Chefe do rúgbi no país quer seleção forte pelo sonho da Copa do Mundo
Agustin Danza, dono da bola oval no país, trabalha para criar base sólida de fãs e jogadores. Partida contra All Blacks Maori é no sábado (10), no Morumbi
Olimpíadas|André Avelar, do R7
“Rúgbi? Conheço. É igual ao futebol americano”, diriam alguns mais desavisados. Quase. Apesar do crescimento nos últimos anos, ainda não é todo mundo que entende o esporte que também tem extremo contato físico e utiliza uma bola oval. No que depender de Agustin Danza, CEO da Confederação Brasileira, o rúgbi terá uma base sólida de fãs e jogadores rumo ao sonho de disputar pela primeira vez uma Copa do Mundo.
Mais um passo para o crescimento do esporte acontece no sábado (10), a partir das 19 horas (de Brasília), no estádio do Morumbi. A seleção brasileira enfrenta os All Blacks Maori, um conhecido selecionado da Nova Zelândia, um dos países mais tradicionais no esporte.
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Danza explica que o objetivo do rúgbi verde-amarelo não é exatamente se tornar o segundo esporte do país — posição que já se alternou entre automobilismo, basquete, vôlei, lutas etc. Os atuais campeões sul-americanos querem fortalecer os clubes e conquistar resultados ainda mais importantes com a seleção nacional. O investimento passa inclusive pela capacitação de auxiliares-técnicos.
Veja a seguir os melhores pontos da entrevista ao R7:
R7 - Como está o rúgbi brasileiro na sua visão?
Agustin Danza - Ainda é um esporte novo. Estamos começando a demonstrar que existe um potencial para ser um esporte relevante no Brasil. Claro que ainda precisamos trazer mais resultados para conseguirmos consolidá-lo. Nos últimos quatro anos, conseguimos formar uma seleção competitiva, campeã sul-americana agora, que teve vitórias que ninguém imaginava antes e que por isso os Maori estão vindo para o Brasil.
R7 - Quais são os resultados esperados?
AD - Existe um círculo virtuoso que temos que ser bem sucedido em todos os componentes. É importante ter resultado nas seleções porque é o chamariz. Se tem resultado, começa a ser mais atrativo. Mas, junto com isso, temos que ter bom resultado na imprensa, no impacto com as redes sociais e com os patrocinadores. Isso tem nos permite atrair mais rendimento e assim investir nos clubes e competições nacionais.
R7 - Existiu um momento de dificuldade financeira no rúgbi?
AD - Pós-Rio 2016, conseguimos renovar todos os nossos patrocínio e ainda somamos outros mesmo em meio à crise. Claro que tivemos alguns atrasos, algum impacto financeiro, mas neste ano começamos a superar. Neste ano, no primeiro semestre conseguimos apresentar um superávit de quase R$ 1,5 milhão, nosso maior superávit na história da confederação.
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R7 - O rúgbi pensa em ocupar o espaço de segundo esporte do brasileiro?
AD - Não... Ou melhor, sonhar não custa nada. Concordo que a posição de número dois tem mudado, mas não é o nosso objetivo. Queremos ter uma base de praticante relevante e estável, que comece a praticar desde jovem.
R7 - Qual a experiência que você traz dos países vizinhos?
AD - Quando a Argentina foi terceira do mundo em 2007, tinha 40 mil jogadores cadastrados. Hoje, temos cadastrados 18 mil, mas mais de 60 mil pessoas jogando. O Uruguai tem 10 mil jogadores e participa das Copas do Mundo. Isso é algo que ainda estamos buscando. Já temos números relevantes. O nosso desafio é fazer com que nossos jogadores hoje comecem a jogar não aos 17, 18 anos, mas aos 9, 10, 11 anos e de uma forma consistente. Que o rúgbi seja parte da vida desde jovem. Ser o número dois vai ser consequência, mas não é o objetivo que corremos atrás.
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R7 - A base do rúgbi ainda é de universitários?
AD - Mudou. Era no passado. Há uma participação grandes das universidades, mas o que elas produzem são fãs. O menino e a menina que começam a jogar rúgbi na universidade é pouco provável que joguem em clube porque o nível no clube já é mais avançado. Mas essa pessoa se torna interessada no esporte e quem um dia vai colocar seu filho em um time mais jovem. Hoje diria que a maioria dos jogadores começa a jogar com 15 ou 16 anos.
R7 - Em outros anos, diferentes esportes optaram por estrangeiros. O rúgbi conta também com esse movimento?
AD - Com não temos uma liga profissional, não temos jogadores vindo de fora para os clubes. Existem alguns argentinos, uruguaios, mas poucos. Temos repatriados muitos jogadores que estavam no exterior.
R7 - Qual foi o grande chamariz para repatriar os jogadores?
AD - Quando criamos o sistema de alto-rendimento, a seleção passou a ter mais resultado e os clubes começaram a ter jogos regulamente, conseguimos oferecer algo atrativo aqui. Trouxemos vários treinadores do exterior porque o conhecimento de um profissional desses em nível de seleção é muito maior. Trouxemos treinadores de fora, mas com assistentes todos brasileiros para que a próxima leva de treinadores já seja brasileira.
R7 - Qual a importância de jogar em um grande palco como o Morumbi?
AD - É importante para nós valorizar o jogo. O Pacaembu era nossa casa, fizemos muitos jogos lá, mas ele ainda tem uma estrutura antiga. Esse jogo precisava de uma infraestrutura mais moderna. E o Morumbi também entendeu na hora o potencial do evento e também abraçou a causa.
R7 - É exagero de dizer que é uma vitória para o Brasil trazer os All Blacks Maori para o país?
AD - A vitória já é que eles tenham aceitado vir aqui jogar contra o Brasil. Faz um ano que os convidei. Antes, ligava e eles davam risada. O fato deles terem aceitado é um sinal de que eles começam a ver o Brasil com outros olhos no mundo do rúgbi. Isso nos deixa muito felizes.
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