A cena é deprimente. Mas, calma. Não há santos nessa história
Mulher e criança foram expulsas do setor reservado aos colorados. Absurdo? Sim. Mas, antes, a gremista dançou, provocou os torcedores rivais
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
A cena dominou o desinteressante Grenal.
No maçante 1 a 1, entre os reservas, uma mulher e um menino roubaram a cena.
Um vídeo que correu o Brasil mostrou.
Eles estavam no lugar reservado à torcedores colorados.
Quando surge um trio.
Outra mulher, com dois homens forte, barbados.
Todos com a camisa do Internacional.
Começam a hostilizar a outra torcedora. Ela é xingada e empurrada pela colorada, que quer tomar uma camisa do Grêmio, que levava nas mãos.
A criança chora, desesperada.
Mais torcedores colorados chegam, cercando a gremista.
Inclusive um, com uma surreal máscara de macaco.
Até que um funcionário do Internacional aparece.
Pega a camisa do Grêmio e faz a mulher e a criança, que ainda chora, assustada, sair daquele local.
Cena revoltante.
Domina programas de futebol após o jogo.
Os torcedores colorados são crucificados.
O jogador Éverton Cebolinha se apieda. E trata de convocar esse menino. Ele quer entregar uma camisa sua e tirar fotos com o garoto.
Gesto nobre.
Não há justificativa para os empurrões, a camisa tomada, os palavrões, o desprezo pelo desespero do menino.
Mas será que mulher com a camisa do Grêmio não tem culpa alguma?
Outro vídeo que foi publicado pelo jornal O Sul é surpreendente.
Ele mostra a origem da confuão.
A mulher, que está no setor reservado a torcedores do Internacional, dança, mostra a camisa do Grêmio, provoca torcedores colorados que estão na arquibancada de cima.
O menino tem outra camisa nas mãos. E a bate nas cadeiras vermelhas do estádio.
Se os torcedores de cima não podem fazer nada, a não ser xingar, os do lado reagem.
É aí que surge o trio colorado.
Com a mulher e os dois homens fortes barbados.
E acontece toda a confusão do primeiro vídeo.
Triste, cruel, mas não há santos nesta história.
Não em 2019.
Não há lugar para a provocação gratuita, desnecessária e perigosa da mulher com a camisa do Grêmio.
Infelizmente a sociedade mudou.
Se tornou violenta, provocações são respondidas da pior forma possíveis em estádios, nas ruas, nas estações de metrô, onde for.
Faltou senso de realidade para a mulher gremista.
Ela se expôs e, pior, expôs a criança que estava com ela.
Provocação boba, infantil.
No olho do furacão.
O que aconteceria se uma colorada com uma criança resolvessem fazer o mesmo, na arena do rival, em um setor reservado para gremistas?
Não há justificativa para a agressão, para os empurrões.
Cabem até processo.
Mas a frieza da vida atual aponta.
Não há santos nessa história...
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