A coragem de Artur Jorge fez história. E o Botafogo, com um jogador a menos, venceu o Atlético. 3 a 1. É, finalmente, o dono da América
Gregore, aos 29 segundos, foi expulso, depois de solada na cabeça de Fausto Vera. Artur Jorge não reforçou a defesa. Luiz Henrique desequilibrou, marcou, sofreu pênalti. Milito não soube aproveitar 11 contra 10. 3 a 1 para o Botafogo. Legítimo campeão da Libertadores
O gigante Botafogo teve a sua maior conquista da história, neste 20 de novembro de 2024.
Clube que teve Garrincha, Didi, Gerson, Nilton Santos, Quarentinha, Jairzinho, conquistou seu título mais importante.
Ganhou, finalmente, a Libertadores da América.
Dos 12 gigantes do país era o único que não tinha o título.
Flamengo, Vasco, Fluminense, Palmeiras, Corinthians, São Paulo, Santos, Cruzeiro, Grêmio, Internacional e Atlético já tinham a taça.
Conquistou o direito de disputar o Mundial de Clubes, em 2025.
E ainda tem uma mão na taça de campeão brasileiro.
O que deve tornar o ano mais importante desde que o clube montou sua equipe de futebol, em 1904.
Com coração, entrega, visão tática e muita coragem tática, o time carioca fez a sua esperada festa, no estádio Monumental, na Argentina.
Vitória empolgante por 3 a 1, diante do Atlético Mineiro.
“Para te falar a verdade, é um sonho que estou vivendo. Estou muito feliz, muito feliz mesmo porque pude proporcionar essa vitória para a minha mãe, o meu irmão, que nunca tiveram essa oportunidade de me ver em uma final de Libertadores como campeão, melhor da partida. Quero agradecer muito ao Botafogo.
“Eu disse na minha primeira entrevista que o Botafogo necessita estar no topo. É um clube que está trabalhando muito, se empenha muito, e minha palavra é só gratidão.
“Muitas pessoas tentaram me parar, mas Deus está comigo, minha família está comigo, e tenho que seguir com esse foco, pé no chão, porque tem mais”, avisava, mais do que empolgado, e certo, Luiz Henrique.
O jogador acabou sendo escolhido como o melhor não só do jogo, mas da Libertadores.
O Atlético, com seu elenco milionário, fracassou nas duas finais mais importantes de 2024: na Copa do Brasil e hoje, no título sul-americano de clubes.
Abriu mão do Brasileiro e não conseguiu ser campeão das copas.
Foi a coragem tática que definiu a Libertadores de 2024.
Aos 29 segundos de jogo parecia que tudo estava resolvido.
Lance de total irresponsabilidade de Gregore, dando uma solada na cabeça de Fausto Vera, custou sua expulsão.
Foi o cartão vermelho mais rápido de toda história das finais de Libertadores, que começaram a ser disputadas em 1960.
O castigo de o Botafogo decidir com um jogador a menos, pela partida toda.
A tendência natural era que Artur Jorge tirasse um jogador ofensivo e reforçasse o meio-campo.
Encolhesse a equipe carioca.
E que Milito tratasse de tirar um dos três zagueiros e apostasse em um lateral direito de ofício, tinha o veterano, e muito técnico, Mariano no banco.
Mas a firmeza estava no banco do Botafogo.
Artur Jorge tratou de organizar sua defesa com cinco jogadores fixos.
Com uma linha de quatro na intermediária.
E Igor Jesus na frente.
Deu a bola para o Atlético, que não teve objetividade pelas laterais, mais do que necessária para vencer o sistema defensivo carioca.
A equipe estava pensa, forçando pela esquerda, com Arana e Hulk.
Enquanto, com fraco apoio de Lyanco, Gustavo Scarpa foi engolido por Alex Telles e acabou substituído no intervalo, com justiça.
Faltava criatividade, triangulações, tabelas, deslocamentos de seus jogadores da frente.
Paulinho, nitidamente atuando lento, por dores crônicas na canela direita.
Gustavo Scarpa apático, aceitou a péssima escalação preso, como um jogador de pebolim, na direita.
Apenas Hulk, aos 38 anos, lutando como um leão e parecendo um garoto correndo, lutando.
Mas faltavam neurônios na articulação das jogadas ofensivas do Atlético.
Não parecia, de maneira alguma, que tinha um atleta a mais em campo.
Tinha a bola, mas não sabia o que fazer.
Foi 69% no primeiro tempo.
Pagou caro a falta de rumo.
Aos 34 minutos, no primeiro ataque, o Botafogo fez 1 a 0.
O iluminado Luiz Henrique tocou para o onipresente Marlon Freitas.
O chute foi travado por Junior Alonso.
Mas a bola procurou Luiz Henrique, que se aproveitou de Lyanco, que desistiu do lance, e estufou as redes atleticanas.
O time mineiro, que já estava afobado, perdeu a concentração de vez.
A coragem de Artur Jorge, de ter mantido jogadores com talento para decidir, pesou outra vez.
Cinco minutos depois, Luiz Henrique entrou decidido em uma bola esticada.
Arana não protegeu a saída de Everson e o velocista atacante botafoguense chegou antes na bola.
E recebeu um tranco do goleiro, que o derrubou.
Pênalti, que Alex Telles bateu com raiva.
2 a 0, Botafogo.
O Atlético voltou com três mudanças.
Entraram Vargas, Mariano e Bernard.
Saíram Lyanco, Fausto Vera e o decepcionante Gustavo Scarpa.
A partida ganhou dramaticidade logo a um minuto de jogo, quando Vargas cabeceou livre, para as redes de John.
2 a 1.
Milito fez o Atlético adiantar suas linhas.
Mas não faltava o básico, articulação.
O veterano Mariano, que entrou como ala, fez as vezes de meia.
Bernard outra vez se mostrou uma nulidade em campo.
O Botafogo seguia lutando bravamente com um jogador a menos.
O desgaste era evidente, mas a equipe mantinha sua formação tática.
Não ousava atacar, por mais que o afobado Atlético deixasse espaços enormes.
Os atletas seguiam com duas linhas, mais recuadas, forçando o time mineiro a cruzamentos inócuos para a área.
Era sim, ataque contra defesa.
E em duas inesperadas falhas da zaga, uma de posicionamento e outra de Adryelson, Vargas ficou cara a cara com John.
Mas de maneira inaceitável, o chileno chutou para fora, livre.
Ansioso como um juvenil.
Quando a torcida botafoguense já comemorava o sonhado título, veio a catarse.
Em um contragolpe, Júnior Santos, artilheiro da Libertadores, com dez gols, aprontou o inesperado.
Ele driblou dois jogadores e tentou servir Matheus Martins.
Alan Franco tentou cortar, mas a bola sobrou limpa para Júnior Santos.
Outra vez as redes de Everson foram estufadas.
Botafogo 3 a 1.
Merecido campeão da Libertadores de 2024.
Ganhou o título mais importante da sua história.
Graças à coragem de um português: Artur Jorge...
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