São Paulo, Brasil"Protestar contra a decisão da arbitragem de forma grosseira e ofensiva com gestos ao arremessar um copo de água no chão, socar o ar e proferir as seguintes palavras: "Foi falta filho da p..." Esse é o relato do árbitro Savio Pereira Sampaio, na súmula, da vitória do Fortaleza sobre o Palmeiras por 1 a 0. O juiz estava se referindo a Abel Ferreira. Com o cartão amarelo que recebeu no primeiro e o segundo, depois de ofender Sávio, o treinador português chegou ao seu 50º cartão. 42 amarelos e oito vermelhos! Recorde absoluto no Brasil, desde que a Fifa permitiu aos árbitros advertirem os treinadores com cartões, em 2019. O clima no vestiário do Palmeiras, apesar da derrota, deveria ser de satisfação, já que o clube conseguiu a classificação para as quartas-de-final da Copa do Brasil, já que havia vencido o time nordestino por 3 a 0, no primeiro confronto, no Allianz. Mas outra vez, Abel Ferreira roubou a cena. Eliminar o ótimo time dirigido pelo argentino Juan Pablo Vojvoda ficou em segundo plano. O treinador,que havia tomado o celular de um produtor, domingo, no Mineirão, teve de falar sobre seu temperamento incontrolável. Cansado de dar justificativas, prometer se controlar e dar justificativas, o português preferiu a ironia. "Há o lado positivo do cartão, descansar, comandar o jogo do sofá, de pernas cruzadas, bebendo minha água com gás, tranquilo, com um fone no ouvido, desfrutando da minha equipe com o orgulho que tenho. "Se o clube quiser renovar o meu contrato com essas condições, passo a comandar a equipe de casa", disse, fazendo piada. Seguro, Abel sabe muito bem que a direção do Palmeiras não tem a menor intenção de aplicar qualquer punição pela inacreditável coleção de cartões e suspensões. E, lógico, acabou ressaltando para os repórteres que estavam no Ceará, que o importante seu time fez. Conseguiu mais uma classificação, eliminando um grande adversário. "Se forem contar todas que já tive, desde que cheguei no Brasil, claro que é mais um. Como disse bem, levei o primeiro amarelo por reclamar de uma falta que o árbitro não dá amarelo. Eu falei com o bandeirinha, que esperava que fosse para os dois. "No lance seguinte, em uma dividida de ombro do Rony, o árbitro entendeu que era para amarelo. Em seguida, reclamei da falta que achei que foi no Veiga. "Mas acho que foi o quarto árbitro que me expulsou. "De resto, não sei o que dizer. "O importante é que o Palmeiras continua com seus objetivos." Ainda no final da noite de ontem, dirigentes do clube garantiam que não iriam dar qualquer punição a Abel. Ou sequer reprendê-lo. Nem publicamente e muito menos internamente. A presidente Leila Pereira sabe que o mercado europeu está fervilhando, com equipes buscando outros jogadores e, principalmente, novos treinadores. E ela não quer perder, de jeito algum, Abel Ferreira. Ele já tem até uma proposta de antecipação de renovação de seu contrato. O seu atual vence em dezembro de 2024. Como Leila quer a reeleição, e tem totais chances, já que a oposição está esfacelada, o técnico português, se quiser, renova hoje até dezembro de 2027, quando terminará o segundo mandato de Leila. Se o Palmeiras perdoa, a CBF, não. Seu comportamento agressivo o tirou da briga para suceder Tite. Apesar da campanha histórica, vencedora. 50 cartões desde novembro de 2021 é um absurdo para dirigentes da entidade. Não, para o Palmeiras. Os oito títulos. E as 11 finais que levou o clube são seu escudo...