Abel maquiavélico contra o Al-Ahly. Messi ajuda. Palmeiras é líder. Basta empatar com o Inter Miami para estar nas oitavas. E ‘teoricamente’ escapar do PSG
O treinador português mostrou variação tática. Surpreendeu o time egípcio. Vitória por 2 a 0 foi da inteligência. E o Inter Miami surpreendeu. Ganhou do Porto. Messi fez o gol da virada
Cosme Rímoli|Do R7

Mal acabou a partida em New Jersey, Abel Ferreira desviou todo o foco da vitória diante do Al-Ahly, por 2 a 0.
Tirou a camisa, empolgado, e a entrou para torcedores empolgados com o a postura do Palmeiras, no Mundial de Clubes.
“Nem queria tirar (a camisa). Quando eu chegar em casa minha esposa vai dizer que foi uma vergonha. Quando vê a torcida dessa maneira, o que eu posso fazer? A melhor alegria que eu posso dar é ganhar o jogo, eles vão fazer uma festa absurda.
“É um orgulho representá-los e meus jogadores entendem isso e levam essa energia para o campo. Quando estava no túnel e pediram a camiseta o que eu posso fazer? Dei a camisa. Sei que não estou na melhor forma, mas é o que eu posso.”
A emoção dominou o treinador, jogadores e toda a torcida do Palmeiras.
Com razão, pela vitória fundamental no Mundial de Clubes.
O clube chegou a quatro pontos contra os adversários mais fortes do grupo A. Empatou diante do Porto e venceu o egípcio Al-Ahly, por 2 a 0, gol contra de Aboul Ali e de Flaco López.
Só que foi a razão ‘culpada’ pelo triunfo.
Contra o forte time português, o Palmeiras teve 52% de posse de bola, hoje, contra uma equipe mais fraca, chegou só a 35%!
Por quê?
Porque Abel Ferreira enganou Jose Rivero.
O técnico espanhol preparou o Al-Ahly para enfrentar o time paulista marcando alto, tentando sufocar o adversário.
Afinal, tinha sido assim que o Palmeiras surpreendeu o Porto, por erros primários de finalizações, não venceu o jogo.
O técnico português montou sua equipe com as linhas baixas, atraindo os egípcios para o campo palmeirense.
Por quê fez isso?
Carlos Alberto Parreira tem a resposta.
Foi desta maneira que ele montou a Seleção Brasileira para jogar nos Estados Unidos ao meio-dia, na Copa do Mundo de 1994.
O calor beira o insuportável, como hoje, em New Jersei.
O resultado foi o desgaste visível dos atletas do time egípcio, que tiveram a ordem de atacar, quando estavam preparados para se defender.
Bastou os palmeirenses mostrarem que o quanto sabem marcar.
O plano estava dando muito certo, até Raphael Veiga quase colocar tudo a perder, com uma entrada boba. Deu desnecessário carrinho em Zizo.
Tomou cartão vermelho do árbitro inglês Anthony Taylor. Se o juiz não estivesse envolvido em um escândalo na Premier League, por ter dado 14 cartões amarelos em uma partida, talvez não ouvisse o VAR e visto que o lance era apenas para amarelo e a expulsão foi anulada.
O jogo foi Bournemouth 0 x 1 Chelsea, batendo recorde na história do Campeonato Inglês. Chegou até a ser afastado.
Melhor para Veiga, que vive péssima fase.
Sorte ao Palmeiras, que pôde se manter com 11 jogadores e seguir a estratégia decidida por Abel.
No intervalo, Veiga foi, com acerto, bem substituído por Maurício. E Vitor Roque, outra vez improdutivo, por Flaco López.

No segundo tempo, os egípcios pagaram o preço pelo cansaço.
E o Palmeiras, calculista, com jogadores com mais força, arranque, velocidade e consciência tática, abriu 2 a 0.
O primeiro gol, em uma bola parada. Anibal Moreno cobrou falta e Aboul Ali cabeceou contra seu próprio gol, aos três minutos.
O lance descontrolou de vez o Al-Ahly, que se abriu tentando empatar. E tomou o segundo, aos 13 minutos.
O Palmeiras caminhava para a goleada, quando temendo uma chuva com raios, a organização da partida paralisou o jogo por 45 minutos.
Tempo para os jogadores da equipe egípcia descansarem, recobrarem a consciência e perceberem que estavam escancarados.
Abel estava satisfeito com o resultado, com a vitória garantida. E o jogo caminhou como ele queria. Deu mais do que certo sua estratégia.
“O contexto do jogo não era fácil, muito calor. Achei que entramos um pouco ansiosos também, depois tivemos que parar o jogo depois de fazer o 2 a 0.
“Mas acho que é uma vitória super justa. Poderíamos ter feito mais um ou dois gols, mas aceito o resultado e agora vamos descansar e preparar para o próximo”, segunda-feira, contra o Inter Miami."
Abel fez questão de preservar Raphael Veiga.
Todos que assistiram à partida viram o quanto o meia jogou mal e quase sabotou o Palmeiras.
Mas ele não poderia desmoralizar seu jogador.
Assim também como Vitor Roque, em nova péssima partida.
“Os tirei pelo clima. A não ser que os jogadores esteja muito mal, não gosto de tirar, acho que nunca tirei na primeira parte. Acho que é uma falta de respeito com o jogador e até dá a entender dizer que aquilo que fiz, que planejei, não é correto.
“Não era por estar mal ou bem, era pra refrescar a equipe. Isso que iria jogar no lado estratégico com o clima. O que fiz foi trocar os jogadores daquele lado.”

Mas outra notícia sensacional foi a vitória, de virada do Inter Miami, diante do Porto, 2 a 1.
Após esta segunda rodada, o Palmeiras é líder.
E basta empatar com os norte-americanos, na segunda-feira.
Virá a classificação, em primeiro lugar do Grupo A, teoricamente, escapando do melhor time do mundo, nesta temporada: o PSG, nas eliminatórias.
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