A bilionária pressão pelos Jogos de Tóquio. Apesar do coronavírus
Governo japonês, redes de TV, turistas, a população. Todos contavam com Olimpíadas em julho. Mas será impossível pelo coronavírus. COI faz teatro
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Coca-Cola, Visa, Airbnb, Panasonic...
Toyota, Samsung, Procter & Gamble...
Omega, Down, GE, Intel, Atos...
Alibaba, Bridgestone...
14 empresas gigantes mundiais.
São patrocinadores diretos do Comitê Olímpico Internacional.
Pagam um bilhão e meio de dólares anualmente, R$ 7,5 bilhões.
Esses patrocínios são renovados a cada final de temporada, sempre tendo como objetivo as Olimpíadas. De verão e de inverno.
2020 quebraria todos os recordes de faturamento.
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Os numeros envolvendo as Olimpíadas de Tóquio são impressionantes.
A cúpula do COI não cansava de anunciar que seria a maior Olímpiada de todos os tempos.
As autoridades japonesas resolveram bancar nada menos do que 28 bilhões de dólares, cerca de R$ 141 bilhões, em reformas e construções de instalações para a competição.
Tudo absolutamente transparente para evitar superfaturamento e corrupção, que marcaram, por exemplo, as Olimpíadas do Rio de Janeiro.
Executivos do Comitê Organizador de Tóquio comemoravam. Conseguiram 3,1 bilhões de dólares de patrocinadores locais, R$ 15,6 bilhões.
Chegam perto de 30, dividindo as contas.
Mais de 400 mil turistas compraram quatro milhões de ingressos para as competições. Junto com as estadias, o governo japonês receberia mais de 2 bilhões de dólares, cerca de R$ 10,1 bilhões.
Grandes grupos de TV estavam empolgadas com os Jogos de Tóquio.
Como o COI fez vendas amarradas, de quatro Olimpíadas, duas de Inverno, 2014 e 2018, e duas de verão, 2016 e 2020, arrecadou cerca de 20 bilhões de dólares, cerca de R$ 100,1 bilhões.
A rede norte-americana NBC, que pagou sozinha 7,5 bilhões de dólares, R$ 39,7 bilhões, pelas quatro Olimpíadas, esperava faturar, só com patrocinadores, 1,2 bilhão de dólares, R$ 6,7 bilhões, só com as Olimpíadas de Tóquio.
No Brasil, a Globo esperava arrecadar R$ 581 milhões com seis patrocinadores.
Mas para todo esse dinheiro fluir, entrar nos caixas, havia uma obrigatoriedade.
Que as Olimpíadas acontecessem nas datas previstas há quatro anos.
Entre o dia 22 de julho, com as primeiras partidas de futebol, e o dia 9 de agosto.
Escritórios internacionais assinaram contratos bilionários, exigindo que as datas fossem respeitadas.
Há multas altíssimas que o Comitê Olímpico Internacional tem de pagar se houver adiamento ou cancelamento.
Lógico que ninguém poderia prever a pandemia do coronavírus.
Por isso, o presidente do COI, o alemão Thomas Bach, age como um alienado.
Fala friamente que está cedo para adiar as Olimpíadas.
Ele teme processos de patrocinadores, de redes de TV, de turistas que compraram ingressos, de hotéis que tinham a garantia da competição.
Bach está costurando o adiamento das Olimpíadas.
Mas é uma operação dificílima.
Por isso, ele segue blefando.
Todos sabem que não haverá condições de as Olimpíadas acontecerem.
Não envolvendo 306 eventos, entre abertura, encerramento e competições.
Mais de 12.700 atletas de 206 países.
Cerca de 30 mil jornalistas credenciados.
Com aproximadamente dois milhões de pessoas acompanhando as disputas, nas arquibancadas.
O Japão é dono da terceira maior economia do mundo.
Sofreu um grave recuo de 6,3% no PIB de 2019.
"O consumo privado afundou 1,6% em relação ao trimestre anterior (e dois dígitos na comparação ano a ano: 11%), em grande parte por causa do aumento do IVA decretado para financiar a saúde, as aposentadorias e as pensões e de um inverno mais quente do que se previa, o que reduziu as vendas de têxteis. O investimento privado não residencial caiu 3,7% em comparação com o trimestre anterior e o residencial, 2,7%", revelou o jornal espanhol El País.
As autoridades esperavam um lucro geral de incríveis 300 bilhões de dólares, cerca de R$ 1,5 trilhão, com as Olimpíadas de Tóquio.
Seria uma injeção de ânimo na economia japonesa.
Por isso, a pressão pelos Jogos ainda em 2020.
Com a pandemia do coronavírus, dezembro já seria um cenário quase impossível.
Quanto mais em julho.
Bach sabe que está encurralado.
Por isso se finge alienado.
Mas a comunidade olímpica mundial sabe.
Os Jogos não acontecerão em julho.
Os atletas não têm onde treinar.
As grandes competições preparatórias foram canceladas.
Todos se preocupam em sobreviver ao coronavírus.
Bach está fazendo teatro.
Porque precisa.
De alienado, ele não tem nada...
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