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Pirv: ‘Se pudesse voltar atrás, teria focado mais na minha carreira’

Em depoimento exclusivo, ex-mulher de Giba fala sobre vitoriosa trajetória no vôlei, polêmicas com pensão dos filhos e traições de Giba 

Olimpíadas|Guilherme Padin, do R7

Cristina Pirv foi eleita duas vezes a melhor jogadora da Europa
Cristina Pirv foi eleita duas vezes a melhor jogadora da Europa

Ex-jogadores com carreiras bem-sucedidas no voleibol, Cristina Pirv e Giba, casados por nove anos entre 2003 e 2012, viveram situação delicada com a pensão alimentícia dos filhos Patrick e Nicoll. Enquanto o antigo camisa 7 da seleção brasileira alega que não ganha mais “salários estratosféricos”, a vitoriosa atleta da Romênia pede que “Gilberto apresente seus ganhos, para, assim, ajustar com a realidade atual dele”.

Encerrado o processo que poderia mandar Giba à prisão e culminou no pagamento de dez meses atrasados de pensão, Pirv, que diz que antes preferia não se expor publicamente, falou à reportagem do R7 sobre sua carreira, detalhes da separação, amantes do ex-atleta, amor aos filhos e até a luta durante queda do comunismo na Romênia, no início da década de 90.

“Antes eu não queria falar e expor a família, mas vi muitas mentiras e preciso ter voz também. Entendo que tenho uma missão agora. E peço dele apenas o que é justo. Eu fui às ruas e lutei pela Romênia quando era jovem. Se arrisquei minha vida pelo meu país, é óbvio que faria qualquer coisa pelos meus filhos. Mataria e morreria por eles.

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Nasci na Romênia, na Transilvânia, que vocês conhecem pelo Drácula (risos). Como era época do comunismo, e a gente tinha que se destacar pelos estudos ou pelo esporte, logo aos oito anos comecei no vôlei. Fiz também atletismo e patinação no gelo, mas fiz minha escolha [pelo vôlei] por ser um esporte coletivo.


Tive, aos 14 anos, uma chance de ir ao Dínamo Bucareste, o principal clube do país. Eu ficaria longe da família, mas não quis perder a oportunidade. Logo integrei a seleção romena, e, dois anos depois, fui eleita a melhor atacante da Europa. Aos 18, a melhor jogadora da Europa. Foi uma ascensão muito rápida.

Queda do comunismo


Nesse período, enquanto eu jogava no Dínamo, começou a revolução da queda do comunismo. E tudo aquilo ocorreu perto do meu time, que era da polícia. Saí com duas amigas e a bandeira da Romênia para protestar, e chegamos a ficar três dias debaixo de um bunker.

Sempre lutei pelos meus direitos. Saí com 14 anos de casa para a capital, e aos 19 para enfrentar o mundo. E estou fazendo isso agora de novo.


Joguei na Itália, na França e no Brasil. Ganhei títulos nos países onde atuei e vários prêmios individuais também. Aqui [no Brasil], inclusive, além de ser campeã paulista, brasileira e sul-americana, fui a melhor pontuadora da Superliga nas quatro temporadas que disputei.

Guardo com muito carinho o título da Superliga de 2002, no Mineirinho. Naquele dia, 25.000 pessoas foram ao ginásio, e um momento da partida, estavam gritando ‘Pirv, eu te amo!’, ‘Pirv, eu te amo!’. Foi tanta emoção que minha mãe até desmaiou. Ela sempre dizia que não ia mais aos jogos porque é muito emotiva, mas acabava indo (risos).

Outra coisa que me dá muita alegria é ir para a Calábria, na Itália, onde joguei por bastante tempo. Lá, o pessoal também é muito quente e acolhedor. Por isso, sempre que visito a cidade, as pessoas me tratam com muito carinho. Me oferecem pizza, sorvete... É muito divertido.

Pirv foi capitã da seleção romena por mais de dez anos
Pirv foi capitã da seleção romena por mais de dez anos

Início de namoro

Em 2003, quando eu estava na Itália, minha relação com o Gilberto começou. Ambos éramos [jogadores] muito fortes, e estávamos em boa fase e jogando na Itália. Casamos em dezembro. Fiquei grávida e atuei até os quatro meses de gestação da Nicoll. Depois do nascimento dela, voltei a jogar.

Tive alguns problemas de saúde em 2006, e foi quando parei. Ele (Giba) chegou a me falar: “Pare de jogar e vamos ter outro filho. Pode deixar que eu sustento a família.”

Nessa época, a Nicoll já ficava direto entre a França e a Itália, e acabei cedendo também por isso. Assim, minha carreira acabou mais cedo.

Como eu já era minha própria empresária e tinha essa experiência, passei a cuidar da carreira dele também. Em 2007, fiquei grávida do Patrick e mudamos para a Rússia, onde ficamos até 2009. Aí nunca mais voltei. Mas tive muitos convites para voltar a atuar. Como meu pensamento era e sempre foi na família, recusava. Até aí, estava tudo bem. A vibe estava boa e tudo fluiu tranquilamente.

Separação de Giba

Começou tudo em 2011, quando nos mudamos para Florianópolis. Lá, num mesmo dia, quando chegamos de uma viagem e abri o computador para usar o Skype e falar com minha mãe, vi uma conversa picante com uma menina. Quando ele chegou em casa, vi também o celular e descobri mais uma. Era uma de São Paulo e outra do Rio, que está casada com ele hoje.

Antes disso, eu não suspeitava de nada. Ele era galanteador. Beijava a mão da minha mãe e agradecia a ela por eu ter nascido, dizia que me amava, que fiz muito bem para a vida e a carreira dele. E eu fiz mesmo. Ajudei o Gilberto a se tornar o Giba como foi no vôlei.

Foi um baque muito forte quando descobri. Parecia que eu estava caindo de um avião.

Ficamos dois meses e meio separados. Ele pediu várias vezes para voltar, e tentamos com terapia de casal, psicólogo... Enfim, voltamos. Em 2012, ele recebeu uma proposta para ir para a Argentina e disse que seria melhor para todos nós. A princípio eu não queria. Era o meio do ano e as crianças mudariam de escola e de país, perdendo um ano. Mas ele insistiu que seria o melhor para a família, então aceitei.

Nesse tempo, eu ainda sentia que aquela menina, a do Rio, ainda estava na vida dele. Estava desconfiada, embora as pessoas falassem para eu esquecer disso. Enfim...

Num dia, em novembro de 2012, no nosso quarto mês na Argentina, eu estava indo buscar meus filhos na escola. Do carro, vi a tal amante, que é a que ele está hoje, andando na rua com a mulher de um jogador da equipe dele (Drean/Bolívar), que se dizia minha amiga. Fui até ela para ter certeza, e foi um encontro muito desagradável. Foram palavras não muito bonitas que a gente trocou. Mais eu do que ela.

Conversei com ele e, mais uma vez, ele disse que eu estava louca, que estava inventando, mas dessa vez eu não mudaria de ideia. Sentamos, fiz ele explicar tudo e assim começou a separação.

A romena é embaixadora do time de São José dos Pinhais
A romena é embaixadora do time de São José dos Pinhais

Volta ao Brasil

Esperei as crianças terminarem o ano na escola e voltamos para Curitiba. E, num dia de janeiro [de 2013], fui viajar com meus filhos para Camboriú. Durante a viagem, ele, um amigo e a tal menina entraram na minha casa e pegaram algumas joias, documentos e foram embora.

Como o porteiro me ligou para avisar, voltei para Curitiba. Troquei fechaduras, entrei com separação de corpos e o divórcio saiu em abril.

Em outubro, saiu a partilha e a guarda unilateral das crianças. Sobre a guarda, ele nem questionou.

Do fundo do meu coração, é uma pena que não descobri antes que ele não era feliz comigo. Todo mundo tem o direito de ser feliz. Se ele viesse falar comigo que não estava feliz, teríamos resolvidos mais rápido. Eu só não queria ser feita de idiota, e ele nunca se queixou que estava alguma coisa errada dentro do casamento. Mas durmo tranquila.

Se soubesse disso tudo antes, com certeza voltaria atrás e daria mais atenção. Disso não tenho dúvida.

Lições da separação

Recomendo a todas as mulheres pensarem mais nelas. É difícil expor tudo isso. Acredito que tenho uma missão agora. Eu preciso ter voz e vou lutar pelos meus direitos e meus filhos. Eu mato e morro por eles.

Bem depois disso tudo, já no ano passado, o juiz percebeu a situação como estava e ofereceu um círculo restaurativo. Eu, o Gilberto, ele (o juiz) e uma psicóloga sentados numa mesa redonda, para termos um diálogo e a relação depois do divórcio ficar mais saudável.

Ambos aceitamos e fizemos uma vez. Depois disso, ele nunca mais apareceu. Remarcava, remarcava e mesmo assim não aparecia.

Teve um dia que a psicóloga me disse que a agenda dele estava complicada, e teríamos de remarcar. É chato que apenas ele definisse as datas sem pensar no outro lado. Mas, como isso seria melhor para os meus filhos, aceitei.

Quando chegou a data, ele me ligou dizendo que ia ter de faltar por alguns compromissos. Então, fui sozinha. Assim que cheguei lá, a psicóloga estava toda empolgada que ia acontecer de novo o círculo. Então a avisei que ele não viria. Ela ficou chocada.

Volta ao vôlei

Em outubro de 2015, tive um convite para me candidatar à presidência da Federação Romena de Vôlei. A primeira coisa que fiz foi falar com o Gilberto, numa padaria em Curitiba, para dizer que queria me mudar com nossos filhos. Ele disse que pensaria.

Precisava de uma resposta rápida. Ao longo dos dias, ele seguia me respondendo que ia pensar. Até que entrei na Justiça, e a juíza deu a liminar. Mas não liberou a viagem e saiu de férias.

Tive de esperá-la. Quando ela voltou, não autorizou a viagem. Chorei por duas semanas depois disso. Estava com mais de 40 anos, desempregada, com dois filhos e num país que não era o meu. Precisava trabalhar.

O lado bom disso tudo foi que o presidente eleito para a federação me deu o título de embaixadora do vôlei romeno.

Foi no final de 2016 que consegui voltar ao esporte. Recebi um novo convite. Dessa vez, da federação paranaense para fazer um time em Cascavel, que depois se mudou para capital e mudou de nome duas vezes — para Curitibano e depois Curitiba.

Na primeira temporada, jogamos a Superliga B e chegamos à final, mas perdemos e não subimos para a Superliga porque só tinha uma vaga.

Em agosto [de 2017], tivemos mais uma oportunidade para subir pela Liga Ouro. Mas, neste período, tive de me ausentar por cinco dias.

No meio da viagem, recebi uma ligação dizendo que o Giba tinha se proposto a entrar no time e ajudar. Ele tinha até conversado e se apresentado para o elenco.

Fiquei muito chateada. Qualquer uma das opções seria horrível para mim: ficar e trabalhar com ele ou ter de sair daquele projeto que havia começado. Optei por sair.

Depois que saí do Curitiba, no ano passado, o vice-prefeito e o secretário de esportes do São José dos Pinhais me chamaram para ser embaixadora e trabalhar com o time de lá. É onde estou agora. Também tenho uma história. Nunca dependi de ninguém e quero seguir a minha vida.

Tenho novos amigos, faço meditação, estou em paz... Durmo com a consciência tranquila.

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