabotam a agilidade na recomposição do time. Os laterais precisam aprimorar tanto a marcação como os cruzamentos.
Mas a objetividade, o poder dos contragolpes, a verticalidade da equipe se tornaram impressionantes nas mãos do treinador uruguaio. O caminho está aberto.
Há quatro pilares nesta redenção.
Aguirre, com sua visão moderna e guerreira.

Mais o renascimento de Diego Souza, Nenê e Everton.
Finalmente, o são paulino volta a ter orgulho de olhar no espelho...
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