Próximo de sua 60ª luta, Flávio Álvaro descarta ida ao UFC e promete aposentar rival: “Vou arrancar sangue”
Aos 36 anos, lutador subiu de categoria para encarar o desafeto Udi Lima no SFT 2, em São Paulo
Mais Esportes|Diego Ribas, do R7

O aumento do número de eventos do UFC em solo nacional proporcionou a contratação de diversos atletas brasileiros que, ao comporem os cards das edições do torneio no País, tentam agarrar a oportunidade para permanecerem no plantel de atletas do maior show de MMA do mundo.
Mas, na contramão deste processo, alguns lutadores renomados no circuito nacional deste esporte acabaram ficando de fora do holofotes, como é o caso de Flávio ‘Legendário’ Álvaro que, aos 36 anos e com 45 vitórias como profissional, não foi mencionado entre os possíveis novos reforços do UFC.
Com duelo marcado contra o rival Udi Lima no próximo dia 29 de novembro, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo, pela segunda edição do SFT, o peso-pena (66 kg) revelou à reportagem do R7 que não pensa mais em competir no octógono.
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— Eu não sei exatamente o que faltou, mas eu fiz tudo o que eu podia. Meu cartel é extenso e conta com muitas vitórias sobre gente de nome, gente que já passou pelo UFC ou que ainda está lá. Acho que foi azar da minha parte, mas não me preocupo com isso. UFC virou frustração, nem tenho mais o sonho de lutar lá. Azar o deles, quero me divertir lutando.
E, para se divertir fazendo o que gosta, nada melhor do que carregar para dentro do ringue um desejo pessoal de vencer o oponente, mais do que a simples busca pela vitória. Por isso, em sua lógica própria, Flávio explica que, ao assinar um contrato para lutar, seu oponente vira um inimigo.
— Todos que lutam comigo são inimigos. Quem aceita lutar comigo quer acabar com a minha alegria e com a alegria dos meus amigos e dos que gostam de mim. Mas, quando a luta termina, a rivalidade acaba. No caso do Udi Lima é diferente. Vou espancar no SFT e, se ele quiser, espanco de novo e de novo. Quero machucar. Nem lembro como a rivalidade começou, mas vai terminar com ele sangrando, zuado e aposentado.
Com 55 lutas profissionais no currículo, o paulista, que já lutou em cinco categorias de peso ao longo dos últimos oito anos, costuma competir entre os penas, cujo limite é de 66 kg. Para o desafio no SFT, no entanto, tanto ele quanto seu oponente terão que pesar, no máximo, 70 lg no dia pesagem, marcada para 28 de novembro.
— Quando a gente vai brigar, não tem essa de peso. Você briga, independentemente do tamanho do cara. Eu luto até 66 kg, mas como tem esse desafio com esse cara, vou de 70 kg mesmo, onde sou muito mais forte do que esse franguinho.
Nascido e criado em Taboão da Serra, o lutador traçou sua vida no esporte uma forma de fugir de uma realidade comum a muitos brasileiros. De origem humilde, Flávio cometeu crimes e chegou a ser preso, momento crucial para que ele repensasse seu estilo de vida.
Ao sair da cadeia, o veterano do MMA contou com o apoio da falecida “mãezinha”, que ao matriculá-lo em uma academia de musculação com o intuito de colocá-lo no mundo dos esportes não sabia que no tatame daquele mesmo estabelecimento as artes marciais mudariam por completo o rumo da família.
— Fui muito pobre mesmo. Dividia parede do nosso barraco com traficante na favela. Depois de um tempo, me perdi no mundo do crime: roubei, fui preso e fiz coisas erradas. Assim que saí, minha mãe me colocou na academia, onde encontrei mestre Marcelo e comecei a treinar. Ali veio a minha salvação.
Lutando, em média, sete vezes por ano “para colocar comida em casa”, Flávio vive exclusivamente das artes marciais. Professor e lutador profissional com patrocínios, o paulista escreveu um capítulo importante da história do esporte nacional ao lado de nomes como Luis ‘Sapo’ e Wellington ‘Negão’ que, embora ainda não tenham pisado no octógono do UFC, deixam o esporte nacional mais forte a cada apresentação.