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Análise: como João Fonseca derrotou o gigante Perricard

Brasileiro vence em sets diretos e avança no ATP 500 da Basiléia

Cabeça de Chave|Ari PeixotoOpens in new window

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João Fonseca avança no ATP 500 Reprodução/Instagram @atptour

Quem pisa pela primeira vez numa quadra de tênis aprende logo duas lições. Primeiro, o saque, o serviço, é o fundamento mais difícil do esporte. Segundo, quem é mais alto tem mais facilidade na hora do saque. O que quase nenhum professor diz, neste começo, é como responder a quem saca do alto e forte.

Nesta terça-feira, na sua estreia no ATP 500 da Basiléia, João Fonseca deu uma aula neste quesito, na partida contra o francês Giovanni Mpetish Perricard, 33º do mundo e atual campeão do torneio.


Com 2,03 metros de altura, Perricard é um dos sacadores mais poderosos do tênis profissional. Este ano, em Wimbledon, por exemplo, quebrou o recorde do torneio com um serviço de 246 km/hora. E, não satisfeito, também estabeleceu o recorde para o segundo saque mais rápido de todos os tempos, 237 km/hora.

Mas qual é o segredo, a arma para enfrentar um tenista com estes requisitos? O brasileiro mostrou com facilidade e garra. Primeiro, uma boa devolução (e João é bom neste fundamento) no pé do adversário, paralelas à vontade e muito inside out, aquele golpe de forehand onde o jogador se desloca da posição de backhand para golpear a bola em diagonal, em direção ao backhand do adversário. Além disso, sempre que percebeu que tinha o domínio do ponto, João apelou para drop shots, aquelas curtinhas que incomodaram Perricard diversas vezes.


Ah, mais uma coisa. Contra um tenista que saca forte (chegou a 227 km/hora no primeiro set), que coleciona aces (foram 13), João deu a resposta certa. Aces também (foram 7), para mostrar que vento que venta lá, venta cá.

A propósito, o jogo de hoje me lembrou uma partida no US Open de 2001, entre Gustavo Kuerten e um russo chamado Max Myirni, que, a exemplo de Perricard, também tinha no saque forte uma das suas maiores virtudes. O russo venceu os dois primeiros sets, com a força dos serviços. Guga parecia não ter forças para reagir. Mas quando ele entendeu o jogo, virou para 3/2, com uma performance espetacular, despachando 33 aces e 103 winners e muitas devoluções de saques no pé do Mad Max. Foram 3 horas e 31 minutos de jogo, e a vitória valeu a classificação para as oitavas de final do torneio. Mas também teve um custo físico para Guga, que depois da competição teve que passar por sua primeira cirurgia no quadril.


Enfim, resumindo, o placar desta terça, 2 sets a zero, com parciais de 7/6[6] e 6/3, foi justo e mostrou um João Fonseca que todo mundo quer ver: técnico, preciso, com variação de jogadas e sem afobação para fechar o ponto, o game ou o set. Impecável.

Como na fábula, João escalou o enorme pé de feijão e eliminou o gigante que morava no alto.

E agora o próximo adversário será o checo Jakob Mensik, 19º do mundo. Mais um grande desafio pela frente. Basta acreditar.

Os textos aqui publicados não refletem necessariamente a opinião do Grupo Record.

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