Rodízio de pontapés em Neymar. A nova preocupação de Tite
Só há um antídoto para a cruel tática suíça. Neymar terá de ser mais solidário, jogar mais para o time. Parar de prender a bola, para forçar dribles
Cosme Rímoli|Do R7 e Cosme Rímoli
Rostov, Rússia
Já em 2010, a diretoria do Santos preparava um relatório para mandar à CBF.
A queixa era alertar os árbitros de uma velha e conhecida prática.
O rodízio de faltas.
A vítima era Neymar.
Oito anos depois, a mesma situação.
Tite alertou discretamente na coletiva após o jogo.
Houve um rodízio de faltas por partes dos suíços.
Eles dividiram os dez pontapés que acertaram Neymar.Behrami, Schär e o lateral Lichsteiner tomaram amarelos no camisa 10 brasileiro.
E a cruel estratégia de Vladimir Petkovic deu resultado. Ele tinha toda a razão em estar animado depois da partida. Ele conseguiu um ótimo empate contra um adversário superior. Usando o que a lei permite. Seus comandados foram no limite. Com uma pancada forte, não desleal, os árbitros não expulsam, advertem com amarelo. Foi o que aconteceu em Rostov.
Neymar estava mancando na zona mista, enquanto falava com os jornalistas, no domingo.
"Depois que esfria, dói. Mas não é nada preocupante. Não tenho nada a declarar [sobre as faltas sofridas]. Se a arbitragem não presta atenção, é ruim para o futebol", disse, irritado, o atacante.
O médico Rodrigo Lasmar confirmou que não havia preocupação. Os pontapés haviam acertado principalmente os tornozelos. Neymar costuma jogar com uma 'bota' de bandagem, para proteger a região. De torções e pontapés.
Só que as botas não são infalíveis.
Ele poderia se machucar de verdade.
Mas seu futebol não foi o mesmo graças aos pontapés.
Nada impede que Óscar Ramírez, treinador da Costa Rica, faça a mesma coisa, sexta-feira, em São Petersburgo. Muito pelo contrário. É possível que ordene a distribuição de faltas. Qualquer técnico do planeta sabe o quanto o Brasil ainda depende da criatividade do jogador do PSG.
O maior exemplo desse rodízio infame aconteceu em 1966, quando Pelé foi brutalmente caçado contra Portugal. E, contundido, não pôde mais jogar a Copa do Mundo.
A saída no mundo atual, passa por Tite. Exigir que a troca de bola seja rápida. Nada de parar, chamar o adversário para o drible, como Neymar fez insistentemente contra os suíços. Mas o antídoto depende da obediência total do atacante. Ele precisa se conscientizar que pode driblar. Mas não a cada lance. E jogar coletivamente, o que não fez contra a Suíça.
Ou seja, Tite pode denunciar.
A CBF pode mandar outra carta para a Fifa.
Mas para escapar do rodízio de faltas em Neymar só um jeito.
O camisa dez ser menos individualista.
Egocêntrico com a bola nos pés.
Para o bem da Seleção.
E de sua saúde...