Tifanny bate recorde de pontos na Superliga e segue em silêncio
A oposto, primeira atleta trans a jogar na competição nacional de vôlei, marcou 39 pontos, mas o Bauru não conseguiu vencer o Praia Clube, em casa
Olimpíadas|Do R7

A oposto Tifanny Abreu, primeira jogadora transexual a jogar na Superliga de Vôlei, bateu mais um recorde nesta terça-feira (30), pelo time do Bauru. Ela somou 39 pontos na partida contra o Praia Clube. A marcar anterior era de Tandara, que, em 2013, fez 37 pontos na vitória do Campinas sobre o mesmo Praia Clube.
A boa atuação não garantiu a vitória do Bauru, que perdeu por 3 sets a 2, nem fez com que a jogadora voltasse a falar com a imprensa. Tifanny adotou o silêncio sobre a polêmica criada em torno de suas atuações. Blindada pelo próprio clube, a oposto tem recusado entrevistas exclusivas e só dá declarações sobre assuntos relacionados ao próprio jogo que for disputar ou realizou.
A presença de Tifanny reacendeu o debate sobre a atuação de atletas transexuais nascidos homens nos esportes para mulheres. Atletas, treinadores e torcedores discutem se Tifanny poderia ter vantagens físicas sobre as demais jogadores, principalmente com relação à força.
O desempenho também está relacionado ao número de vezes em que foi acionada no confronto. Ela recebeu 75 bolas, com 44% de aproveitamento. Ao todo, ela marcou 33 vezes em ataques e seis em bloqueios.
Tiffany recebeu autorização da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) para disputar a Superliga no início de dezembro, após quase dez meses de espera. Em março, ela havia conseguido a liberação da Federação Internacional de Voleibol (FIVB) para competir entre as mulheres.
Na semana passada, a FIVB confirmou a liberação. A decisão foi tomada após uma reunião em Lausanne, na Suíça, entre os integrantes da comissão médica da FIVB. A entidade fez apenas uma ressalva. No caso de torneios nacionais entre clubes, a responsabilidade da liberação dos atletas pertence às respectivas federações nacionais. Na situação de Tifanny, a decisão caberia à Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).
Pela legislação do Comitê Olímpico Internacional (COI), uma atleta transgênero está autorizado a competir em alto rendimento entre mulheres desde que não produza uma quantidade de testosterona que ultrapasse 10 nanomol por litro de sangue nos doze meses anteriores à competição. Tifanny costuma apresentar 0,2 nanomol/l de testosterona em seus exames, cumprindo os requisitos do COI.
Hoje, Tifanny tem 33 anos. Ela iniciou a transição de gênero em 2012, realizou um tratamento hormonal e cirurgia de adequação sexual. Antes da transição, ela participou de ligas masculinas de vôlei em Portugal, Indonésia, Espanha, França, Holanda e Bélgica.
A polêmica deve se estender ao longo deste primeiro trimestre, pois o COI pretende discutir o tema novamente após os jgos olímpico de Inverno, que serão disputados em fevereiro, na Coreia do Sul.