Maior medalhista, Phelps tem 116 vezes menos ouro que Nuzman
Presidente do COB e do Comitê Rio 2016 foi preso acusado de corrupção
Olimpíadas|André Avelar, do R7
Ao longo da sua carreira de maior atleta da história dos Jogos Olímpicos, Michael Phelps conquistou 23 medalhas de ouro. O número antes inimaginável tornou-se ínfimo, nesta quinta-feira (5), depois de revelados, pelo Ministério Público Federal, os 16 quilos de barras de ouro que Carlos Arthur Nuzman mantinha na Suíça.
Se levada em conta a quantidade exata de ouro em cada medalha, o nadador norte-americano tem 116 vezes menos ouro que o presidente do COB (Comitê Olímpico do Brasil) e do Comitê Rio 2016.
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Nuzman foi preso provisoriamente no Rio, acusado de intermediar a compra de votos de membros do COI para eleição da Cidade Maravilhosa como sede das Olimpíadas. Além do dirigente, Leonardo Gryner, ex-diretor de operações, também foi preso por determinação do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal. A Unfair Play Segundo Tempo é um desdobramento da Lava-Jato.
As últimas medalhas de ouro olímpicas, por determinação do COI (Comitê Olímpico Internacional), continham 6 gramas do metal nobre independentemente do seu peso total.
As medalhas da Rio 2016 foram as mais pesadas das Olimpíadas com 500 gramas — 100 gramas a mais que Londres 2012 justamente pela imponência que se queria criar no evento. Pequim 2008 e Atenas 2004 foram mais modestas na celebração e confeccionaram peças de 150 e 135 gramas respectivamente.
Dono de 23 ouros olímpicos (cinco no Rio, quatro em Londres, oito em Pequim e seis em Atenas), Phelps tem aproximadamente 1,185 kg no total, mas em ouro mesmo são ‘apenas’ 138 gramas. Em entrevista coletiva, o MPF revelou que Nuzman tentou regularizar junto à Receita Federal os 16 quilos de ouro que estariam guardados em um cofre fora do País. O dirigente, que está há 22 anos no COB tentou fazer a retificação do imposto de renda logo após a primeira fase da Unfair Play.
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O pedido de prisão apresentado pelo MPF também aponta para um aumento de patrimônio de Nuzman de mais de 457% entre os anos de 2006 e 2016, auge da carreira de Phelps.
"Enquanto os atletas corriam e lutavam em busca de medalhas de ouro, nossos dirigentes olímpicos ocultavam patrimônio em barras de ouro em contas na Suíça", criticou a procuradora Fabiana Schneider.
Nuzman ficará detido por cinco dias na Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na zona norte do Rio. O pedido pode ter o prazo estendido por mais cinco ou transformado em prisão preventiva.
As barras, ou lingotes de ouro, podem ter diversos tamanhos e são utilizadas em geral por investidores considerados conservadores. Um quilo do brilho que não se apaga estaria valendo aproximadamente R$ 128 mil. As barras de ouro que Nuzman tentou retificar na Receita Federal são de um quilo cada, o que daria mais de R$ 2 milhões. Na primeira fase da operação, o dirigente também teve apreendido em sua mansão R$ 480 mil em dinheiro vivo, em cinco espécies diferentes.
Além dos 23 ouros, Phelps ainda soma três medalhas de prata (duas em Londres e uma no Rio) e duas de bronze (em Atenas 2004). O nadador norte-americano sempre levantou suspeitas por doping, mas nunca teve nada comprovado. Em 2014, foi condenado a um ano de prisão por dirigir embriagado, mas escapou da cadeia.