'Abraçar' Scarpa, o erro fatal de Felipão. Demitido do Atlético. Pensa na aposentadoria. Clube recebe não de Vojvoda. E busca Milito
Felipão foi demitido, de forma sumária, do Atlético. Treinador, de 75 anos, mostrou o porquê vem sendo despedido, ano após ano. Teimosia sem explicação, confronto com torcida, imprensa e direção. A aposentadoria é opção
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

São Paulo, Brasil
No dia 25 de novembro de 2018, Felipão foi campeão pela última vez.
Do Brasileiro, com o Palmeiras.
Mas em setembro de 2019, foi mandado embora.
Ficou desempregado por mais de um ano.
Assumiu o Cruzeiro em outubro de 2020.
Foi demitido em janeiro de 2021.
Em julho de 2021 assinou com o Grêmio.
Foi demitido três meses depois.
Trabalhou no Athletico como diretor e técnico, a partir de maio de 2022.
E em junho de 2023 abandonou a carreira de coordenador e o clube paranaense.
Aceitou proposta milionária do Atlético Mineiro.
Foi demitido ontem.
Aos 75 anos, Luiz Felipe Scolari era o treinador mais velho a comandar clubes da elite do futebol deste país.
O que há de comum nas demissões do Palmeiras, Cruzeiro, Grêmio e Atlético Mineiro?
O comportamento cada mais errático nas contratações.
Na falta de novos recursos táticos dos seus times.
As explosões contra imprensa.
Enfrentamento de torcida.
Não espaço para cobrança das direções dos clubes.
E alívio imediato após o anúncio de sua saída.
Foi exatamente o que aconteceu hoje no Atlético Mineiro.
Felipão segue sua sina.
Ele havia recomendado, insistido, na contratação de Gustavo Scarpa.
O atacante Brahian Palácios, do Atlético Nacional, da Colômbia.
E também repetiu à diretoria que desejava o veterano Bernard, que chamava de 'alegria nas pernas', antes de colocar o jogador na vergonhosa derrota de 7 a 1 para a Alemanha.
Era o coordenador Rodrigo Caetano quem o alertava diante da exagerada rispidez com a imprensa, desprezo com torcedores atleticanos e, principalmente, o acalmava diante da cobrança dos bilionários que mantêm o Atlético Mineiro: Rubens Menin, Ricardo Guimarães e Renato Salvador.
Depois de uma inesperada arrancada no Brasileiro, alcançando a terceira colocação em 2023, chegou a desilusão.
Felipão avisou que o elenco estava muito forte e que precisava de 'peças pontuais'. O objetivo do Atlético Mineiro é claríssimo: vencer a Libertadores e disputar dois Mundiais. O deste ano. E o do próximo ano, com um formato completamente diferente.
Felipão deixou claro que a maior arma era o entrosamento do time.
Mas só que a chegada de Gustavo Scarpa, em péssima fase, e enfraquecido emocionalmente, depois do fracasso na Europa, no futebol inglês e no greco, além de ser enganado em um investimento sugerido por Willian Bigode, afetou completamente a movimentação do Atlético Mineiro.
Scarpa passou a ocupar espaço, que era de Hulk, sem produzir.
Fez com que Felipão tirasse Paulinho perto da grande área e fosse atuar fixo na ponta direita.
Cada vez mais impaciente e não ouvindo o novo coordenador de futebol, o ex-goleiro Victor, o treinador mostrou seu destempero.
Com o time jogando mal constantemente, no fraquíssimo Campeonato Mineiro, Felipão passou a ser vaiado constantemente. Na vitória contra o Ipatinga, na arena atleticana, ele foi cobrado por um torcedor para colocar o jogador Vitinho.
Felipão respondeu com uma série de palavrões, que foram flagrados pela televisão.
A direção do clube ficou irritada com o técnico, que não admitiu cobranças, alegando que também tinha sido xingado.
O comportamento irritadiço do técnico também chegou aos jogadores, que não se sentiam à vontade para não concordar com a distribuição tática do time.
Felipão forçava os atletas a se adaptarem a Gustavo Scarpa, não o contrário.
Na classificação para a final do Mineiro, derrota para o América, na arena atleticana, praticamente todos os torcedores atleticanos vaiaram e exigiram a saída de Felipão.
A imprensa mineira avisava que a melhor saída era a demissão sumária.
E pagamento da multa, para se livrar do técnico.
Foi o que aconteceu ontem à noite.
Felipão colecionou mais uma demissão.
Pode ser a última, por conta dos 75 anos.
Sua família deseja que ele pare.
O técnico já está mais do que milionário, graças à sua longa carreira.
O Atlético Mineiro não perdeu tempo.
E mandou emissários tentarem Juan Pablo Vojvoda.
Pela quarta vez, a resposta foi 'não'. Ele segue no Fortaleza.
O plano B é o argentino Gabriel Milito.
Ele estava para fechar contrato com o Universidad Católica, do Chile.
Só que recebeu a proposta do Atlético.
E deve aceitar.
Quanto a Felipão, seu final de carreira segue melancólico.
Com ele preso à sua personalidade explosiva.
E à sua teimosia, muitas vezes, sem lógica.
O lugar atual de Gustavo Scarpa é o banco de reservas.
Sem se importar se ele custou R$ 27 milhões ou não...