A maior derrota de Mustafá no Palmeiras. Acabou sua força
Com o aumento de mandato do presidente, o maior político do clube foi o grande derrotado. Fracasso que possibilita nove anos de poder à situação
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A maior derrota da historia de Mustafá Contursi.
O homem que comandou 'com mão de ferro', o clube por 12 anos. Entre 1993 até 2005.
Assim membros da diretoria e conselheiros do Palmeiras resumem nesta fria manhã de domingo, o aumento do tempo de mandato de duração de mandato do presidente.
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Na eleição deste ano, o mandatário que for eleito ficará três anos no cargo.
Era tudo o que não desejavam Genaro Marino, Paulo Nobre e principalmente, o ex-presidente Mustafá Contursi, homem que até então, era considerado como o mais poderoso nos bastidores do clube.
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Mustafá não queria por um motivo muito simples.
Ele está rompido com o atual presidente Mauricio Galiotte e com Leila Pereira, dona da Crefisa, patrocinadora do clube. Mustafá, que apoiou a ambos, se afastou depois que não teve apoio da dupla. No final de 2017, explodiu o 'escândalo dos ingressos'.
Leila, como patrocinadora, tinha direito a 70 ingressos por partida na arena palmeirense. Como ela já possui o seu próprio camarote no estádio,ela as repassava a Mustafá. Para que distribuísse a aliados políticos. Só que tudo foi por água abaixo quando esses ingressos foram parar nas mãos de membros das organizadas. E eles eram vendidos a torcedores comuns.
A denúncia chegou até o Ministério Público, que investiga o caso. Leila e Galiotte não defederam Mustafá. O ex-presidente decidiu não só virar as costas aos dois. Como dar seu apoio a Marino e Nobre, que não querem a dona da Crefisa no poder.
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A principal questão seria decidida ontem. Galiotte queria a mudança do estatuto palmeirense. Defendia que o mandato do próximo presidente valesse três anos. Para ele tivesse mais tempo de implantar seu 'plano de trabalho'. O triênio já acontece em vários clubes brasileiros.
Só que com três anos, a candidatura de Leila à presidência seria possível. Se os dois anos fossem mantidos, não. Como conselheira, ela só pode concorrer ao cargo mais importante do clube em 2021.
Houve várias reuniões dos dois lados.
Reuniões calóricas.
Foram churrascos e idas a pizzarias.
Conselheiros discutiram estratégias por meses.
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A expectativa era de uma disputa apertada.
Mas não foi o que as urnas mostraram.
Foram 1.383 votos a favor, 753 contra e 16 abstenções.
Leila e Galliote tiveram 2,3 vezes mais força que Mustafá.
A derrota pode significar nove anos de poder para a dupla.
O atual presidente quer a reeleição.
E Leila será candidata em 2021, com planos para tentar a reeleição em 2024.
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Ele não tem conseguido mostrar a mesma força com jovens conselheiros, como tinha com seus contemporâneos. Mas eram poucos que esperavam uma derrota tão pesada quanto a de ontem.
Galiotte já havia desafiado o ex-presidente ao contratar Luiz Felipe Scolari, seu inimigo declarado. Contursi já tinha interferido no trabalho do treinador ao impor a filosofia do 'bom e barato', com a saída da Parmalat. E também na segunda vez de Felipão no Palestra Itália, que culminou no segundo rebaixamento da história do clube, em 2012.
Conselheiros a favor de Leila e Galiotte comemoram o que chamam do 'fim da era Mustafá'. Fazem questão de espalhar o que pode ser um delírio. A bilionária conselheira do clube estaria disposta a comprar a arena palmeirense da construtora W. Torre.
Leila não confirma essa possibilidade.
Pelo contrário, nega de pés juntos.
Mas ontem ela saboreou a vitória contra Mustafá.
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"Acabou agora a apuração e venceu o ‘sim’, mas sabe quem saiu verdadeiramente vitorioso? O Palmeiras. Agora, teremos tranquilidade para o presidente administrar durante três anos, seja ele quem for. Estou muito feliz, porque nossa luta sempre foi pelo melhor para o Palmeiras."
Galiotte a partir de ontem mesmo já começou sua campanha para a reeleição. Conversou com conselheiros importantes. E sabe que está muito mais certo da vitória. A oposição, comandada por Mustafá, sofreu uma derrota sem precedentes.
Paulo Nobre e Genaro Marino sabem que a possibilidade de vitória no pleito, que deverá acontecer ainda este ano, é quase mínima. As chances são remotíssimas de reversão do processo que encaminha não só a reeleição de Galiotte. Com a primeira mulher da história a assumir o clube em 2021.
Não há dúvida alguma.
Foi a maior derrota de Mustafá no Palmeiras.
Nem quando Luiz Gonzaga Belluzo foi eleito, o impacto foi tão grande. A mudança de filosofia do clube, imposta pelo economista, a de recontratar figuras importantes e caras, como Valdivia, Kleber e Felipão não deu certo.
E Mustafá se aproveitou.E colocou aliados no cargo, depois de Belluzo: Arnaldo Tirone, Paulo Nobre e Mauricio Galiotte.
Mas veio rompimento definitivo com Galiotte.
E o fracasso nas urnas de ontem.
Será um milagre Mustafá se recuperar politicamente.
Não nos próximos nove anos.
Entra para a história palmeirense o dia 4 de agosto de 2018.
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