Abel Ferreira vive a pior fase desde que chegou ao Palmeiras. Perdeu a ambição. Ofereceu a vitória para o Flamengo. 2 a 0, no Maracanã
Na primeira partida do mata-mata mais importante das oitavas da Copa do Brasil, o Palmeiras esteve irreconhecível. Retrancado, sonhando com um 0 a 0. Atraiu o Flamengo, de Tite, para sua área. E tomou dois gols. Foi a quarta derrota em cinco jogos
Cosme Rímoli|Do R7
17 arremates do Flamengo.
Nove no gol de Weverton, que se desdobrou, para não tomar mais de dois gols.
Dois chutes do Palmeiras.
Nenhum no gol de Matheus Cunha.
Sim, zero.
As últimas cinco partidas do Palmeiras.
Derrota para o Botafogo por 1 a 0. Vitória sobre o Cruzeiro, 2 a 0. Derrota para o Fluminense por 1 a 0. Derrota para o Vitória por 2 a 0.
E ontem, derrota por 2 a 0, para o Flamengo.
Na próxima quarta-feira, no Allianz, terá de vencer por 3 a 0. ou no mínimo, vencer por dois gols de diferença, e também nos pênaltis, para evitar a eliminação precoce da Copa do Brasil.
Mas o clube vive a pior sequência desde que Abel Ferreira chegou ao Palmeiras, em outubro de 2020.
“O Flamengo foi claramente superior e mereceu ganhar o jogo.
“Estamos com pouca confiança e precisamos melhorar o nosso desempenho individual e recuperar os nossos jogadores, principalmente os lesionados.
“Se vocês virem as equipes, não estamos na nossa máxima força.
“O Flamengo não tem nenhuma lesão.
“Não tivemos um bom desempenho e temos que admitir isso”, assumia Abel Ferreira.
Mas a derrota no primeiro confronto da Copa do Brasil passou muito além das contusões.
O treinador português montou seu time como Tite desejava.
E previa.
Com três volantes preocupados apenas em marcar: Zé Rafael, Aníbal Moreno e Richard Ríos.
Dois laterais sem ritmo de jogo: Giay e Caio Paulista.
Felipe Anderson recuado, só preocupado em tentar marcar Ayrton Lucas.
Raphael Veiga perdido, travado entre os volantes flamenguistas.
E Rony perdido, correndo sem rumo, na frente, sozinho.
Weverton fazia cera desde o primeiro minuto, como se jogasse em uma equipe minúscula.
“Por muita justificativa, temos que assumir primeiro. Não estamos bem, não estamos na máxima força, basta ver os que estão lesionados, o Mayke voltando de lesão, novos jogadores a se adaptar ao time, dois laterais lesionados.
“O Murilo também, não esteve aqui porque foi pai. É um motivo muito maior que o futebol. Temos que recuperar.”
Abel percebia que suas desculpas não tinham eco.
Até que se irritou diante de tantos questionamentos sobre o fraco futebol do Palmeiras.
O time vive seu momento mais decepcionante sob seu comando.
“Não houve um ano em que eu estive no Palmeiras e que não tivemos um momento difíceis...
“Mas também não houve um ano que não ganhamos títulos.”
O treinador fez esta afirmação porque sabia ter vencido o Paulista.
No Maracanã, seu time esteve irreconhecível.
Encolhido.
Lento, sem criatividade.
Só vivendo de ‘ligações diretas’ para os modernos.
‘Chutões’ para quem está acostumado com futebol.
Luiz Araújo foi o grande destaque do jogo.
Entrando aos 23 minutos do primeiro tempo, com Éverton Cebolinha contundido.
Ele encaixou perfeitamente na partida que o Flamengo tinha o controle absoluto das intermediárias.
Só lutava para se livrar da marcação palmeirense.
O time paulista confundia contragolpes com chutões para o velocista Rony tentar dar seus piques.
Mas tudo que conseguia era dar trombadas na bem postada zaga flamenguista.
Arrascaeta, Gerson, De la Cruz tinham espaço para articular.
Mesmo perseguido por Felipe Anderson, mostrou ser o grande lateral esquerdo do Brasil.
Os gols eram questão de tempo.
E eles vieram naturalmente.
Em jogada muito bem tramada, combinada, treinada.
O Flamengo atacou em bloco, como um rolo compressor.
Gerson descobriu Luiz Araújo que cruzou, sabendo que Pedro entrava livre.
1 a 0, aos 16 minutos.
Perdendo, o Palmeiras tentou adiantar um pouco suas linhas.
Foi pior.
Gustavo Gómez errou um passe infantil.
Pedro dominou e tocou para De la Cruz.
O passe foi perfeito para Luiz Araújo bater cruzado, sem chance para Weverton.
2 a 0, aos 27 minutos.
O Palmeiras ficou desorientado.
O Flamengo poderia ter marcado mais.
Weverton evitou que o vexame piorasse.
E manteve o clube respirando até a próxima quarta-feira.
O treinador português repassou a culpa da péssima fase ao seus atletas.
E ainda fez questão de dizer, para desviar o foco, que o Flamengo não venceu nada em 2023.
“(Para reverter a situação na Copa do Brasil)Primeiro acreditar, esse é o primeiro passo, que quarta-feira temos que entregar tudo dentro de campo.
“Já revertemos dois gols, mas é um adversário muito difícil, que ano passado não ganhou nenhum título e quer mudar isso.
“Não posso negar que estamos pouco fluidos, é mais a ver com o rendimento individual dos jogadores.”
Abel Ferreira precisa ter humildade.
Rever seus conceitos.
Está claro aos adversários.
O Palmeiras tem atuado retrancado fora de casa.
Em casa, só tem a criatividade de Raphael Veiga.
E do talento de Estêvão.
Com a contusão do garoto de 17 anos, seu time tem sido previsível.
Sem força, vitalidade.
E acumula derrotas, com toda a justiça.
É o pior momento nos seus quase quatro anos no Brasil.
Independente dos títulos que conseguiu...
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Vice-presidente do Flamengo criticou a arbitragem após a entrada sofrida por Erick Pulgar; para ele, o lance merecia cartão vermelho.
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