Abel culpa afobação dos jogadores. Derrota inesperada para o Bahia tira a liderança do Palmeiras, do Brasileiro. ‘Gol bobo’, reclama Paulinho
Abel havia pedido para seus atletas não ouvirem os elogios da imprensa. Desta vez, seu discurso foi reclamando da afobação do time. A derrota para o Bahia, no Allianz, tirou o primeiro lugar do Brasileiro. Pelo planejamento era uma partida que a vitória era ‘obrigatória’
Cosme Rímoli|Do R7

Abel Ferreira havia pedido, depois da vitória diante do Bolívar, pela Libertadores.
Não queria que os jogadores do Palmeiras se deixassem levar pelos elogios da imprensa.
Postura dos jornalistas que seria justa, pela superação do time paulista.
Conseguiu vencer nos 3.600 metros de La Paz.
E assegurar a liderança geral da Libertadores.
Mas hoje ele não pediu a mesma coisa.
Na coletiva de imprensa nem tocou nos elogios, porque eles não virão.
Nem hoje e nem amanhã, pela partida contra o Bahia.
Pelo planejamento detalhado que o treinador português faz para o Brasileiro, os três pontos eram obrigatórios.
Não pela fragilidade do adversário.
Mas pela força do elenco do Palmeiras, entrosado, confiante.
E, até começar o confronto, líder também do Brasileiro.
Mas em campo o futebol do seu time foi confuso, tenso, com movimentação previsível.
A equipe de Rogério Ceni não sofreu.
Estava preparada para a avalanche de cruzamentos, saída que o Palmeiras está acostumado a usar, quando a marcação adversária é firme.
O treinador tinha tanta certeza da superioridade que deixou Estêvão e Vitor Roque no banco.
Diante do 0 a 0, já deixando espaço para contragolpes, a dupla entrou.
Ceni tratou de fazer marcação dupla, muitas vezes até tripla, em Estêvão.
E o Palmeiras foi perdendo confiança.
Se deixando dominar pelos nervos, pela cobrança da própria torcida.
Veio, sim, afobação.
Mas faltou uma solução tática para o time.
Até que Kayky fez ótima tabela com Cauly e marcou o gol do Bahia, aos 47 minutos do segundo tempo.
Foi a primeira vitória do time nordestino no gramado sintético palmeirense.
Abel preferiu repassar a culpa pela derrota aos jogadores.
“Fomos bem no último terço (do campo), mas não fomos eficientes, temos que ser menos precipitados para fazer o gol que tanto precisávamos. Como disse, tivemos oportunidades suficientes para fazer e faltou um bocado para sermos menos afobados, futebol é assim.”
‘Futebol é assim’ quando o time tem problema de criatividade e apresenta rotina tática.
Falta solução para a ausência de meias criativos, decisivos.
Toda equipe que consiga encaixar a marcação na intermediária é um sofrimento para o Palmeiras.
Abel apela para a habilidade de Estêvão ou a sucessão de cruzamentos.
Ele não gosta de detalhar a movimentação do seu time.
Por isso é raso nas respostas.

Não expõe a falha repetitiva do Palmeiras, principalmente este ano.
A dificuldade para criar situações de gols aos seus atacantes.
Elas chegam de bolas longas, esticadas, cruzamentos ou dribles insanos de Estêvão.
O resumo do treinador da partida é, de propósito, absolutamente superficial.
“Olho o jogo com dois períodos diferentes: primeira parte equilibrada, e a segunda parte o Palmeiras foi melhor e perdeu o jogo, o resumo é esse. Com as substituições que fizemos, criamos mais oportunidades de gol.
“Num lance de dois contra um, toque e rompe, nosso adversário foi muito feliz, então por isso que falo que é importante fazer o gol primeiro.”
A verdade é que o Palmeiras perdeu o primeiro lugar do Brasileiro para o Palmeiras.
Paulinho que lutou muito, mas não produziu, reclamou do gol que o time tomou.
“Eu acho que a gente teve muito volume no segundo tempo, no primeiro tempo menos, mas no segundo tempo teve algumas modificações, eu entrei, o Estevão, o Roque, jogadores mais agudos... Tivemos muitas oportunidades para fazer o gol, mas tem dias que a bola não entra e tomamos um gol bobo, faltou atenção no final para tentar fechar os espaços.”
O Palmeiras perdeu no Allianz e agora terá três jogos fora de casa.
Na quarta, o Ceará, no Castelão, pela Copa do Brasil.
Vasco, domingo, pelo Brasileiro, no Rio de Janeiro.
E Cerro Porteño, na quarta, dia 7 de maio, no Paraguai.
Poderia viajar muito mais confiante.
Mas jogou sem criatividade e mereceu o castigo contra o Bahia.
Abel pode procurar, não encontrará elogios da imprensa ao seu time.
Nem hoje e nem amanhã...
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O técnico do Palmeiras lamentou a falta de eficiência nas finalizações contra o Bahia.