São Paulo, Brasil
Jackson Follmann faz um relato devastador do voo 2933 da viação LaMia e suas consequências, sete anos depois da queda do avião que levava a delegação da
Chapecoense para decidir a Copa Sul-Americana, na Colômbia.
O time que orgulhava o Brasil em 2016, desapareceu, como sua Comissão Técnica, com Caio Júnior como treinador. Dirigentes...
Jornalistas, narradores, comentaristas, câmeras, produtores também faleceram, presos ao avião que voou sem combustível suficiente para chegar a Medellin.
Follmann foi um dos seis sobreviventes.
Detalha o horror por todos os passageiros que perceberam que o avião estava caindo de uma altura de 400 metros. E que chegaram a rezar, esperando o milagre que veio só para alguns.
O relato de Follmann, alguns segundos antes da queda do avião, é chocante, diante do desespero dos passageiros e tripulação.
As mortes aconteceram por economia de R$ 10 mil em combustível.
O piloto Miguel Quiroga, que também era um dos donos da LaMia, calculou mal e provocou a pane seca no avião, um dos crimes mais abomináveis, e evitáveis, na aviação mundial.
Sem combustível, a queda aconteceu a poucos quilômetros do aeroporto de Medellin.
Sete anos depois de o Brasil ficar chocado com o maior acidente envolvendo uma equipe de futebol na história do futebol mundial, a prometida justiça às pessoas que embarcaram naquele voo jamais chegou.
"Até hoje as famílias das vítimas não receberam um centavo das seguradoras. A questão está parada nos Estados Unidos. Muitas famílias estão passando sérias dificuldades. Ninguém fala mais nada. Não é mais notícia. O Brasil se esqueceu das vítimas do voo da Chapecoense.'
Follmann perdeu a perna direita. E sofreu 13 fraturas. Se submeteu a várias operações.
Foi nomeado embaixador da Chapecoense.
Cargo que se supunha ser vitalício.
Mas acabou perdendo o emprego com a troca da diretoria.
Em Santa Catarina, há a desconfiança que os novos dirigentes não querem mais associar o clube à tragédia. Agem como se fosse melhor que a queda do avião fosse esquecida.
E não mais discutida a questão vital: como o clube escolheu a minúscula companhia aérea que matou 71 pessoas. Qual é a parcela de culpa da própria Chapecoense?
Iluminado, Follmann busca nas palestras e na música a superação.
Corajoso, briga para que o SUS dê a atenção devida às próteses que cede aos amputados.
"São feitas sem medida para as pessoas. Provocam feridas, não servem. É um descaso que precisa ser corrigido por parte das pessoas que comandam o país.'
E ainda busca força para celebrar a vida.
"O trauma psicológico é enorme. Perdi a minha profissão, a minha perna, aos 24 anos. Mas tenho que valorizar a chance que Deus me deu. Renasci. Com o propósito de mostrar a importância de cada momento que estamos vivos.
"Tenho um filho maravilhoso, uma esposa sensacional, meus pais foram fantásticos comigo. Só posso agradecer cada momento que tenho ao lado deles. E buscar nas palestras e na música minhas novas carreiras.
"Só lastimo demais pelas pessoas no voo que morreram.
"E não tiveram a chance que estou tendo.
"Por irresponsabilidade.
"A queda do avião não foi acidente.
"Entramos na aeronave para morrer.
"Foi crime. 71 pessoas perderam suas vidas.
"E o Brasil se esqueceu delas."
Follmann foi direto. "A queda do avião não foi acidente. Foi crime. E o Brasil se esqueceu de nos apoiar."
ReproduçãoA entrevista está no canal do Cosme Rímoli, no youtube.
A cada semana, um personagem diferente do esporte...
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