31 anos de Neymar. O futebol não festeja, não aplaude. Desilusão na Seleção e no PSG. O tempo passou para o Menino Ney
De forma discreta, Neymar chegou aos seus 31 anos. Colecionando expectativa e fracassos nas Copas do Mundo, pelo Brasil, e na Champions League pelo PSG. Desperdício de talento. 'O Caos Perfeito', como resumiu
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
São Paulo, Brasil
Sem escândalos, sem gandaia até o amanhecer.
Sem modeletes desvairadas enchendo suas redes sociais de 'fotos proibidas'.
Sem patrocínio de energético.
Com o grande amigo preso, acusado de estupro.
O pior de tudo, sem a expectativa de anos atrás.
O 31º aniversário de Neymar da Silva Santos Júnior, em Paris, refletiu exatamente o momento discreto que vive na carreira.
Não há a euforia de paparazzi, da imprensa mundial, mesmo da mídia brasileira em divulgar mais um ano na vida do eterno candidato a melhor do planeta.
Não, há um desânimo geral. Jornalistas e torcedores se cansaram de acreditar, de apostar que Neymar provaria ser o extraordinário jogador que prometia.
As decepções, as desilusões venceram a expectativa.
Foram três Copas do Mundo nas quais um país inteiro foi se desencantando.
2014, a vingança de Zuñiga, que provocado, decidiu dar uma joelhada violentíssima na coluna do brasileiro, o tirando do restante da Copa do Brasil. Escapou do 7 a 1 para a Alemanha.
2018, o sentimento era que Neymar 'ganharia o Mundial que o destino tirou'. Mas o ultrapassado esquema tático e falta de convicção de Tite acabaram fazendo com que o camisa 10 decidisse 'jogar sozinho'. Forçava dribles sem sentido, exigia a bola nos pés. E o pior. Começou a um festival de simulações bizarras, infantis.
Tite não teve coragem de repreendê-lo. Os 'parças', amigos que ajuda financeiramente desde que foi para a Europa, só o aplaudiam e diziam que era perseguido por árbitros. E os companheiros de Seleção se submetiam aos seus privilégios em campo e até na concentração, sendo o único a ter sua família no mesmo hotel da delegação. Apesar da promessa da CBF que isso não aconteceria.
Queda nas quartas, diante da Bélgica. Mais uma frustração para conta.
Eis que chega 2022, com 30 anos. Tite ainda mais perdido. Não soube lidar com tanto talento ofensivo. E compromissos emocionais, como convocar Daniel Alves. Ou colocar um time inteiro desentrosado, na defesa, meio-campo e ataque, contra Camarões. Com o erro lastimável, de colocar Alex Telles, o lateral esquerdo reserva de Alex Sandro, que havia se contundido contra a Suíca. Alex Telles estourou seu joelho contra os africanos e o Brasil teve de improvisar Danilo, lateral direito, na esquerda. E o zagueiro Militão como lateral direito, já que Daniel Alves não tinha a menor condição de jogar a Copa.
Enquanto isso, Neymar se contundiu diante dos sérvios, na estreia. E só voltou nas oitavas, contra os sul-coreanos. Enquanto Tite fazia a 'dança do Pombo', o brasileiro sentia dores e se poupava. Veio a Croácia e o camisa 10 conseguiu marcar o gol que seria decisivo na prorrogação, levaria o Brasil à semifinal. Se o treinador tivesse pulso para manter seu time segurando a vantagem. Tite não teve e a Croácia empatou em um contragolpe, ganhou nos pênaltis.
Sem Neymar, o melhor cobrador brasileiro, não batendo. Quis se preservar para a quinta cobrança que nunca chegou, porque a Seleção foi eliminada antes.
Depois de chorar desesperadamente no gramado, percebendo talvez que fosse sua última Copa, não teve o apoio de Tite, que correu para os vestiários.
"Destruído psicologicamente", como garantiu, deu duas festas icônicas no Brasil, uma semana após a eliminação do país no Mundial do Catar. Recuperação psicológica espetacular, garantiam as modelos convidadas, que descreveram que, em uma dessas festas, havia notas falsas no chão. E o tema da balada era 'tempo é dinheiro'. Neymar tinha pouco tempo para voltar ao PSG, derrotado mais uma vez.
Neymar teve de bater palmas para seus outros dois companheiros de PSG, Messi e Mbappé, que conseguiram levar suas seleções à decisão no Catar. E o argentino, de quem fugiu na Espanha, no sonho em se tornar o melhor do mundo, se consagrou de vez com a taça mais cobiçada, a Copa da Fifa.
No torneio mais importante de clubes, são seis temporadas de frustração. Neymar foi o jogador mais caro da história, R$ 1,2 bilhão, por um objetivo só.
Fazer o PSG vencedor da Champions League.
Ele virou as costas para o Barcelona, saiu pela porta dos fundos, pela multa rescisória, sem negociação. Saiu da sombra de Messi e Suárez. Desmanchou o mais incrível ataque do mundo de forma egoísta. Para tentar ser o melhor do planeta e ganhar a Champions para a família real catariana.
Seis temporadas de fracasso.
Começa a sétima na sombra não só de Messi, como também de Mbappé.
Ou seja, Neymar nunca correspondeu ao sonhos da Seleção Brasileira e também do PSG.
Sua vida particular foi exposta como uma revista de fofocas. Ele forneceu material à vontade.
Romance com idas e vindas com atriz global, Bruna Marquezine.
Escândalo sexual com Najila Trindade.
Saída muito mal explicada da Nike, com direito a acusação de uma funcionária de 'importunação'.
Série na Netflix sobre sua vida, assumindo o título que vive "O Caos Perfeito".
As baladas intermináveis nas noites de folgas.
De um tempo para cá, movidas a vinho.
Problemas na justiça com os Fiscos Espanhol e Brasileiro.
Os jornalistas não precisavam correr atrás das notícias, elas surgiam.
Neymar, que foi sinônimo de 'muita esperança' para um país carente de conquistas com a Seleção desde 2002, se tornou mera desilusão.
Os defensores do jogador justificam que ele foi o único jogador com talento diferenciado nesta geração da Seleção. Que Pelé teve Garrincha, Rivellino, Didi, Gerson, Jairzinho, Tostão, como companheiros. Que Ronaldo teve Rivaldo, Roberto Carlos, Ronaldinho Gaúcho. Romário teve Bebeto, Mazinho, Branco.
Mas Neymar foi egoísta. Exigiu privilégios e aceitou que treinadores fizessem Philippe Coutinho, Gabriel Jesus, Raphinha, Vinicius Junior, Richarlison, Oscar jogassem para ele.
O resultado foi vexatório para a Seleção.
No PSG também seguiu com regalias, e colecionou o fraquíssimo Campeonato Francês e jamais venceu uma Champions. Ou ficou sequer entre os três melhores do mundo, desde que foi para Paris.
Chega bilionário aos seus 31 anos.
Fisicamente já está desgastado pelas baladas intermináveis desde os 17 anos.
Sem o seu animador particular de festas, o amigo Daniel Alves, preso na Espanha, acusado de estupro.
Neymar celebrou discretamente seu aniversário ontem.
O mundo também não prestou a atenção que dispensava ao brasileiro.
Ele está atrás de Messi, Mbappé, Haaland, Modric, De Bruyne, Benzema, Vinicius Junior...
Não é mais manchete.
Nem mais o Menino Ney.
É um homem de 31 anos, com carreira excelente.
Talento gigantesco.
Mas que poderia ir muito além do que foi.
Que sonha ir para os Estados Unidos, onde as férias dos jogadores são maiores.
E depois encerrar a carreira no festivo Rio de Janeiro.
Com a camisa do Flamengo.
Não sabe se terá vitalidade, vontade de disputar a Copa de 2026.
Aos 34 anos...
A festa de aniversário de ontem foi discreta.
Desiludido, o Brasil se cansou de bater palmas para ele.
Parabéns, Neymar...
De Marquezine a artilheiro da seleção: 31 momentos da carreira de Neymar, que fez 31 anos
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