Barco só de mulheres tenta dar a volta ao mundo com ajuda de brasileiro
Campeão em 2009, Joca Signorini quer fazer história com mulheres na Volvo Ocean Race
Olimpíadas|Carolina Canossa, do R7

São quase dez meses de disputa, navegando pelos cinco continentes. Mais antiga regata de volta ao mundo, a Volvo Ocean Race é um desafio e tanto para a capacidade física e mental de um atleta. Imagine então, para uma mulher. Pois é para provar que, sim, elas também podem que uma equipe 100% feminina, o Team SCA, vai entrar na 12ª edição da disputa, cujo início está programado para outubro deste ano.
Para que a empreitada dê certo, um brasileiro terá papel fundamental. Campeão da Volvo há seis anos ao lado do compatriota Torben Grael, Joca Signorini é um dos três técnicos do time, que terá 11 tripulantes, três a mais do que os rivais que contam apenas com homens e dois além de uma equipe mista (a diferença é permitida para que os barcos se equivalham, já que mulheres costumam pesar menos). Atualmente, ele tem se dedicado ao treinamento das velejadoras na Suécia:
— Nosso maior desafio e objetivo é tentar recuperar toda a experiência que foi perdida desde que a última equipe 100% feminina participou da Volvo, em 2001/2002. Na maioria dos times formados por homens, grande parte da tripulação estará participando da regata pelo menos pela terceira vez consecutiva. A principal diferença é a experiência. Nosso objetivo é aprender e se desenvolver tecnicamente ao máximo a cada dia.
Uma das maiores preocupações do Team SCA é com a exigência da força física, menor em mulheres. Para ter uma tripulação altamente gabaritada, Joca e os outros técnicos, Aksel Magdahl e Brad Jackson, fizeram uma seleção que contou com mais de 400 candidatas, chegando-se a um grupo que tem atletas da Grã-Bretanha, Austrália, Suíça, Estados Unidos e Holanda:
— Recebemos aplicações do mundo inteiro, inclusive de velejadoras brasileiras, mas infelizmente no caso delas não foi possível enquadrar no perfil que necessitávamos
Como durante as etapas nenhum barco pode contar com auxílio externo, o trabalho dos treinadores será intenso até a largada. Entre as etapas, eles realização reuniões com a tripulação para discutir melhorias. Por enquanto, porém, evitam falar em resultados:
— Sabemos nossas limitações e nossa meta no momento é estar preparado da melhor maneira possível para a largada em outubro. A regata é muita longa e não estamos focando nenhum resultado específico no momento.
Apesar de não querer falar em resultados, Joca só fica descrente mesmo quando o assunto é a Baía da Guanabara. Sede da vela nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016, o local sofre com a poluição, problema que já foi alvo de críticas de vários atletas:
— Eu tenho 37 anos de idade e, quando tinha oito, já estava participando de regatas lá. Nunca vi a poluição na Baía melhorar nestes anos, muito pelo contrário. Infelizmente, acho que a despoluição da Guanabara nunca esteve na prioridade de nenhum projeto do governo. Estamos em 2014 e não acredito que será possível fazer muita coisa até 2016…
Última equipe totalmente feminina a participar da Volvo, a Amer Sports Too ficou com o último lugar na edição2001/2002 da competição. A possibilidade de um melhor resultado para o Team SCA começa em 4 de outubro, com uma regata local em Alicante (Espanha) e termina no dia 27 de junho de 2015, em Gotemburgo (Suécia). Neste período, a regata passará por outros oito países, inclusive o Brasil, que receberá os seis barcos da disputa em Itajaí-SC, em abril do ano que vem.