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Saiba como escolher o melhor tipo de tênis para correr

O tênis certo ajuda, mas quem corre é você: o calçado não faz milagres

Corrê|Renata LouresOpens in new window

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Quando passei dos 21 km eu percebi: um bom calçado ajuda muito. Não faz milagre, mas faz diferença Arquivo pessoal

Este ano, eu comprei meu primeiro tênis de corrida. Não o primeiro que eu usei, o primeiro que eu comprei mesmo. Até então, eu corria com o que tinha. Modelos simples, todos ganhados, sem nem pensar em tecnologia. Quer saber? Eles me levaram longe.

Foi com um deles que corri meus primeiros 10 km, com outro, meus primeiros 15, depois 20. Os primeiros 5km, então, melhor nem comentar. Um “simplezinho” que nem era apropriado para corrida. Só quando passei dos 21 km é que percebi: um bom calçado ajuda muito. Não faz milagre, mas faz diferença. Cada passada fica mais leve, mais segura, mais sua.


Dá pra correr bem sem gastar tanto?

Entre o ideal e o possível, existe um abismo chamado realidade. Os preços dos tênis estão altíssimos, e nem todo mundo pode investir R$ 800, R$ 1.000 ou mais em um par.

Perguntei ao ortopedista e traumatologista do esporte, Doutor Bruno Canizares, que acompanha atletas e amadores há anos. Ele me garantiu que nem sempre o tênis caro é o melhor.


“O importante é ele estar adequado à sua pisada e à intensidade dos treinos.”

Ou seja, o segredo é o tênis respeitar o seu corpo, e não o contrário. O ideal é procurar modelos com bom amortecimento, solado firme e ajuste estável. O que não dá é correr com o pé solto, num calçado que não abraça o movimento.


Bruno Canizares, que acompanha atletas e amadores há anos, afirma que nem sempre o tênis caro é o melhor Divulgação

Tênis também tem prazo de validade

Aprendi isso, na prática. Nos treinos longos, quando o amortecimento falha, o corpo avisa. Aquela dorzinha no joelho, o tornozelo reclamando, o calcanhar pedindo trégua. Podem ser sinais de que o tênis já deu o que tinha que dar.

O Doutor Bruno me explicou que um par costuma durar de 600 a 800 km, dependendo do modelo, terreno e do peso de quem usa. Para quem corre uns 35 a 40 km por semana, como eu, isso dá uns cinco meses só ou menos. Muito pouco, né? Confesso que os meus estão todos vencidos.


“Quando o apoio está gasto, a absorção de impacto diminui e o peso passa a ser distribuído de forma desigual. Isso sobrecarrega tornozelos e joelhos”, diz o ortopedista.

“O mais importante é perceber os sinais que o corpo vai dar usando o mesmo tênis na mesma metragem e na mesma velocidade. Se há aumento de desconforto muscular, dor no joelho e na planta do pé, podem ser indícios de que o tênis já perdeu a capacidade de absorver o impacto.”

Em outras palavras, correr com um tênis velho é como dirigir com os amortecedores vencidos. Você até chega, mas sente cada buraco no caminho.

Como descobrir qual é a sua pisada?

Se você nunca fez esse teste, vale muito a pena. Lojas especializadas e assessorias esportivas costumam fazer uma avaliação gratuita de pisada. Mas para ter uma análise mais profunda e precisa, o bom mesmo é consultar um especialista. Ele vai avaliar como seu pé toca o chão, o alinhamento do joelho, a rotação do quadril em cada fase e velocidade da corrida. Para você ter uma ideia, a pisada pode ser:

Neutra: o pé apoia de forma equilibrada

Pronada: o pé gira levemente para dentro

Supinada: o apoio é maior pelo lado de fora

“Saber o tipo de pisada ajuda a escolher o calçado certo, reduz o risco de lesões e melhora o desempenho. Mas os estudos mostram que não é mais o fator determinante. O principal critério hoje é o conforto e adaptação individual para cada tênis”, explica o Doutor Bruno.

O tamanho certo também importa

Durante a corrida, o pé dilata e é projetado para frente. Por isso, o ideal é comprar meio centímetro maior do que o número do seu dia a dia. Tênis apertado causa bolhas e unhas roxas. Folgado demais também atrapalha. Provoca instabilidade e torções.

“O ajuste deve ser firme na região central do pé, mas confortável nos dedos”, reforça o médico.

Tênis com placa de carbono: é pra mim?

Nos últimos tempos, ele se tornou sonho de consumo de muitos corredores, inclusive o meu. Enrolei muito para comprar até que felizmente ganhei um de presente dos meus cunhados depois da minha primeira prova de 30 km. Os tênis com placa de carbono prometem mais propulsão, velocidade e eficiência. Mas o Doutor Bruno alerta que eles não são para todos os dias e nem para todo mundo.

“Para atletas experientes, podem trazer ganhos. Mas, para quem não tem o corpo preparado, o uso indiscriminado pode sobrecarregar tendões e articulações.”

Só para deixar claro. O problema não é a placa, é o corpo que ainda não está pronto para ela. Além disso, o excesso de tecnologia pode mascarar erros de biomecânica e aumentar o risco de lesões. Esses modelos são próprios para provas e treinos de performance, não para o dia a dia. E vale reforçar:

“Lesão não vem só do calçado”, completa o especialista. “Falta de alongamento, volume de treino e preparo físico inadequado também contam.”

Como escolher o tênis de corrida ideal

Antes de se deixar levar pela marca, por esses modelos lindos que têm sido lançados ou pelas cores, dá uma olhada no que realmente importa.

Amortecimento: reduz impacto nas articulações e diminui risco de lesões

Estabilidade: evita torções e sobrecarga

Solado: precisa ser resistente e com boa tração para evitar acidentes

“Não existe um tênis universal para todas as atividades. O ideal é buscar orientação, levando em conta o tipo de treino e o terreno.”

Reforça o ortopedista.

No fim das contas…

Conhecimento ajuda e muito! O tênis certo é aquele que funciona para você, cabe no seu pé, no seu treino e no seu bolso. Se for simples, tudo bem. O que importa é que ele te leve. Para fora, para frente, para mais perto de você.

Porque depois de tantos quilômetros, aprendi uma coisa que vale mais que qualquer placa de carbono. O tênis ajuda, claro. Mas quem corre, de verdade, é você.

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Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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