Abel conseguiu a liderança isolada do Palmeiras na Libertadores. E ainda deu o apoio, que a Espanha negou, a Vitor Roque
O Palmeiras se impôs ao Cerro Porteño, mesmo jogando no Paraguai. Vitória por 2 a 0. Abel Ferreira deu uma lição de comando. Apoiou Vitor Roque, que perdeu gol feito e estava abalado. O técnico teve a recompensa, com gol do atacante. Time classificado. Nas oitavas
Cosme Rímoli|Do R7

44 minutos do primeiro tempo no estádio Nueva Olla.
Vitor Roque roubou a bola da zaga adiantada do Cerro Porteño.
Invade todo o campo paraguaio.
Só tem pela frente o goleiro Martin Arias.
A seu lado, Estêvão.
O ex-jogador do Barcelona invade a área.
Tem duas opções: ou capricha no arremate.
Ou basta rolar a bola na frente de Estêvão, para o Palmeiras fazer 2 a 0.
Placar que daria tranquilidade ao time brasileiro.
O time paulista já vencia por 1 a 0, gol justamente de Estêvão.
O atacante de 21 anos não sabe o que fazer.
Fica indeciso, nervoso, perde a passada e, afobado, chuta em cima de Martin.
O lance foi infantil, tosco, bizarro.
Indigno de um jogador comprado por R$ 150 milhões.
Inúmeros treinadores teriam tirado Vitor Roque.
Ou no intervalo, ou durante o segundo tempo.
Abel Ferreira foi por um caminho diferente.
Deu apoio a Vitor Roque, insistiu, o deixou em campo.
O treinador português passou confiança para o jogador que ficou, nitidamente, abalado.
E foi premiado pela decisão.

Depois de o Palmeiras tomar duas bolas na trave, Vitor Roque fez uma lindíssima jogada individual, aos 47 minutos do segundo tempo.
Se livra da zaga e do goleiro Martin Arias e marca Palmeiras 2 a 0.
Vitória espetacular para o Palmeiras, na Libertadores.
O time é líder geral, seguindo o plano meticuloso de Abel Ferreira.
E ainda recuperou a confiança que Vitor Roque já demonstrava ter perdido durante o jogo.
O treinador português não repetiu o que a imprensa espanhola fez com o atacante.
O crucificou por não ter rendido no Barcelona e no Bétis.
Apoio que o atacante tanto queria e não teve.
“O exemplo do que é resiliência de um jogador: Vitor Roque. Em uma imagem, eu falhar um gol que todos estavam esperando que não falhasse, que toda gente criticou, e como dou resposta à adversidade?
“Ele lutou e fez um golaço, sozinho, com capacidade física, força, técnica. Nossa equipe é resiliente.”
Vitor Roque, que estava sendo muito cobrado por 13 partidas sem gols, marcou contra o Vasco.
Mas mostrou ontem ter ficado preocupado demais com o gol que perdeu no primeiro tempo.
Contou, sim, com a resiliência de Abel Ferreira.
Porque estava jogando muito mal até marcar aos 47 minutos.
Na verdade, Abel deu confiança até demais para o atacante.
Porque sabia que se ele deixasse o campo sem uma grande jogada ou um gol, a pressão voltaria muito forte.
“Depois de ter perdido o gol, dei uma balançada.
“Mas, vida de atacante é assim, nem sempre vou fazer.
“Às vezes vou perder um mais fácil e fazer um mais difícil, como foi.
“Estou muito feliz pela vitória, que foi o mais importante nessa noite de hoje.”

A classificação antecipada para as oitavas animou todo o grupo.
Mas Abel Ferreira foi claro, transparente.
Quer o time focado para vencer o Bolívar e o Sporting Cristal, no Allianz.
E garantir a primeira colocação geral.
Ter o privilégio de decidir os jogos eliminatórios em casa.
“Não dá pra tirar o pé do acelerador. É continuar a preparar, rodar quem temos que resolver, rodar e continuar nesta. Queremos continuar com hábito de ganhar. Isso que vamos continuar a fazer independentemente se já passamos ou não.”
É essa ambição de Abel que motiva o Palmeiras.
Único dos 32 clubes que disputam a Libertadores a ter 100% dos pontos.
Quatro partidas, três fora de casa, e quatro vitórias...