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BRASILEIRO 2022

Treinador da academia líder de atletas no UFC revela maior deficiência do MMA brasileiro

Ricardo Libório mora nos EUA desde 2001, onde comanda os treinos da ATT

Mais Esportes|Diego Ribas, do R7

Liborio (de vermelho) é rosto quase certo nos eventos do UFC
Liborio (de vermelho) é rosto quase certo nos eventos do UFC

Os lutadores brasileiros inventaram o MMA e, por anos, dominaram o esporte. Tanto que, em uma época não muito distante, as equipes nacionais Chute Boxe e Brazilian Top Team disputavam cabeça a cabeça o posto de maior academia do mundo e reinavam soberanas no Pride, então maior torneio de lutas do mundo.

Mas de lá para cá muita coisa mudou e os dois times em questão perderam força e representantes de expressão, processo que acompanhou a perda gradativa de cinturões do Brasil nas artes marciais mistas nos últimos anos.

Conhecedor como poucos do esporte que ajudou a construir, Ricardo Liborio, faixa preta de jiu-jitsu de Carlson Gracie e um dos criados de BTT, mora há 13 anos nos EUA onde lidera a academia America Top Team, recordista em número de atletas no UFC.

Em conversa com a reportagem do R7 em sua última passagem pelo Brasil, Libório revelou o que acredita ser o ponto fraco deste esporte no Brasil, como solucionar o problema e qual sua expectativa para, finalmente, conquistar um cinturão do UFC para a ATT.


R7 – Liborio, há quantos anos você está à frente da ATT e qual a sua avaliação sobre a equipe?

Liborio – Eu cheguei na América em 2001, já vai fazer 13 anos. Começamos pequenos, numa academia minúscula com 36 alunos. Vim a convite para passar seis meses, mas percebi que era uma grande oportunidade e decidi vender minha parte da BTT e ficar de vez. Sou sócio da ATT desde então.


R7 – Embora a equipe seja bem grande atualmente, ela nunca conquistou um título do UFC. O que falta para isso?

Liborio – É uma questão de acertar mesmo a mão. Existem campeões que vem de equipes pequenas. Nós somos as que mais te4m atletas no UFC, são mais de 20, fora os que competem no Bellator, onde temos três campeões. A ATT se tornou uma monstruosidade. As vezes é até uma questão de sorte, de chegar o momento certo. Tem que ter tempo e trabalho, não desistir. Treinar certo, não machucar, principalmente perto da luta, e aprender sempre.


R7 – O Glover pode se tornar o primeiro campeão do time...

Liborio - Tomara que ele seja. É um cara maravilhoso, que merece muito. Na minha idade, me dei ao luxo de botar a capacidade pessoal do lutador, o quanto elas podem ajudar e influenciar, em primeiro lugar. E o Glover é um deles. Fico satisfeito, ele é muito positivo. O Glover tem capacidade e caráter, e eu admiro isso. Tecnicamente, nem se fala. Ele é um faixa preta de jiu-jitsu, tem um wrestling muito bom, bate forte e treina em alto nível com qualquer um.

R7 – Você concorda que o Brasil pode ficar para trás no MMA nos próximos anos?

Liborio – Olha, a cultura do wrestling no Brasil ainda é primitiva. Temos jiu-jitsu e striking em alto nível. Mas o wrestling está começando agora. Tem um trabalho muito bem feito pelo Gama Filho e pelo Beto Leitão, mas não é o suficiente para o País. Até temos o projeto de ajudar e levar pessoas para treinar lá com a gente.

R7 – Como fazer, para solucionar isso?

Liborio - Acho que tem muita cosa que pode ser feita. O Brasil esta a frente em tanta coisa, principalmente no jiu-jitsu, além da cultura do MMA que surgiu no País. O negocio é fazer intercâmbio e criar raízes, fazer mais campeonatos... O MMA hoje é diferente de cinco anos atrás, e daqui dez anos vai ser ainda mais. A quantidade de atletas sempre vai ser grande no Brasil, acho que o ideal é fazer mais intercâmbio, e eu estou aqui para ajudar, sempre de portas abertas.

R7 – Por falar nisso, a ATT chama a atenção por ter atletas de vários países.

Liborio – Sim, contamos com lutadores de 37 países que já passaram pela ATT. É muita gente de alto nível. Temos uma relação muito boa com a prefeita da cidade. Com o nosso trabalho bem feito, ajudamos muito a divulgar a cidade, que é bem pequena e desconhecida aqui no estado da Florida. Então, nós somos os notáveis da cidade. A economia do local mudou muito por causa disso, e eles reconhecem.

R7 – Você foi um dos fundadores da BTT e hoje é sócio da ATT. Como você explica a diferença no cenário do MMA entre elas hoje em dia?

Liborio - Estar nos EUA nos ajuda, com certeza. A situação econômica é diferente. Quando comecei os estudos sobre como fazer a ATT ser bem sucedida, fiz atá curso de pedagogia nos EUA. Foram dez anos de estudo e pesquisa. Investimos muito no trabalho com crianças e em marketing. Não tem mistério, tem que trabalhar a estrutura de aula. Hoje, temos muitas pessoas trabalhando e vivendo em função da ATT, foram criadas varias famílias em torno do time. A grande diferença no trabalho é que o nosso business não é o atleta profissional. Temos 450 alunos, além de 100 crianças nas creches. Isso faz a nossa diferença.

R7 – Você vê diferença de trabalho com alguma nacionalidade de atleta?

Liborio - A questão gira em torno da qualidade do profissional e da personalidade individual de cada um deles. Admiro os brasileiros que estão conseguindo se sobressair, pois não é fácil. Nos EUA você tem muito mais opções, oportunidades e patrocínios. Brasileiro é guerreiro, está sempre na busca. Quando o cara é campeão, fica fácil, mas o difícil é trabalhar a base. Não é uma questão de país, mas de personalidade. Eu, por exemplo, não trabalho com campeão se ele for mau caráter. Essa não é a filosofia da ATT.

R7 – Você trabalhou com o Thiago Silva por anos na ATT. Como você viu a prisão dele?

Liborio - Ele sempre teve problemas psicológicos. Mas quando não tem nada de bom para falar de alguém, prefiro não comentar [risos]. Na verdade, ele vacilou e está sofrendo as consequências. Tomara que ele saia bem dessa e aprenda.

R7 – Para terminar, alguns lutadores da sua época do jiu-jitsu estão participando de competições de veteranos. Você pretende realizar algum combate?

Liborio – Sem dúvida, é uma ideia que me agrada. Mas eu tenho que ficar saudável antes de tudo. Tenho sete hérnias de disco. Estou tentando melhorar e fazer tratamentos, porque isso vai mudar muito minha vida. Preciso tirar o stress. Toda vez que eu treinava, três dias depois eu não conseguia andar direito.

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