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A pergunta que quase tirou Romário e o Brasil da Copa de 1994

Romário disse a Parreira: não o convocasse para ser reserva. A crise quase tirou o Brasil da Copa. Ricardo Teixeira impôs o jogador no jogo decisivo

Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli

Romário desafiou Parreira. Ricardo Teixeira teve de impor o jogador na Seleção
Romário desafiou Parreira. Ricardo Teixeira teve de impor o jogador na Seleção Romário desafiou Parreira. Ricardo Teixeira teve de impor o jogador na Seleção

São Paulo, Brasil

Sem querer, criei uma situação que quase comprometeria aquela conquista.

Fui cobrir o amistoso entre Brasil e Alemanha, em Porto Alegre.

Capítulo 2.

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Crise e redenção de Romário

O jogo foi no dia 16 de dezembro de 1992.

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Time escalado por Parreira.

Taffarel, Jorginho, Paulão, Célio Silva e Branco; Mauro Silva, Luís Henrique, Silas e Zinho; Bebeto e Careca.

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Romário era a sensação da Europa, atuando no PSV.

Ele passa após o treino perto dos jornalistas.

Cara fechada.

Havia feito todas as atividades com os reservas.

Me antecipo, o paro e pergunto.

Sim, naquela épocar era possível chegar perto dos jogadores.

Eles tinham personalidade para responder.

Não precisavam de assessores de imprensa para censurar, dizer o que seria melhor falar.

Eram autênticos, verdadeiros.

"Romário, você vem da Holanda, está muito bem e não vai jogar. Tudo bem para você?"

Ele me encara, com ódio.

"Não. Não está nada bem. Viajei 16 horas até aqui para jogar. Tinha certeza que seria titular. Se soubesse que era para ficar no banco, não teria viajado. Vou conversar com o Parreira porque não estou satisfeito."

Me arrependo de ter feito a pergunta perto dos outros jornalistas. Logo Romário está repetindo o desabafo nas tevês, nas rádios. Ele realmente cobra Parreira. Zagallo toma as dores. Os dois discutem. O atacante não seria mais chamado para as Eliminatórias.

"Romário é um fato de desagregação da equipe", desabafou Zagallo

Sem ele, o Brasil sofreu sua primeira derrota nas Eliminatórias da história, para a Bolívia, em La Paz, por 2 a 0

Capengava.

Poderia não chegar até aos Estados Unidos.

A Seleção precisava, desesperadamente, vencer o último jogo, contra o Uruguai. O medo era generalizado que o Brasil ficasse de fora da Copa dos Estados Unidos. A opinião pública pressionou Ricardo Teixeira.

E ele pressionou, ordenou a Parreira e Zagallo. Eles tiveram de ceder para seguirem nos seus cargos.

E Romário foi chamado.

"O jogo será uma guerra. Mas vim para ganhar. E garantir o Brasil na Copa", disse, sem meias palavras, o atacante.

Aquela partida no Maracanã antigo foi uma das mais emocionantes da minha vida. Havia 101.553 pagantes. A vibração era extraordinária.

Dias antes, havia feito uma exclusiva com Ricardo Teixeira em São Paulo, com o auxílio de Jota Hawilla. Ele deu ao JT como troco por críticas que recebia da Folha.

Era assim que Teixeira agia.

Romário teve uma atuação exuberante, marcou os dois gols.

Garantiu o triunfo por 2 a 0.

Naquela época, repórteres, inclusive de jornal, podiam ficar esperando os jogadores atrás das traves, após a partida. Mal acaba o jogo, ele corre muito em direção ao vestiário.

Corro também e quando vou começar a descer o túnel com ele, quatro seguranças me impedem.

Um golpe de sorte intervém, Ricardo Teixeira desce a escada neste momento.

"Presidente, presidente, presidente", grito histérico. Ele olha para mim.

"Me deixe falar com o Romário. Me deixe."

Com certeza, Teixeira, pensa na Folha.

Faz um sinal com a cabeça.

Os seguranças me largam.

Quase dou um beijo naquelas bochechas gordas de Teixeira.

"Eu não sempre falei que tinha de ser titular dessa Seleção? Comigo o Brasil vai para a Copa. E vai para ganhar", me diz Romário. Depois deu coletiva.

Mas a exclusiva foi capa no JT e no Estadão, já que era jornais do mesmo grupo.

Nunca fui tão grato a Teixeira.

E à concorrente Folha de São Paulo...

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